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Edição especial: ONBOARD é destaque na mobilidade – Não durma no ponto!

As principais notícias da última semana em uma leitura rápida e informativa. Comece a semana conectado no mundo. Não durma no ponto!

É com grande orgulho que venho anunciar: ONBOARD, criadora do Agora é Simples, é uma das Top 10 em Mobilidade no Ranking 100 Open Startups!

A plataforma de matckmaking 100 Open Startups realiza um processo anual que mede a atratividade das startups. Em sua 5ª edição, elegeu a ONBOARD como uma das mais atrativas para o setor de mobilidade. A solução proposta foi o sistema de Bilhetagem Digital e aberto. 

A ONBOARD foi a única empresa no Ranking com solução voltada ao transporte público. Em um momento delicado da história do setor, Luiz Renato M. Mattos, CEO da ONBOARD, compartilha: “Este reconhecimento […] é a prova de que com a ajuda da ONBOARD o transporte público pode sim recuperar a sua competitividade e se tornar reconhecidamente inovador.”

Acesse a notícia para saber mais sobre a premiação.

Falando em mobilidade…

Existem algumas pautas obrigatórias a serem discutidas dentro de cada Prefeitura e uma delas é a mobilidade urbana. Essa pauta diz respeito à forma como as pessoas se deslocam dentro da cidade.

No dicionário, mobilidade significa “facilidade para se mover”, ou seja, na teoria, significa tornar esse movimento fluido e prático. Dessa forma, dentro da prefeitura há responsáveis por projetos na área e, em tempos de eleições, nada melhor do que ficar sabendo o que seu candidato ou candidata pretende para a mobilidade da sua cidade.

Dentre análises de postulantes de três cidades (São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre), a Redação Agora é Simples produziu uma entrevista exclusiva com Marina Helou, candidata à Prefeitura na cidade de São Paulo do partido Rede Sustentabilidade.

“Nossa proposta de governo prevê a reavaliação da tarifa e a definição participativa do orçamento municipal. Também há outras possibilidades [de recursos], como os obtidos pela Zona Azul, a exploração de espaços publicitários nos veículos, pontos de ônibus e locais estratégicos pela cidade, com respeito à Lei Cidade Limpa, cujos recursos podem ser revertidos à melhoria do sistema.”

– Marina Helou em entrevista ao Agora é Simples.

Saiba os detalhes do plano de governo para a mobilidade de Marina Helou na íntegra.

Não fique por fora das mudanças na Zona Azul em SP

Quem anda de carro já sabe, para estacionar em Zona Azul precisa possuir o CAD (Cartão Azul Digital). 

O CAD, possibilitado a partir da digitalização da zona azul de São Paulo desde julho de 2016, foi implantado pela Companhia de Engenharia e Tráfego (CET – SP) para substituição dos antigos talões de papel.

No entanto, a Prefeitura de SP abriu um edital de concessão ano passado e a Estapar, empresa privada de estacionamentos, vai assumir a gestão da Zona Azul a partir do dia 17 de novembro.

Essa troca de gestão trará algumas mudanças para os clientes. Para saber mais, clique aqui.

E mais: Novo transporte de alta velocidade a vácuo!

Desenvolvedores e futuristas planejam transportes diferenciados desde antes dos Jetsons – até falamos sobre os carros voadores aqui.

O novo modelo agora é o transporte desenvolvido pela Virgin Hyperloop, empresa americana de tecnologia de transporte. A empresa realizou recentemente o primeiro teste com pessoas a bordo em Nevada, nos Estados Unidos.

O transporte é realizado através de uma cápsula que, a vacuo, chega a uma velocidade de 160 km/h. Confira o vídeo do teste:

Chegamos ao ponto final. Nos vemos na próxima?

Além de acompanhar o painel “Não durma no ponto!” toda segunda-feira, você pode receber em primeira mão as novidades em inovação na mobilidade e no transporte público através da nossa newsletter. É grátis e sem spam!

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O que Marina Helou pretende para a mobilidade de SP?

Em entrevista à Redação do Agora é Simples, candidata de São Paulo, Marina Helou, explica mais sobre suas propostas para a mobilidade urbana da cidade

Foto: Agência Alesp.

São Paulo está entre as cidades mais populosas do mundo. Dentre um crescimento exacerbado ao longos dos anos, priorização do transporte privado e constantes evacuações de passageiros do transporte público, o setor vem enfrentando constantes crises.

Com vistas a contribuir para o debate qualificado sobre mobilidade e transportes, a Redação Agora é Simples analisou as propostas de melhorias para o transporte público de candidatos e candidatas às eleições de 2020 em São Paulo e traz agora, em primeira mão, uma entrevista com a candidata Marina Helou, do partido Rede Sustentabilidade.

Ao analisar ainda mais São Paulo, percebe-se que o deslocamento não é uma tarefa simples. Além disso, as pessoas mais impactadas são as que já se encontram em situação de vulnerabilidade, desigualdade social e, em sua maioria, moradores de áreas adensadas e periféricas que necessitam se deslocar diariamente entre casa e trabalho.

“Esse é um dos aspectos que trataremos com grande ênfase, de forma transparente e participativa: a definição de tarifa que corresponda e seja adequada à capacidade de pagamento do usuário sem comprometer a qualidade dos serviços e os investimentos necessários à manutenção e modernização do sistema.”

– Marina Helou.

Entre as medidas apontadas no plano de governo de Marina, há um cronograma para implementação das ações a curto, médio e longo prazo, na qual detalhou em entrevista à Redação. A curto prazo, a candidata pretende fazer mudanças no Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT); criação do Fórum do Transporte Sustentável da Cidade de São Paulo; wi-fi em todos os veículos

Partindo para o médio prazo, a candidata propõe trabalhar a melhoria nos pontos de ônibus; implantação da “onda verde”nos corredores de ônibus; implantação de mecanismos e dispositivos tecnológicos de rastreamento e acompanhamento do desempenho das linhas; antecipação dos prazos para adoção de motores mais limpos (transição tecnológica).

