O home office veio para ficar?

A maioria das multinacionais que atuam no Brasil apostam no home office para o pós pandemia, no entanto, a aplicabilidade pode ser diferente nas regiões do país

O home office aumentou significativamente no Brasil durante pandemia. De acordo com dados do IBGE da 1ª quinzena de agosto de 2020, 32,3% das empresas adotaram o trabalho domiciliar (teletrabalho, trabalho remoto e trabalho à distância).

Várias empresas anunciaram que vão manter o trabalho remoto mesmo depois da pandemia. De acordo com pesquisa da consultoria Cushman & Wakefield, 74% das multinacionais que atuam no Brasil projetam adoção do home office no pós-pandemia.

De acordo com a consultoria, obtida pela Exame, a pesquisa foi realizada com 122 executivos de multinacionais que atuam no país. Como resultado, para 25,4% das pessoas entrevistadas, a experiência do trabalho remoto é totalmente positiva e, para 59%, há mais pontos positivos do que negativos.

Todavia, antes do isolamento social, 42,6% das empresas brasileiras nunca tinham adotado a prática. Além disso, cerca de 24% das companhias apenas consideravam o home office como uma possibilidade apenas em análise, nada concreto.

O que se projeta agora é um cenário definitivo de ao menos 30% na adoção do home office no País, em relação ao quadro pré-pandemia, segundo o professor André Miceli, coordenador do MBA em Marketing e Inteligência de Negócios Digitais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

“Muitas empresas não testavam o home office ou, se testavam, ficavam com a sensação de que não funcionava. Mas é um modelo que foi posto à prova de uma forma que não havia sido antes”

– André Miceli para o Estadão.

No entanto, a proporção do teletrabalho nas regiões do Brasil não é igual. O Sudeste apresenta o maior índice atualmente, com 41,2% de adoção do home office, seguido pelo Nordeste (29,5%), Centro-Oeste (23,%), Sul (20,5%) e Norte (19,6%).

Mesmo assim, a mudança na modalidade de trabalho e consequente redução de pessoas circulando nas cidades não influenciará muito no trânsito e na mobilidade urbana. Isso se deve à correlação com a possibilidade de home office e a renda per capita dos estados brasileiros. 

De acordo com estudo publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), economias de baixa renda apresentam parcela menor de trabalhos que podem ser realizados remotamente. Apenas 22,7% dos empregos no Brasil podem ser realizados inteiramente em casa.

No entanto, há variações significativas entre as diferentes Unidades da Federação (UFs) e os tipos de atividades ocupacionais. O Distrito Federal, por exemplo, apresenta o maior percentual de potencial para home office (31,6%), enquanto o Piauí apresenta o menor percentual (15,6%).

No que diz respeito as atividades ocupacionais, profissionais das ciências e intelectuais apresentam o maior potencial de teletrabalho (65%), seguido por Diretores e Gerentes (61%). Já para as funções como agropecuária, florestais, operação de instalações, máquinas e montadores, membros das Forças Armadas, policiais, bombeiros militares e outros, não apresentam potencial de aplicabilidade.

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