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O guia dos cartões bancários EMV no transporte público: custos, benefícios, limites e alternativas

Lançados como novidades, cartões bancários EMV no transporte público aumentam a complexa composição tarifária de sistemas de transporte

O padrão de segurança EMV é comum a todos os cartões de crédito e débito no mercado. Esse padrão está por trás das operações por chip, tarja magnética e, mais recentemente, por aproximação (contactless).

A tecnologia foi criada por três bandeiras (Europay, Mastercad e Visa) e hoje experimenta ingressar no transporte público, aproveitando-se da rapidez com que cartões equipados com pagamentos por aproximação oferecem.

Recentemente a Prefeitura de São Paulo e a SPTrans iniciaram um piloto com aceitação de cartões de crédito e débito com tecnologia por aproximação em linhas de ônibus selecionadas. Somando 200 ônibus e 14 linhas diferentes o piloto tem o objetivo de aumentar as opções de pagamento do transporte público da cidade. 

A entrada dos cartões bancários é entendida como um passo para a abertura do acesso ao sistema de transporte, principalmente para turistas e visitantes ocasionais. Até estrangeiros, com cartões internacionais, poderão se beneficiar do transporte público das cidades. 

O metrô do Rio de Janeiro já possui acesso com cartões bancários e Jundiaí, no interior de São Paulo, foi a primeira cidade do país com a rede 100% adaptada para cartões bancários no transporte.

Em contraponto, o cenário de pulverização do mercado de pagamentos sinaliza que o transporte público ainda deve priorizar sua forma própria de pagamento e explorar as possibilidades econômicas desse serviço. 

Para entendermos a fundo precisamos nos debruçar sobre o sistema de pagamentos brasileiros e como funciona a operação dos cartões bancários EMV no transporte público. 

O que é bandeira, banco e adquirente? 

Os arranjos de pagamento no Brasil funcionam há bastante tempo de forma similar. Existem as bandeiras de cartão que implementam um sistema de pagamentos, no caso do transporte público os cartões bancários EMV, incluindo suas normas de segurança. Exemplos de bandeiras são Visa, Mastercard, Elo e Hipercard. 

Os bancos são emissores dos cartões e responsáveis pelo relacionamento com o cliente. As adquirentes, facilmente reconhecidas como as “maquininhas”, garantem o pagamento no ponto de venda, processam as transações e dividem as taxas. São marcas como Cielo, Rede, GetNet, PagSeguro e Stone. 

Essas empresas trabalham em conjunto para nos oferecer opções de pagamento por cartão de crédito e débito. Entre elas se divide o MDR, a taxa por cada operação. Estima-se que lojistas pagam entre 1,5% e 5% (a depender da modalidade) por transação e fontes ouvidas pelo Agora é Simples afirmam que no segmento de transporte as taxas podem variar de 3% a 6%. 

Ou seja, a cada compra que fazemos com nosso cartão uma fatia vai para as empresas mencionadas acima, e essa fatia depende se é uma compra no crédito, no débito, da marca maquininha e até do segmento.  

Em síntese, a tarifa do transporte público ganha mais uma variável para sua composição, que se junta ao combustível, pneus, salários, veículos, seguros, etc.

Aumentos em qualquer parte desses insumos costumam elevar o preço das passagens, mas ainda há espaço para manobra, como diminuição de consumo de combustível ou troca de fornecedores.

Por outro lado, as taxas dos cartões de crédito e débito que chegam até 6% somam-se a esses fatores, mas permitem pouca negociação, já que são tarifas impostas pelas bandeiras e descontadas diretamente da passagem. 

O arranjo de pagamento por cartões bancários no transporte público se configura da seguinte forma: 

Nesse formato, a bilhetagem registra as informações de uso no transporte. As adquirentes processam o pagamento e disponibilizam a relação de transações às concessionárias para registro de contas. As adquirentes também informam às bandeiras sobre cada transação. 

Sendo assim o transporte público passa a se relacionar com diferentes agentes, nova condições financeiras e novos prazos (como o recebimento depois de 30 dias para compras no crédito).

Mas a principal mudança é a transferência do relacionamento cliente-transporte para cliente-banco. 