Por fim, a longo prazo, a candidata pretende dar continuidade na modernização dos motores mais limpos e menos poluente. Aliado a isso, perguntamos à Marina sobre as estratégias para qualificação do transporte público e sua imprensa nos informou pontos importantes a serem considerados, como:

  • Ampliar os canais de participação e controle social da política municipal de transporte, como o fortalecimento e transformação do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT) em órgão deliberativo, e ampliando a representatividade da sociedade (50% dos assentos), garantindo maior transparência e visibilidade à sua atuação;
  • Criar o Fórum do Transporte Sustentável da Cidade de São Paulo como órgão consultivo e de assessoramento; 
  • Implementar mecanismos e dispositivos tecnológicos em favor do usuário do transporte público, que monitorem e apresentem dados referentes ao tempo, frequência e lotação das linhas;
  • Implementar e modernizar todos os pontos de parada (dando conforto e segurança aos usuários);
  • Antecipar os prazos previstos nos contratos e no processo de concessão para a adoção de motores mais limpos (transição tecnológica de ônibus movidos a combustível fóssil para veículos que utilizem fontes renováveis e sustentáveis de energia);
  • Implantar wi-fi gratuito em todos os veículos;
  • Melhorar do sistema de semáforos nos corredores de ônibus, implementando a “onda verde”(priorizando o transporte coletivo em seu deslocamento).

Marina prevê que a melhoria em infraestrutura, qualidade do transporte público e investimentos em tecnologia possam garantir menores custos operacionais do sistema, além de recursos provenientes de outras políticas públicas que podem auxiliar a sustentação de sua proposta.

“Nossa proposta de governo prevê a reavaliação da tarifa e a definição participativa do orçamento municipal. Também há outras possibilidades [de recursos], como os obtidos pela Zona Azul, a exploração de espaços publicitários nos veículos, pontos de ônibus e locais estratégicos pela cidade, com respeito à Lei Cidade Limpa, cujos recursos podem ser revertidos à melhoria do sistema.”

– nos conta a candidata.

Dentre as possibilidade de recursos visados por Marina, dois deles deixaram parcialmente de ser do município. A Hora Park, do grupo Estapar, venceu a licitação para se tornar a gestora da Zona Azul de São Paulo pelos próximos 15 anos, além da exploração dos espaços publicitários ter sido concedida para a empresa Ótima até 2037.

Nesse sentido, a candidata também pretende implementar a “Tarifa Social”, nos moldes das tarifas de água e energia, principalmente voltado para população em situação de vulnerabilidade e outros segmentos. Esta definição será feita considerando as contribuições dos segmentos interessados e envolvidos (usuários, concessionárias, poder público) através dos canais de participação e de controle social com objetivo de reduzir o valor da tarifa para determinados públicos.

Em seu plano de governo, há ainda citação do conceito de “Paris em 15 minutos”, estratégias que a prefeita Anne Hidalgo tem tomado na capital francesa para incentivar o uso da mobilidade ativa e transporte público em detrimento do transporte individual motorizado. De acordo com Marina, “Essa proposta visa priorizar o pedestre e estabelecer diretrizes e estratégias de incentivo à diversificação das modalidade de deslocamento e incentivo à mobilidade ativa nas cidades.”

“Para que [o deslocamento] ocorra de maneira adequada e segura, as propostas das cidades de 15 minutos preveem a reforma de passeios e calçadas, priorizando as áreas no entorno das estações de trem e metrô e de terminais de ônibus, bem como nos centros de bairro e áreas de maior fluxo de pessoas (ruas comerciais)”. De acordo com a candidata, isso pressupõe o alargamento das calçadas e consequente redução do leito carroçável.

“Além disso, propomos ações públicas que garantam a existência de serviços e comércio próximo ao local de moradia, reduzindo a necessidade de as pessoas se deslocarem para buscar atendimento de suas demandas e/ou necessidades em outras regiões. Ou seja, que estes serviços, bens e produtos estejam ofertados nas proximidades – a, no máximo, 15 minutos.”

– Marina Helou.

Também há propostas para expansão da malha cicloviária, integrada e articulada com o sistema de transporte público coletivo (inter-regional) e com equipamentos públicos importantes (intrarregional).

Para essa integração e articulação entre os meios de transporte, a candidata prevê o incentivo à uma gestão transparente com diálogos metropolitanos, não apenas na questão de mobilidade, mas também em todos os assuntos que interligam o tema. Além ainda de reforçar a importância do transporte sobre trilhos, pois, segundo Marina, “são mais adequados para percorrer grandes distâncias e comportar grande contingente de usuários”.

A integração entre diversos modais também envolve a reestruturação do sistema de transporte existente hoje. Para isso, Marina prevê a implementação de linhas específicas para circulação de VLT (Veículos Leves sobre Trilhos) nas áreas centrais da cidade (juntamente com a implantação de áreas prioritárias para pedestres) e em centros comerciais e de bairro.

Em seu plano de governo, a candidata apoia a modernização e transição ecológica da frota, a qual já faz parte da legislação municipal, especificamente da Política Municipal de Mudanças Climáticas, e é obrigatória nos contratos de concessão.

No entanto, Marina conta que “devido a existência de prazos longos, nossa proposta visa antecipar estes prazos, gerando impactos positivos na saúde da população paulistana ao reduzir as emissões e, portanto, os episódios críticos de qualidade do ar. Estes impactos positivos também ocorrerão na área da saúde, reduzindo custos de atendimento e internação por doenças respiratórias e cardiovasculares.”

Saiba mais sobre o plano de governo de Marina e outros candidatos em agoraesimples.com.br/eleicoes.

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Novidade Agora é Simples, propostas ao transporte & mais – Não durma no ponto!

As principais notícias da última semana em uma leitura rápida e informativa. Comece a semana conectado no mundo.

Foto: Wanderley Costa.

Subindo no ônibus da informação, quero te fazer um convite especial. O Agora é Simples estreou o seu primeiro episódio de podcast na semana passada e é claro que você não pode deixar de ouvir.

Na primeira edição falamos com Maria Luiza, do Coletivo NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e abordamos os desafios existentes para inovação no transporte público em meio às dificuldades que o setor encontra, dentre legislações, infraestrutura e fontes de recurso.

O podcast está disponível em diversas plataformas, acesse.

Andando de mãos dadas com a informação…

2020 é ano de eleições e o dia do voto se aproxima!

Assim, para que você possa contribuir com o desenvolvimento da sua cidade e embasar sua escolha de candidato(a), analisamos todas as propostas relacionadas ao transporte público e sua viabilidade prática. Afinal, se não há transporte, não há cidade. Confira:

Tá calor aí?

Pois é, o famoso efeito estufa está tomando uma proporção fora do controle. E mais, o setor de transporte é a fonte de emissões de gases de efeito estufa que mais cresce atualmente – hoje, o setor é responsável por aproximadamente um quarto das emissões globais.

O que nós temos a ver com tudo isso? Bom, além de ninguém querer morrer de calor (no sentido literal), o Brasil assinou o Acordo de Paris que assume deveres para que a temperatura média global não ultrapasse 2°C.

Cheio de metas ambiciosas, o Brasil apresentou à Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) o objetivo de reduzir 66% da emissão de gases efeito de estufa por unidade do PIB para 2025 e 75% de redução na intensidade de emissões para 2030 (ambas em relação aos dados de 2005).

Para isso, o projeto “Transporte para menos de 2 graus”, apoiado pelo Fórum Econômico Mundial, divulgou um relatório que compreende insights para a  descarbonização do setor de transporte em abrangência mundial a fim de contribuir com o Acordo de Paris.

Uma cidade sustentável prioriza o transporte público

Começaram as mudanças para o transporte em Porto Alegre. A prefeitura possui o projeto Ruas Completas e um plano de priorização do transporte público que apresenta diversas mudanças para melhoria da experiência das pessoas na cidade.

As mudanças compreendem desde a ampliação de faixa exclusiva, implantação de ciclovia e até instalação de QR Codes para melhoria da experiência do usuário. Para saber em detalhes quais foram as mudanças, clique aqui.

Bem, chegamos ao ponto final.

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Transporte público: quais são as propostas dos candidatos em Porto Alegre?

Análise das principais propostas direcionadas ao transporte público do mandato 2021-2024 dos candidatos à Prefeitura em Porto Alegre

Mesmo em meio a crise, o transporte público continua sendo de grande importância nas cidades brasileiras. Em Porto Alegre, o sistema transporta cerca de 20 milhões de passageiros por mês, no entanto, uma das principais operadoras de transporte público na cidade, a Carris, possui uma dívida que vem diminuindo com o tempo, mas que necessita de suporte público para melhoria e financiamento do sistema.

Logo, diante da necessidade de oferecer um sistema de transporte público de qualidade à população, candidatos à Prefeitura expõem suas propostas para tentar solucionar o problema. 

Continuando no processo de informação social, a Redação do Agora é Simples analisou as principais propostas de candidatos e candidatas à Prefeitura de Porto Alegre. 

Confira também:

Fernanda Melchionna (PSOL)

Com um plano de governo regido pelo manifesto “Porto Alegre pede coragem”, dentre as propostas de desenvolvimento urbano, Fernanda pretende recriar e repaginar secretarias, fóruns e conselhos a fim de retomar transparência e participação da sociedade civil em ações de planejamento urbano da cidade.

Um ponto interessante é o estabelecimento de um fundo centralizado de contrapartidas para grandes empreendimentos imobiliários. A proposta engloba arrecadação de recursos que serão destinados ao município a fim de suprir a demanda de regiões carentes de infraestrutura e regiões mais impactadas. 

Dentre as propostas para o transporte público, a candidata pretende combater a precarização da Carris. Para isso, propõe cortar o excesso de cargos de confiança e ampliar a democracia interna com a participação de trabalhadores na gestão da empresa.

Em seu plano, também há a proposta de inclusão de uma taxa diferenciada para transporte individual por aplicativo. A ideia é instalar essa taxa durante a circulação nas vias onde houver disponibilidade e sobreposição com as linhas da rede de ônibus, de forma a incentivar o uso do transporte público em detrimento do privado.

De forma a planejar o sistema de transporte público como um sistema único, Fernanda prevê utilizar estudos e pesquisas sobre origem e destino dos deslocamentos conjuntamente com a contagem de passageiros. Essa iniciativa caminha para a adequação de modelos de frota de veículos mais adequados às demandas da cidade.

Fernanda também propõe realizar auditoria independente nas empresas privadas de transporte público para corrigir possíveis fraudes, desvios e ineficiências operacionais, reduzindo a necessidade de aumento das tarifas em seu mandato. Além de reavaliar a licitação do transporte público coletivo vigente, iniciativa esta indicada por muitos especialistas do setor.

A candidata também prevê a criação de um Fundo Único Municipal da Mobilidade Urbana como alternativa de financiamento ao setor. Este centralizará recursos recolhidos através de multas de trânsito, cobranças de dívidas de empresas de ônibus, estacionamentos, cota do município sobre o IPVA, locação de espaços e recursos provenientes da Taxa de Mobilidade Urbana e da Taxa do Aplicativo Público para motoristas e entregadores. 

O Fundo terá como objetivo garantir o Plano Cicloviário Municipal, o Passe Livre para estudantes, para pessoas com mais de 60 anos e para pessoas desempregadas, e ainda poder financiar políticas de educação para o trânsito e realizar a manutenção do sistema viário municipal.

Em geral, pretende ampliar linhas e horários de transporte e fortalecer a participação civil na construção de um transporte de qualidade na cidade. Além disso, pretende criar o Programa Mobilidade Integrada com a participação de órgãos e secretarias municipais de mobilidade.

Por fim, para a mobilidade ativa, Fernanda visa a construção de novas ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas em regiões definidas em conjunto com movimentos cicloativistas, além de prever a instalação de estrutura para transporte de bicicletas nos ônibus. Para isso, a candidata pretende direcionar 20% da arrecadação de multas de trânsito para a implantação dos projetos. 

Fortunati (PTB)

O candidato pelo PTB divide a proposta de mobilidade urbana em três módulos: curto, médio e longo prazo. Para o curto prazo, Fortunati aborda a necessidade de pressionar o governo federal e o congresso para que avalie e aprove uma série de iniciativas que se encontram em Brasília com o objetivo de viabilizar subsídio. 

Como exemplo, o candidato aponta o Reitup. Este prevê incentivos fiscais para empresas de transporte público por meio de isenção do PIS e da Cofins para a compra de combustíveis e equipamentos, como chassis e pneus. Em contrapartida, as empresas se comprometeriam a implementar medidas como o bilhete único e outros. Porém, vale lembrar que já há Transporte Integrado em Porto Alegre, ou seja, o TRI, que é aceito em todos os ônibus de Porto Alegre, inclusive no trem. 

Para o médio prazo, o candidato criar um grupo técnico de trabalho com representantes de todos os setores e governos. O objetivo é estabelecer metas para alterações legislativas e estruturais necessárias a fim de recuperar a sustentabilidade do modal rodoviário.

Já no longo prazo, Fortunati prevê efetivar a instalação dos BRTs com instalação de GPS e sistema integrado com a sinaleira (liberando o sinal verde quando o ônibus se aproximar). O postulante também visa integrar o transporte metropolitano, implantar projeto alternativo de metrô (VLT) e ainda prevê explorar a mobilidade fluvial para transporte.

As medidas propostas pelo candidato não prevêem especificações sobre a execução.

Gustavo Paim (PP)

Candidato pelo Partido Progressista, Gustavo Paim propõe primeiramente revisar o plano de mobilidade urbana de Porto Alegre e do modelo de concessão atual das linhas de transporte público. Ainda pretende dar atenção especial a participação estatal (Carris) no processo operacional, visto os inúmeros déficits orçamentários que a empresa apresentou nos últimos anos.