Clientes e bancos: um relacionamento forçado 

No modelo atual empresas de transporte têm informações sobre seus clientes, seus hábitos de uso, personas e, embora comunicações e marketing ainda sejam incipientes em muitas cidades, essas possibilidades existem a partir do cadastro para emissão de bilhetes próprios.

Entretanto, diferentemente do cartão de transporte emitido pelas concessionárias, os cartões bancários são emitidos por bancos e instituições de pagamento e todo o relacionamento do consumidor é com esse emissor. 

Ou seja, assim como não é necessário fazer recargas, problemas como furto, perda ou danificação de cartões são de responsabilidade do banco. A emissão de um novo cartão também está atrelada aos bancos, que por vezes é até mais demorada que a emissão de um bilhete de transporte. 

Tudo isso nos permite evidenciar que os clientes do transporte público passam a ser clientes das instituições financeiras e dessa forma concessionárias do transporte coletivo perdem autonomia no relacionamento com seus clientes. 

Ao investir indiscriminadamente em um novo método de pagamento, de uma só vez o transporte público ganha novos agentes na sua complicada cadeia de pagamentos e perde o controle sobre o que sabe de seus clientes, como se comunica e o que comunica com eles. Ainda por cima paga comissões a cada transação feitas nesse novo meio. 

No século XXI isso representa perda de dinheiro e oportunidades, além de um risco à sustentabilidade financeira de concessionárias de transporte. 

Cartões bancários em meio à desbancarização 

Os cartões bancários são eficientes para aumentar a gama de acesso ao transporte coletivo, mas não representam de fato inovação no transporte, uma vez que continua a ser um cartão por aproximação, assim como o Bilhete Único, o RioCard, etc. já são.

Criado há anos o padrão EMV não foi pensado exclusivamente para os problemas do transporte público e, em resumo, é mais uma forma de bandeiras de cartão se manterem relevantes em um novo cenário de pagamentos do que uma solução real para os pagamentos na mobilidade urbana.

Um exemplo disso é a alta taxa de desbancarização no país. Estima-se que 1 em cada 3 brasileiros não possui conta em banco ou não movimenta há mais de 6 meses, o que é um impeditivo para os cartões bancários atuarem na universalização dos pagamentos eletrônicos. 

Pensando nessa questão é muito mais interesse em termos estratégicos novas soluções que sejam realmente inovadoras e aproveitem a recorrência de uso do transporte público para ofertar outros serviços aos clientes. E o mais importante: de maneira independente de grandes players de pagamento que oneram essas operações.

Ademais, a legislação brasileira prevê que pagamentos à vista podem ter desconto. Isso dá espaço para cidades que já implementaram ou pretendem implementar cartões bancários no transporte diferenciar o preço da passagem pago por cartão de banco, dinheiro e pelo cartão tradicional. 

O repasse da taxa MDR ao consumidor final é uma opção viável para manter os cartões tradicionais competitivos em relação ao cartões bancários e as contas das concessionárias de transporte em dia. 

Cartões bancários EMV: faz sentido essa inovação no transporte público?

Quando falamos em inovação estamos abordando soluções – tecnológicas ou não – que mudem a forma como fazemos as coisas. É difícil imaginar o mundo antes de determinada inovação, pois a solução era exatamente o que o mercado, as pessoas e a sociedade precisavam. 

Hoje, como podemos imaginar o contato com amigos distantes se não por redes sociais? Imaginar uma saída à noite com amigos sem a volta de Uber ou, ainda, a pizza de sábado à noite sem um pedido online pelo iFood ou Rappi?

Essas soluções mudaram a forma como nos relacionamos com restaurantes, carros, amigos e conhecidos. 

Cartões bancários no transporte, por sua vez, continuam a ser cartões de pagamento por aproximação e a única diferença aos cartões de transporte é o envolvimento de bandeiras, adquirentes e bancos.

Pensando numa bilhetagem digital, por exemplo, os cartões EMV são um complemento aos diversos meios de pagamento possíveis no transporte público, não a única solução.

O acesso ao transporte público pode ser feito de diversas formas, seja um cartão inteligente, cartão bancário, celular ou um QRCode impresso, uma vez que a bilhetagem digital se vale do conceito de ABT (Account Based Ticketing), onde os créditos pode ser acessados de qualquer mídia. 