As propostas também envolvem analisar a sobreposição de linhas e implantar definitivamente a bilhetagem eletrônica. No entanto, vale ressaltar que toda frota ativa na cidade já possui o sistema embarcado – apesar de ultrapassado considerando os padrões de tecnologia atuais, ainda apresenta os problemas que já conhecemos das Bilhetagens Eletrônicas no país, ou seja, sistemas fechados que fazem dos operadores de transportes reféns de produtos obsoletos.

O candidato ainda prevê aplicação de técnicas de monitoramento para melhoria do transporte na cidade e pretende desenvolver rotas alternativas às vias arteriais para evitar congestionamentos.

Gustavo propõe reestruturar a política de isenções de passagem e estudar a implantação de BRTs, VLTs e outros sistemas de transporte coletivo, dando prioridade aos menos poluentes. No entanto, não aponta quais medidas serão tomadas para aplicação da proposta.

Além disso, o postulante ainda pretende estabelecer um processo de integração com a Região Metropolitana de Porto Alegre para que o transporte metropolitano não tenha necessidade de ir até o centro da Capital, evitando congestionamentos. Porém, especialistas reforçam a necessidade de inserir o transporte público como alternativa ao uso de carros, a fim de substituir esse meio para evitar os congestionamentos, ao invés de apenas remanejar a rota dos ônibus.

João Derly (Republicanos)

João Derly pretende apoiar e implantar o Projeto Rua Viva. O projeto é promovido pelo Instituto da Mobilidade Sustentável e tem como principal objetivo a restauração da função social da rua priorizando os modos de transporte coletivo, a pé e de bicicleta. Aliado à isso, também pretende implantar o Programa Calçada Cidadã.

O candidato pretende integrar todos os sistemas de transporte da cidade (ônibus, sistema metropolitano, Trensurb, lotação, bicicletas, patinetes, táxi, catamarã, etc), através do cartão TRI e/ou celulares. Ainda propõe aumentar as opções de pagamento, podendo utilizar cartão de crédito, celular, NFC ou smartwatches. Essas propostas dependem da atualização do sistema de bilhetagem da cidade.

Outra proposta relacionada ao transporte é a criação de faixas exclusivas para ônibus de forma a ser monitorada por câmeras e a revisão de horários de exclusividade de uso das mesmas. O objetivo é permitir maior fluidez ao tráfego compartilhado. No entanto, não há referência sobre respeito às regras e possíveis aplicação de multas a fim de arrecadação de recursos.

O candidato também aponta como proposta a inserção de um projeto sobre a cobrança de uma tarifa de transporte de acordo com o trajeto percorrido pelo cidadão. A proposta não aponta detalhes, mas a ideia é implantar um protótipo já em seu mandato. A fim de entender o quanto as propostas impactam no valor da tarifa final, a Prefeitura de Porto Alegre desenvolveu uma calculadora que simula o custo com base nas propostas.

Diante das fraudes em gratuidade existentes no sistema de transporte público, João pretende aumentar a fiscalização para o combate das mesmas. Porém, não especifica como será essa fiscalização na prática. O que aborda é a implantação de mais uma forma de benefício: a gratuidade na segunda passagem para todos, mas não indica como financiará a proposta.

Ainda, com o objetivo de incentivar a mobilidade urbana na cidade, o candidato prevê o incentivo à instalação de empresas e indústrias ligadas ao setor, como empresas de energias limpas, motores, baterias, bicicletas elétricas, veículos elétricos e autônomos. Porém, essas ações se concentram a longo prazo e se mostram ainda incertas, enquanto o transporte público precisa de medidas a serem tomadas de forma imediata e concretas.

Juliana Brizola (PDT)

A candidata prevê em seu plano de governo a realização de obras viárias dentro de um amplo Plano de Obras Públicas, a fim de fornecer à população ruas pavimentadas e iluminadas, além de calçadas em boas condições.

Para o transporte público, pretende instalar redes de transporte inteligente, ou seja, aplicar uso intensivo das TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) nos sistemas de transporte público. Estudos indicam que o uso das TIC nas empresas impactam positivamente a velocidade e precisão da informação, além de desempenho em custos, comunicação, segurança, coordenação interorganizacional e vantagem competitiva (DALLA SANTA, MUSSI e NASCIMENTO, 2016).

Para as regiões de situação econômica sensível e que não possuem linha de ônibus, Juliana pretende ampliar linhas de táxis com adequação de tarifa. Prevê em conjunto a construção de mais paradas de ônibus com iluminação e câmeras para aumentar a segurança dos usuários.

A candidata também prevê implantação de modal de transporte fluvial e trens urbanos. Porém, ressalta-se que Porto Alegre já possui cerca de 40 trens urbanos ativos operacionalizados pela Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A.). Contudo, Juliana não aborda como será a aplicação da medida na prática e nem sua previsão.

Julio Flores (PSTU)

Candidato pelo PSTU, Julio Flores pretende municipalizar o transporte público urbano de Porto Alegre, transferindo a prestação de serviço das empresas privadas para uma única empresa municipal. A proposta tem como objetivo oferecer mais transporte à sociedade e o candidato promete aproveitar 100% dos colaboradores das atuais.

Porém, uma das empresas operadores hoje, a Carris, já é uma empresa municipal, além do mais, o candidato não expõe detalhes sobre essa nova criação. Contudo, especialistas apontam a dificuldade do poder público em executar o serviço devido a falta de recurso que os municípios apontam.

Júlio também prevê aumentar o número de linhas e de ônibus, além de substituição gradativa da frota atual para uma de fonte renovável, o que consequentemente necessitará de recurso financeiro. Porém, não há propostas de financiamento ou apoio para tal.

Há também a proposta de interligar os modais de transporte na cidade, sem cobrança de tarifa. Somado à isso, o candidato prevê redução e congelamento das atuais tarifas em direção à implantação da tarifa zero. Por fim, todas as propostas geram diversos custos, sem apresentar as fontes de receitas para tal, o que tornam inviáveis sem um estudo e planejamento adequado.

Manuela d’Ávila (PCdoB) 

Manuela pretende primeiramente assumir a gestão da Câmara de Compensação Tarifária (CCT) por meio da EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto Alegre). A CCT é a estrutura pública que possibilita a execução da Política de Tarifa Única no Município de Porto Alegre.

A candidata também prevê a criação de um Fundo Municipal de Mobilidade. A proposta é garantir que recursos provenientes de taxa de gestão, receitas de multas e de outros serviços da EPTC (como Área Azul) e mais, sejam depositadas para subsidiar a tarifa do transporte coletivo. 