Dispositivo de bilhetagem digital da OnBoard Mobility. Equipamento usa bilhetagem em nuvem para oferecer integração multicanal.

Há uma oferta cada vez maior de bicicletas, patinetes, carros compartilhados, caronas e outros sistema de mobilidade alternativa. A grande maioria ainda é limitada para quem não possui cartão de crédito e nesse ponto o transporte público pode buscar o protagonismo ao ofertar uma carteira com várias opções de cash in, aproveitando seus postos físicos e terminais de autoatendimento. 

Uma carteira digital para o transporte público, própria e independente, pode aproveitar o sistema ABT e dar à população acesso a serviços de mobilidade e financeiros que não conseguem pelas instituições financeiras tradicionais. É uma outra abordagem para universalização dos pagamentos eletrônicos no transporte em relação à adoção de cartões bancários EMV. 

Aproveita-se a alta taxa de desbancarização citada anteriormente e a recorrência de uso do transporte público para oferecer produtos e serviços que reverterão em novas fontes de receitas para as concessionárias de transporte. 

De uma só vez, o transporte público contribui para a inclusão financeira e gera novas fontes de receita com taxas por transações em comércio, mobilidade ou operações de crédito. 

O Brasil está vivendo um momento de desintermediação bancária, diversos mercados, em especial o varejo, estão aproveitando as nova resoluções do Banco Central para fidelizar seus clientes a partir de forma de pagamento próprias, baseadas no smartphone dos usuários. 

É notório que as pessoas querem mais praticidade ao acessar o transporte público e a solução para esse problema não precisa vir de fora, muito menos cheia de intermediários custosos.

A base de clientes do transporte público está em franca disputa por novos atores no ramo. Esse momento, porém, é a chance de protagonismo do transporte público com investimento em inovação na forma como seus clientes pagam. 

O que são sistemas de bilhetagem eletrônica e como evoluir para a Bilhetagem Digital

Você sabe diferenciar a bilhetagem eletrônica da digital? Nesse texto você saberá os benefícios de cada uma e como a nova era digital pode contribuir para que o transporte público saia da crise atual

Bilhetagem eletrônica ao lado da bilhetagem digital

Muita gente pesquisa sobre bilhetagem eletrônica buscando entender mais sobre o conceito, a implantação e as tecnologias envolvidas.

O que muita gente não sabe é a história do ramo no país, além das inovações que estão sendo criadas nesse momento e que visam diminuir os principais atritos em relação a prestação de serviços de bilhetagem eletrônica no transporte público.

Nesse texto você verá:

  1. O que é a bilhetagem eletrônica?
  2. Principais benefícios da bilhetagem eletrônica
  3. Prejuízos no Bilhete Único
  4. A simples troca de cartões não é a solução definitiva
  5. Bilhetagem Digital: o novo paradigma
  6. Por que mudar a tecnologia de bilhetagem embarcada em ônibus?
  7. A Bilhetagem Digital da ONBOARD

Saiba o que é bilhetagem eletrônica no transporte público e conheça a implantação da nova Bilhetagem Digital:

Comemorando 15 anos em 2019, o Bilhete Único de São Paulo é o maior sistema de bilhetagem eletrônica do país. Primeiramente adotada nos ônibus em 2004 e com adesão no Metrô e CPTM em 2006. O sistema de bilhetagem eletrônica, por meio do Bilhete Único, permitiu:

  • Antecipar o fluxo de caixa das empresas de transporte;
  • Reduzir custos com emissão dos antigos bilhetes de papel e tarja magnética;
  • Diminuir o dinheiro embarcado e, consequentemente, aumentar a segurança;
  • Oferecer condições comerciais mais atrativas aos passageiros a partir de integrações tarifárias.

Todas estas novidades iam ao encontro do que era mais moderno à época para bilhetagem no mundo, a exemplo de experimentos na América do Norte e Europa. Porém, com o tempo, a tecnologia se tornou obsoleta.

Em um sistema defasado se abrem portas para fraudes. Isso acontece pois os padrões de segurança de cartões antigos e massivamente difundidos são mais fáceis de serem fraudados, sem contar nas limitações em inovação.

O que é bilhetagem eletrônica?

O sistema de bilhetagem eletrônica é composto pelos equipamentos e softwares responsáveis pelo pagamento e administração das passagens no transporte público, ou seja, o processo de emissão, venda e compra de créditos/passes para acesso aos transportes.