A partir da implantação do sistema de bilhetagem eletrônica, Manuela pretende criar o Cartão Mobilidade para ser utilizado em todos os serviços públicos e privados de transportes. Hoje, já existem modelos que possibilitam essa integração. No entanto, d’Ávila não aborda se haverá substituição dos cartões existentes hoje.

A candidata ainda promete revisar o Plano de Mobilidade e Pesquisa Origem/Destino de PoA, buscar recursos e investimentos privados para financiar a execução de projetos para a construção de outros modais, como BRTs e VLTs e ainda estudar sobre o modelo de concessão atual. Ademais, prevê passar o modelo de contratação da prestação de serviço para um modelo de contratação da oferta com objetivo de garantir padrões de qualidade permanente.

Referente à mobilidade ativa, Manuela apresenta como proposta investimento público para construção de áreas de circulação de pedestres e calçadas, além da manutenção das mesmas. 

Ainda promete executar o Plano Cicloviário, o qual apresenta hoje apenas 54 km de ciclovias construídas do total de 395 km previstos. Acrescenta ainda a necessidade de obrigatoriedade para construção de estruturas de apoio ao modal cicloviário em “polos geradores de tráfego”, como áreas educacionais e comerciais.

Montserrat Martins (PV) 

O candidato à prefeitura estabelece como proposta a mudança de modais de transporte não poluentes, a fim de buscar alternativas ao uso de diesel e gasolina. Alguns candidatos propõe a troca da frota, no entanto, Montserrat não deixa isso claro na proposta.

Também há menção de aeromóveis. Como já abordamos aqui, a tendência é que este seja um novo modal dentro dos próximos anos e o candidato do PV propõe formas de financiamento para obtenção dos mesmos através de parcerias público-privadas e BNDES a fim de contribuir com a proposta de modalidades de transporte não-poluentes. Porém, a proposta, se não bem trabalhada, pode  caminhar contra a inclusão que deve haver na mobilidade urbana.

Montserrat aponta que há estudos que já sugerem implantação de linha de aeromóvel em três principais avenidas, sendo uma partindo do Aeroporto em direção à Zona Sul. Contudo, não aponta para quem será destinado essas propostas.

O candidato aborda ainda que entre a implantação de aeromóveis e a implantação de metrô, o modal aéreo se mostra mais acessível num primeiro momento, indicando sua preferência para o projeto na cidade.

Montserrat também propõe a ampliação de ciclovia e ciclofaixas aliado à construção de estacionamentos para bicicletas. Menciona a necessidade da infraestrutura permitir ao cidadão acesso aos outros modais, como transporte público, porém, não aborda como irá implementar isso na prática.

Nelson Marchezan Júnior (PSDB)

Em sua reeleição à prefeitura, Nelson Marchezan Júnior pretende promover a priorização do transporte coletivo através da ampliação de faixas exclusivas e uso de tecnologia a fim de combater os congestionamentos na cidade. Apesar de não abordar como irá executar a proposta, em sua atual gestão já apresentou um plano nesse sentido que tramita na câmara de vereadores.

O candidato também prevê a integração metropolitana do transporte público de PoA, além da integração dos meios de pagamento. Conjuntamente, pretende instalar câmeras de monitoramento e painéis de informação a fim de tornar o transporte mais atrativo e acessível na cidade.

Referente à mobilidade ativa, Nelson propõe ampliação da rede cicloviária e aplicação do conceito de ruas completas, desenhadas para pedestres e ciclistas a fim de aumentar a segurança e “devolver” a cidade às pessoas.

Rodrigo Maroni (PROS) 

Para as propostas direcionadas à infraestrutura e transporte em Porto Alegre, Rodrigo Maroni pretende buscar recursos junto ao Governo Federal, Estadual e instituições financeiras. O objetivo é obter recurso para promover melhoria nas avenidas de grande circulação. Contudo não se sabe se é voltada aos carros ou ao transporte público coletivo.

No que se refere à priorização do transporte coletivo, Rodrigo prevê a renovação e modernização da frota de ônibus em circulação na cidade. Todavia, a troca da frota normalmente gera mais custos à prefeitura e consequente mais custos ao contribuinte. Além do mais, o preço da tarifa que também impacta na preferência ao transporte não possui propostas.

Por fim, Rodrigo pretende criar canais de comunicação para que a sociedade possa sugerir ações direcionadas ao transporte público. Porém não há especificações sobre o projeto.

Sebastião Melo (MDB)

Sebastião aponta que todas as alternativas serão avaliadas a fim de repensar o modelo atual de transporte público na cidade. Para isso, seu plano de governo aponta revisão de linhas, horários alternados, subsídio, privatização, saneamento financeiro, fusão e aquisição de frota. 

Sebastião também se mostra contra o estabelecimento de pedágios, medida esta proposta pelo governo de Nelson Marchezan Jr. Além ainda de apontar como pauta a revisão do problema orçamentário que Carris gera. 

Por fim, o candidato prevê desenvolver plano de implantação do transporte hidroviário, para que este se torne uma alternativa de mobilidade na cidade. No entanto, este modal apresenta tempo de trânsito longo, além de necessitar de terminais especializados para embarque e desembarque de pessoas, gerando alto custo de construção (EPL, 2020).

Outros candidatos analisados pela Redação Agora é Simples, como Luiz Delvair (PCO) e Valter Nagelstein (PSD) possuem poucas ou nenhuma proposta clara sobre transporte público.

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Referências

DALLA SANTA, E.D.; MUSSI, C.C; NASCIMENTO, G. Uso da tecnologia da informação e desempenho do serviço de transporte rodoviário de cargas. Revista Gestão & Tecnologia, v. 16, n. 1, p. 184-207, 2016.

Déficit da Empresa Carris. Gaucha ZH. Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/noticia/2019/09/pela-primeira-vez-em-sete-anos-carris-fecha-um-mes-com-lucro-liquido-ck0yaa8ug00h101mtrosyiwel.html>. Acesso em: 19 de outubro de 2020.

EPL – Empresa de Planejamento e Logística S.A. Estudo dos Custos do Transporte Hidroviário no Brasil. Disponível em: <https://www.epl.gov.br/estudo-dos-custos-do-transporte-hidroviario-no-brasil-elaboracao-de-ferramenta-de-simulacao>. Acesso em: 20 de outubro de 2020.

Indicadores Operacionais do Transporte Público em Porto Alegre. Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Disponível em: <http://www2.portoalegre.rs.gov.br/eptc/default.php?p_secao=155>. Acesso em: 15 de outubro de 2020.

Planos de Governos Eleições 2020. Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em: <http://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/municipios/2020/2030402020/88013/candidatos>. Acesso em: 15 de outubro de 2020.

Situação do transporte público em Porto Alegre/RS. Summit Mobilidade 2020. Disponível em: <https://summitmobilidade.estadao.com.br/ir-e-vir-no-mundo/como-e-o-transporte-publico-em-porto-alegre/>. Acesso em: 15 de outubro de 2020.

Trensurb – Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. Disponível em: <http://www.trensurb.gov.br/paginas/galeria_projetos_detalhes.php?codigo_sitemap=39>. Acesso em: 15 de outubro de 2020.

TRI – Transporte Integrado de Porto Alegre. Disponível em: <https://www.tripoa.net.br/CLIENTE-VT>. Acesso em: 15 de outubro de 2020.

Nota: Houve um equívoco na foto do Rodrigo Maroni, candidato do PROS. Para tanto, foi atualizada no dia 22/10/2020.

Eleições 2020, estrutura do transporte & mais – Não durma no ponto!

As principais notícias da última semana em uma leitura rápida e informativa. Comece a semana conectado no mundo. Não durma no ponto!

Já faz mais de uma semana que não nos vemos, aconteceu tanta coisa! A mais importante que venho anunciar é o início das eleições.

Para fins de informação, lembramos que o primeiro turno será no dia 15 de novembro de 2020. Nos locais em que houver segundo turno, o evento ocorrerá no dia 29 de novembro.

Assim, lembrando também que o transporte é um direito previsto na Constituição Federal e um serviço garantido pelo poder público, este se torna pauta primordial para o desenvolvimento das cidades e, consequentemente, deve estar presente no plano de governo de candidatos à Prefeitura.

Se você ainda não sabe o que seu candidato ou candidata prevê para o transporte público no mandato 2021-2024, a Redação do Agora é Simples fez uma análise exclusiva sobre as propostas para os municípios de São Paulo e Belo Horizonte. Confira:

Pensar na melhoria do transporte público é pensar na estrutura em que ele funciona

Seguindo na mesma linha de raciocínio, para propor a melhoria do sistema de transporte público, deve-se saber como este é subdividido. Para isso, nosso colunista parceiro Rafael Pereira começa sua série de artigos abordando os modos e tipos de linhas de transporte existentes. Saiba mais.

Mesmo sabendo como o transporte funciona, existem alguns pequenos pontos para não transformá-lo em um desserviço

Dentre todas as necessidades que o transporte público enfrenta, existem 6 pontos essenciais que devem ser considerados para o entendimento do sistema e podem auxiliar para a melhoria em sua eficiência e gestão.

O gestor executivo do transporte público, Miguel Pricinote, compartilha com a gente quais são esses principais pontos aqui.

Pesquisa aponta qual o principal impedimento para usar o transporte público hoje

A gente já sabe que o transporte público vem enfrentando uma evasão muito grande de passageiros conforme os anos passam. Conjuntamente, a pandemia enalteceu essa e outras dificuldade que o transporte enfrenta.

Mais de um terço da população brasileira começou a trabalhar em casa, no modelo home office – e ainda há tendência para que isto se torne definitivo nos próximos anos.

Além disso, as pessoas começaram a ficar com medo de andar de ônibus e acabar contraindo o novo coronavírus – embora já falamos aqui que o transporte não é vetor do vírus, o problema é a lotação (em decorrência da má gestão).

Uma pesquisa realizada em São Paulo, em parceira com o Ibope Inteligência, identifica tendências e dados fidedignos sobre os deslocamentos da população de São Paulo. Estes podem ser utilizados para formação de novas políticas e melhoria na gestão do sistema de transporte. Saiba quais são.

Bom, e esse é o ponto final.

Nos vemos na próxima segunda!

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Transporte público: quais são as propostas dos candidatos em BH?

As principais propostas para o transporte público em Belo Horizonte comparadas com sua viabilidade prática para os mandatos 2021-2024

Com o transporte público na linha de frente do desenvolvimento de cidades, os planos de governo são ótimos documentos para analisar o que futuros governantes planejam para buscar a melhoria do sistema, visto que a mobilidade é influenciada em grande parte pelas políticas públicas locais e pelo direcionamento dos recursos para infraestruturas e serviços.

Dentre artigos e estudos de especialistas do setor, a Redação Agora é Simples analisou a viabilidade das propostas relacionadas a mobilidade urbana para a cidade de Belo Horizonte. O objetivo é conferir a realidade prática para os mandatos de candidatos à prefeitura do município.

Belo Horizonte foi a primeira cidade planejada no Brasil e já possui um Plano de Mobilidade (PlanMob) direcionado para a construção de uma mobilidade urbana sustentável. No entanto, é a 9ª capital do mundo com maior tempo perdido em congestionamento, e a 3ª dentre as capitais brasileiras (INRIX, 2019).

Com isso em mente, apontamos neste artigo propostas de governo que vão ao encontro ou contra o que propõe os principais especialistas do setor e estudos na área. 

Áurea Carolina (PSOL)

A candidata do PSOL direciona suas propostas de mobilidade principalmente ao cumprimento e consonância com os planos de mobilidade já existentes e acaba não especificando os detalhes de seu projeto.

As propostas listadas englobam a mobilidade ativa e intermodalidade entre os sistemas, garantindo gratuidade aos estudantes e redução do valor da passagem rumo à Tarifa Zero. Para financiamento dessas iniciativas, Áurea pretende estruturar e redirecionar os gastos orçamentários que hoje priorizam obras voltadas para o transporte motorizado individual. 

Uma das propostas que chamam atenção é o retorno de trocadores (cobradores) em ônibus municipais. Hoje, a maior parte do transporte em BH possui bilhetagem eletrônica e voltar com profissionais exclusivos para cobrança vai contra tendência mundial de digitalização de pagamentos. É um aceno a esse grupo de profissionais que não leva em conta a possibilidade de reestruturação de carreiras para postos mais qualificados

Cabo Xavier (PMB)

Com uma gestão orientada a resultados de acordo com o candidato, as propostas para mobilidade urbana se encontram entre os 8 eixos estratégicos da candidatura. Abordando a circulação, Cabo Xavier visa a realização de obras e ações no Sistema Viário e no trânsito a fim de facilitar a acessibilidade e mobilidade da população.

No entanto, embora cite a pesquisa origem e destino para guiar as implementações, o candidato não especifica se as obras serão voltadas para melhoria do sistema de transporte público ou privado.