Bilhetagem eletrônica compreende cartões, validadores e todo o sistema necessário para seu funcionamento. No caso, os validadores são aquelas máquinas onde encostamos o cartão, além de todo sistema que compõe essa tecnologia. 

Atualmente, a maior parte das organizações do ramo apontam práticas que atrasam a renovação e a evolução tecnológica da bilhetagem brasileira e, consequentemente, do transporte público como um todo. Ainda em 2003, em relatório, a Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP) comentava sobre os sistemas de bilhetagem eletrônica e seu engessamento.

“[O]s cartões e bilhetes somente podem ser comprados dos fornecedores, onerando bastante as compras. Outra grande restrição para os sistemas é a exigência de se pré-formatar/inicializar os cartões inteligentes somente pelo fornecedor de tecnologia, prejudicando muitas vezes a logística de distribuição – compra, armazenamento e venda”.

Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP, 2003).

Isso pouco mudou e ainda hoje o relacionamento entre fornecedores de tecnologia e empresas de transporte não atinge todo seu potencial.  A dependência do transporte público em relação à poucas empresas de tecnologia atrasou o desenvolvimento de relacionamento com o consumidor e inovação que poderiam rejuvenescer e ajustar sistemas de transporte tão carentes de mudanças. 

Porém, hoje, o setor de tecnologia tem em mãos instrumentos fundamentais para a transformação da mobilidade urbana para melhor, com o objetivo final de movimentar toda a cadeia positivamente e entregar melhores serviços ao consumidor final. 

Quais os benefícios da bilhetagem eletrônica?

Em 2008, a European Metropolitan Transport Authorities já abordava as múltiplas possibilidades que a bilhetagem eletrônica poderia oferecer, tais como:

Para o poder público

  • Unificação da bilhetagem;
  • Fontes de dados para planejamento;
  • Melhor controle de receitas e subsídios;
  • Extensão do esquema tarifário para outros players, como táxis.

Para as operadoras do transporte público

  • Novos consumidores com abordagem moderna;
  • Aumentar o lucro operacional médio e reduzir a fraude;
  • Reduzir custos de manutenção;
  • Aumento de agilidade à bordo;
  • Possibilidade de adicionar novos serviços;
  • Fontes de dados para marketing e planejamento.

Para o consumidor do transporte público

  • Conveniência, velocidade e praticidade sem o dinheiro;
  • Jornadas tranquilas e práticas mesmo em modais diferentes;
  • Facilitação na aquisição de créditos;
  • Serviços adicionais, quando disponíveis.

Podemos notar que a bilhetagem eletrônica, por meio dos cartões de transporte, também chamados de smartcards adotados no Brasil, como o Bilhete Único, possibilitaram alguns desses benefícios aos envolvidos nos sistemas de transporte urbano.

Outros benefícios, porém, foram subutilizados e alguns inclusive são desafios que a bilhetagem precisa resolver no contexto atual.

Podemos citar como principais desafios o combate à fraude, o relacionamento com o consumidor e a extensão do esquema tarifário para outras plataformas, assunto especialmente importante hoje.

Prejuízos no Bilhete Único

Em 2019, CPTM e Metrô, concessionárias do transporte por trilhos em São Paulo, contrataram auditorias para averiguar a queda de arrecadação proveniente do Bilhete Único – que é administrado pela São Paulo Transporte, SPTrans – enquanto o número de passageiros aumentava.

As companhias alegaram que não havia lógica e a principal suspeita eram as fraudes ocorridas no sistema de bilhetagem gerido pela SPTrans. A CPTM afirmou ter perdido 192 milhões de reais no Bilhete Único em 2018.

A bilhetagem eletrônica foi desenvolvida para simplificar a vida de passageiros e diminuir custos do transporte público. Entretanto, pode contribui para a perda crônica de passageiros ao permitir milhões em fraude que poderiam ser revertidos em investimentos. Além disso, não permitem explorar totalmente os benefícios de pagamentos digitais na nova era.