No que diz respeito ao transporte público, o candidato apenas detalha o objetivo da instalação de um novo sistema de transporte, com ar condicionado, acessibilidade e design moderno. Também prevê a implementação de novos corredores exclusivos ao transporte, estações e pontos de embarque, porém não indica como e quando as propostas serão implementadas e nem como serão financiadas.

Fabiano Cazeca (PROS)

A partir do slogan “Transporte Coletivo: Não tem outra solução. É nova licitação já!”, Fabiano demonstra sua preocupação em decorrência da última licitação, a qual foi concedida no ano de 2008 na cidade. 

Mais de 10 anos se passaram e o candidato aponta melhorias que devem ser revisadas nos contratos. Entre as melhorias, se encontram maior oferta de ônibus, transparência no valor da passagem, volta dos cobradores, renovação total da frota, entre outros.

Porém, os fatores indicados para melhoria já são de conhecimento da sociedade e de dever das prefeituras. Além de tudo, a implementação não é detalhada e não há propostas de financiamento das iniciativas durante o mandato.

João Vítor Xavier (Cidadania)

João é um dos únicos candidatos que aponta como proposta de financiamento parceria com o setor privado, além de propor o planejamento de recursos para mobilidade priorizando os modais de acordo com sua eficiência e sustentabilidade. No entanto, suas propostas são apresentadas de forma geral, sem nenhum detalhamento de iniciativas.

É interessante destacar aqui o texto do candidato para a construção de uma cidade mais compacta, a qual, segundo ele, estimulará a construção de empreendimentos em áreas com melhor infraestrutura. 

Especialistas defendem o adensamento de áreas urbanas, aumentando por exemplo o potencial construtivo das edificações para haver um melhor aproveitamento. Quando se tem o espraiamento das cidades, há maiores congestionamentos por conta dos movimentos pendulares e um maior gasto público para levar infraestrutura para essas regiões.

Assim, a proposta aponta para o melhor desenvolvimento e aproveitamento de espaços. Contudo, é necessário analisar se haverá inclusão das regiões que não se encontram nas áreas centrais de boa infraestrutura, visto que a suburbanização é uma questão onde os pontos negativos se sobressaem principalmente no quesito de desenvolvimento e mobilidade urbana, ou seja, áreas com pouca infraestrutura tendem a “oferecer” experiências desagradáveis.

Lafayette de Andrada (Republicanos)

Para o candidato problemas estruturais da mobilidade urbana podem ser resolvidos a partir da administração correta da BHTrans (Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte) e implementação de tecnologia e inteligência artificial nos sistemas. 

A tecnologia no transporte possibilita diversas soluções como redução de custos, redução de fraudes, entre outros. Porém, vale lembrar que sem um plano detalhado sobre como, onde, por que e para quem a inteligência artificial será aplicada, não há indicativos palpáveis que possamos predizer se haverá melhoria no sistema. 

Além de inúmeras intervenções que cita, Lafayette também demonstra viés para a construção de monotrilhos a fim de ampliar o transporte coletivo na cidade, e a construção de estacionamentos subterrâneos e passarelas para liberar as vias de trânsito e substituir os semáforos nas principais avenidas. O que, no final, acaba dando base para o incentivo ao uso de carros.

Uma das últimas propostas que chama atenção é a implementação da interoperabilidade dos sistemas de Bilhetagem Eletrônica já implantados. Ou seja, o candidato pretende possibilitar aos clientes de transporte público a utilização de um único cartão de passagens em diversos modais.

Embora a proposta seja o sonho de qualquer cidade, do ponto de vista técnico, não é viável devido aos inúmeros desafios para implementação no momento. Além ainda de não haver soluções concretas propostas pelo candidato.

Luisa Barreto (PSDB)

Dentro do eixo de Infraestrutura, Mobilidade e Desenvolvimento Urbano, a medida referente a melhoria do transporte público vem em 8º lugar no plano de governo de Luisa Barreto. A proposta é a integração da Região Metropolitana de BH (RMBH), no entanto, a candidata não fornece detalhes da implementação da mesma.

Um ponto que foi recomendado por instituições internacionais e é apontado como sugestão de melhoria da candidata, é a revisão de contratos de concessão de ônibus. A ideia é que estes sejam monitorados a partir da qualidade do serviço prestado ao cidadão.

Luisa ainda pretende estabelecer mecanismos de incentivo para uso do transporte coletivo diretamente por meio de redução da tarifa através de melhorias de gestão. Ou seja, alterações em itinerário e frequência do transporte e por meio de identificação de novas fontes de financiamento.

Já o incentivo indireto é proposto através da implementação de programas de micro-mobilidade. Além disso, há a previsão da criação de serviços on-demand, ou seja, transporte compartilhado sobre demanda por meio de aplicativos.

É cada vez mais consenso entre especialistas que transporte público sob demanda pode atender a necessidades específicas e suprimir gargalos existentes hoje. Já existem editais modernos no Brasil que visam integrar o transporte coletivo comum ao sob demanda no sistema.

Marcelo Souza e Silva (Patriota)

Com tema de plano de governo sobre “Retomada da Economia, do Protagonismo e da Prosperidade em BH”, Marcelo pretende revisar o PlanMob-BH (Plano de Mobilidade de Belo Horizonte). O plano hoje consta com 8 eixos de atuação e é utilizado como caderno de referência para elaboração de Plano de Mobilidade Urbana na cidade.

Dentre propostas como reduzir tempo de viagem, implantar ônibus executivos e novas linhas de transporte suplementar, apoiar expansão do metrô, iniciar troca da frota por ônibus elétricos e outras, o postulante não aborda como sustentará suas iniciativas durante o mandato.

Além do mais, a proposta de aumentar o Metrô já existe há um bom tempo em BH e ainda não há medidas palpáveis sobre sua implementação, principalmente no momento delicado de crise em que o país e o mundo se encontram. Empresas e prefeituras não possuem recurso para tal e, ao compararmos BH e SP, percebe-se que o investimento poderá ser bem maior devido principalmente à topografia da cidade.

Contudo, não há justificativas referente ao orçamento para troca total da frota de coletivos por ônibus elétricos. Considerando os extensos gastos orçamentários para tal, também não há propostas para manutenção posterior desses novos coletivos.

Nilmário Miranda (PT)

Candidato pelo PT, Nilmário direciona suas diretrizes à revisão de contrato de concessão do transporte público na cidade. A ideia é retomar a gestão da oferta para o poder público municipal, impondo somente às empresas a fiscalização do mesmo, totalmente contrário a realidade de hoje, onde o Poder Público fiscaliza o sistema, enquanto empresas privadas operam, não havendo muita aplicabilidade prática.