A simples troca de cartões não é a solução definitiva

A associação do Bilhete Único ao cartão de plástico é inevitável, mas é importante fazermos a distinção entre o serviço e o meio. O Bilhete Único é o serviço possibilitado através da bilhetagem eletrônica, e o smartcard é o meio, ou seja, o cartão inteligente sem contato que viabiliza a utilização do serviço. Assim, muitas das fraudes que acontecem hoje ocorrem devido ao uso de smartcards antigos, que já tiveram inúmeros mecanismos antifraude quebrados.

Diante disso, empresas de transporte do país todo têm trocado seus cartões por versões mais modernas e de difícil falsificação. Inclusive a SPTrans fez isso de uma forma muito inteligente, reduzindo os benefícios do cartão antigo como o limite de saldo para estimular a troca pelo novo.

Entendemos, porém, que a simples troca de cartões não é a solução definitiva para a fraude. Tampouco para as outras limitações que a bilhetagem eletrônica atual cria no sistema. Para uma mudança de verdade, é necessário mudar nossa relação com as tecnologias existentes.

No Brasil, tradicionalmente, os sistemas de bilhetagem eletrônica sofrem muito com a necessidade de retrocompatibilidade com as versões anteriores. A dificuldade torna cada vez mais difícil a adequação destes sistemas legados aos novos meios de pagamento.

Esses sistemas, que não se adequaram à diversidade de meios de pagamento que foram surgindo, são grandes responsáveis pelas limitações que a bilhetagem eletrônica possui e a deformação dos benefícios propostos em seu conceito.

Bilhetagem digital, o novo paradigma

Hoje, a tecnologia de Account Based Ticketing  (ABT) começa a ser empregada no transporte público para solucionar os problemas relatados.

O termo ABT significa “Bilhetagem baseada em contas” e corresponde a uma transação sem bilhetes que permite viagens em transportes usando um token seguro, vinculado à uma conta no backoffice. O meio de acesso podem ser cartões inteligentes, smartphones, relógios, QRCodes e cartões bancários.  

Dessa forma, empresas de transporte não ficam “presas” a cartões inteligentes ultrapassados, além de poderem oferecer novos meios de pagamento à seus clientes.

A segurança se aplica a este novo cenário. Antes, os sistemas concentravam esforços e recursos para evitar que essa possibilidade acontecesse. Hoje, entende-se que que as fraudes vão acontecer e o papel da segurança é mitigar os riscos.

Através desta nova abordagem, o controle sobre os sistemas e suas falhas também se torna muito mais adaptativo e dinâmico. Aliado ainda à possibilidade de utilização de tecnologias de vanguarda como o Aprendizado de Máquina e a Inteligência Artificial.

Nos smartcards, por exemplo, toda informação fica gravada fisicamente no cartão (como ID, saldo e transações), e por isso todo o esforço gira em torno da criptografia desses cartões.

Com o advento da tecnologia ABT, a bilhetagem ganhou o reforço da tokenização. O token auxilia a diminuir os riscos por meio do acesso ao armazenamento de informação numa conta digital online.

Esse ganho em confiabilidade existe, pois um sistema ABT comporta muito mais checagens de segurança e mecanismos de diminuição de risco e detecção de fraude do que os sistemas legados atuais.

Um token representa apenas uma garantia de passagem limitada, em tempo e forma de utilização. Assim, caso fraudado, o prejuízo é baixíssimo e extremamente controlado ao sistema ou ao seu emissor.

Pensando além da segurança, a Bilhetagem Digital em ABT atende outros pontos das potencialidades que a bilhetagem eletrônica aplicada hoje não foi capaz de atender:

  • Relacionamento com o consumidor. Enquanto os cartões guardam dados básicos de uso e informações cadastrais, um Bilhete Digital pode ser veiculado por aplicativo ou redes sociais que, por sua vez, contém ferramentas de comunicação como notificações que permitem acesso direto ao cliente, implementação de estratégias de retenção e branding.
  • Extensão do esquema tarifário para outras plataformas. Dada a flexibilidade do Bilhete Digital, novos modais como bicicletas, táxis e carros compartilhados podem ser integrados ao esquema de divisão tarifária aplicada de forma automática e eficiente, sem as barreiras comuns de sistemas fechados e pouco flexíveis.

Por que mudar a tecnologia de bilhetagem embarcada em ônibus?

O modelo de negócio baseado em hardware e software proprietários – onde somente a fabricante tem acesso às suas configurações –  criou um alto grau de dependência dos sistemas em relação aos fornecedores.

Isso ocorre, pois mesmo com o equipamento sendo adquirido pelo sistema de transporte público, o desenvolvimento e a manutenção só podem ser feitos pelo seu responsável tecnológico, ou seja, o próprio fornecedor. Há relatos absurdos de práticas comerciais em que até os orçamentos são cobrados.

Para agravar toda esta situação, alguns sistemas cometeram o equívoco de assinar contratos de exclusividade no fornecimento em troca de uma economia marginal na aquisição dos equipamentos, que são caros.

O impacto de tudo isso no presente é a crise que os sistemas de transporte público têm vivido e a falta de alternativas para tirá-los desta situação. A solução deveria ser simples, apenas trocar de fornecedor e é aqui que está o problema.

Para trocar de fornecedor, quando não há contratos de exclusividade, o sistema precisa fazer um novo investimento para instalação dos novos equipamentos custosos.

Na maioria dos casos, os fornecedores da tecnologia embarcada também são donos dos padrões de comunicação dos smartcards (chamado de mapa no ramo) em posse dos usuários do sistema, o que implica em mais investimento com a troca de todos os cartões e toda a insatisfação dos clientes por ter novamente que se adequar ao novo sistema embarcado.

A Bilhetagem Digital da ONBOARD

Atualizações constantes, um ecossistema de desenvolvimento pungente e a independência do transporte público, isso é possível? Sim, com um validador que preze por estes aspectos acima dos interesses corporativos de seu fornecedor.

O DBD – Dispositivo de Bilhetagem Digital da ONBOARD trabalha com o conceito de ABT – Account Based Ticketing. Ou seja, transfere ao backoffice toda a operação e permite aos usuários o acesso do saldo por meio de qualquer aparelho, uma vez que o valor não está mais na mídia física (cartão), e sim em nuvem.

A Bilhetagem Digital da ONBOARD devolve autonomia aos operadores de transporte por utilizar sistema aberto para desenvolvimento. Além disso, pode ser usada em paralelo às bilhetagens atuais durante a transição, com o objetivo de minimizar os atritos da fase de troca.

Apesar de ser um sistema separado, a validação segue os mesmos princípios atuais, sendo feita de maneira offline através de um módulo SAM  (Secure Access Module).

A mudança de paradigma da bilhetagem digital não está só na segurança: a experiência do usuário é impulsionada pela bilhetagem digital.

Hoje, para usar o transporte público, o usuário se dirige até um posto, enfrenta uma fila, carrega o bilhete para então começar a usar. Com a Bilhetagem Digital, o cadastro é online e o usuário passa a ter acesso ao sistema imediatamente após o cadastro, que inclusive é feito com uma simples foto de documento. O software processa a imagem, recorta a foto e preenche o formulário cadastral automaticamente.

Segundo Luiz Renato M. Mattos, CEO da ONBOARD, o sistema desenvolvido pela empresa visa “facilitar o acesso ao transporte público por meio de uma experiência digital, concentrando e integrando todas as opções de mobilidade urbana na mão dos passageiros”.

Para ele, vivemos em um momento onde o transporte público foi deixado de lado, portanto, busca-se “devolver o protagonismo e a competitividade ao transporte público fazendo dele o elo de conexão da mobilidade urbana atual”.

Tudo isso vai ao encontro do desejo do novo consumidor que busca praticidade e serviços digitais. Outros mercados, como os bancos, já perceberam isso e, mesmo com sistemas antigos e também legados, entraram de cabeça no mundo digital.

O varejo é outro exemplo, utilizando de carteiras digitais como responsáveis pelos pagamentos de seus clientes. Com milhares de consumidores recorrentes todos os dias, o transporte público também pode gerar receitas acessórias com transações fora de seus sistemas. 

E tudo isso fica mais fácil com uma Bilhetagem Digital flexível e aberta. 

A Bilhetagem Digital vai ao encontro da solução para os problemas vividos pelo sistema de São Paulo.

A SPTrans, através do Decreto 58.639 de 22 de fevereiro de 2019, já previu o Bilhete Digital. Agora resta saber quem dará o passo inicial para de fato resolver esses problemas e explorar a bilhetagem digital como solução. 

Isso é obrigatório.
Isso é obrigatório.