Nilmário também deseja implementar a Tarifa Zero, no entanto, o plano aponta a necessidade de buscar alternativas de financiamento para tal, indicando que não há proposta no momento. Além disso, promete continuidade da construção do metrô a partir de recursos e compromissos junto aos governos estadual e federal.

Professor Wendel Mesquita (Solidariedade)

Eleito duas vezes como vereador, Prof. Wendel se candidata à prefeitura e tem como uma das primeiras propostas a criação da Tarifa Estudantil, passagem a R$2,00 para estudantes, e criação do Programa BH AVANÇA a fim de impulsionar obras de infraestrutura para melhorar os acessos à capital, sem definir se priorizará carros ou transporte público e mobilidade ativa. Assim, se as obras forem destinadas aos carros, haverá impactos negativos no congestionamento e poluição de BH, que já são graves na cidade.

O candidato também prevê a implementação de novas linhas para transporte público e metrô. No entanto, nenhuma das iniciativas apresentam previsão de financiamento. O que, sem base empírica, só acarreta mais custos às prefeituras.

Assim como Áurea, Wendel prevê o retorno dos trocadores em todas as linhas do transporte público em horário integral. Essa proposta vai contra tudo o que especialistas apontam, pois além de criar despesas obrigatórias que não traz benefício ao público final que é usuário do transporte público, pode trazer riscos de assaltos aos coletivos e mais.

Além disso, Wendel tem como objetivo criar novas rotas de táxi nos principais corredores de trânsito da cidade. Aqui, é interessante destacar que a cidade possui faixas exclusivas ao transporte público quase inexistentes, assim, ao priorizar as rotas para táxis, a mobilidade acaba por caminhar do lado oposto da realidade que se prevê.

Rodrigo Paiva (Novo)

Uma das bandeiras levantadas pelo candidato do Partido Novo é de um transporte inteligente para garantir a mobilidade e o desenvolvimento da cidade. Dessa forma, Rodrigo Paiva aponta a importância da priorização do transporte coletivo em detrimento do individual usando inteligência de tráfego.

As propostas buscam o financiamento de iniciativas privadas e a revisão dos contratos de concessão para viabilizar o uso de tecnologias. Junto a outras empresas como SUDECAP (Superintendência de Desenvolvimento da Capital) e BHTrans (Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte), o candidato pretende ter apoio técnico, gerenciamento e consultoria dos serviços de transporte presentes na cidade.

Rodrigo também prevê investimentos para o desenvolvimento e aprimoração de aplicativos para mapeamento de rotas para o cliente. O objetivo é otimizar e adequar os meios de transporte no deslocamento e trabalhar para a redução do valor da passagem para clientes que avisarem os trechos e horários a serem utilizados com antecedência.

Wadson Ribeiro (PCdoB)

Wadson é o único candidato que prevê como subsídio para redução da tarifa a implementação de taxas no transporte por aplicativo, em estacionamentos pagos e no estacionamento rotativo. Além ainda de comentar sobre a possibilidade de gratuidade aos domingos e feriados a partir desse financiamento.

A proposta de taxação por transporte de aplicativo visa a cobrança de uma média de R$ 0,15 a depender do horário, por km rodado em BH. Considerando que a cidade possui cerca de 40 mil motoristas de aplicativos, cada um percorrendo diariamente cerca de 200 km/dia, a arrecadação total seria próximo a R$ 30 milhões por mês.

A taxação por transporte de aplicativo é parecida com a medida adotada em São Paulo, com um imposto municipal de R$0,10/km. Essa iniciativa pode servir como modelo internacional de regulação do serviço prestado na cidade.

Outro modelo de financiamento previsto vem através do trabalhador de carteira assinada. Ao invés das empresas pagarem o vale-transporte para cada profissional, o valor será recolhido pela prefeitura e a pessoa receberá um cartão de gratuidade no transporte público e não terá o valor descontado de seu salário.

Essa medida se espelha ao Taux Du Versement Transport (TVT) da França, no entanto não é claro os parâmetros a serem adotados para o recolhimento. Além disso, não há medidas descritas para pessoas sem carteira assinada, número este que cresce a cada dia diante da crise que enfrentamos.

Wadson também pretende descentralizar a gestão do sistema de arrecadação tarifária. Hoje, quem cuida dessa questão é a Transfácil, consórcio de empresas privadas do setor. Com a retomada da gestão do sistema de bilhetagem eletrônica para a prefeitura, o candidato pretende garantir o controle e fiscalização efetiva da operação, podendo ainda gerar receita para contribuir na redução da tarifa.

Essa descentralização da gestão é citada por muitos estudos da área, os quais indicam que não é bom as empresas que operam o transporte coletivo também operarem a bilhetagem.

O candidato ainda propõe a formação de um convênio de cooperação entre municípios da RMBH e Governo do Estado a fim de promover a integração operacional e tarifária do sistema de transporte na região. Além de outras propostas relacionadas à melhoria do sistema e da infraestrutura para o setor.

Wanderson Rocha (PSTU)

O PSTU tem forte luta contra o processo de privatização do metrô e, como uma das propostas para redução na tarifa do mesmo, prevê o financiamento impulsionado através do valor pago pelas empresas mineradoras devido ao uso da malha viária pública.

O candidato também propõe a interrupção de todos os contratos descumpridos pelas empresas privadas que hoje detêm concessão sobre o transporte coletivo de Belo Horizonte. Wanderson justifica a proposta por meio das não conformidades ocorridas durante disputa sobre a concessão do transporte em 2008 e multas acumuladas durante esses anos.

A revisão de contratos também está listada entre as propostas, principalmente sobre o detalhamento do custo real de cada viagem e o lucro das empresas e concessionárias que fazem a gestão atual do sistema.

Wanderson demonstra atenção ao que diz respeito à participação da sociedade nas decisões do transporte público, prevendo construir um Fórum de Debate sobre o papel deste como serviço público, coletivo e gratuito. O objetivo é debater sobre a limitação dos transportes na procura por emprego, estudos, acesso à saúde, espaços esportivos e de lazer.

Outro ponto de atenção ao plano são as iniciativas voltadas à inserção e inclusão de trabalhadores do transporte através da criação de Conselhos Regionais, revisão de plano de cargos e salários e abertura de novos concursos públicos para o setor.

Wanderson ainda reforça a possibilidade de redução de tarifa ou Tarifa Zero embasando sua proposta com modelos aplicados em outras cidades de Minas Gerais. Em Maricá, exemplo citado pelo candidato, com cerca de 150 mil habitantes, a prefeitura da cidade arca com, no máximo, 2% do orçamento para garantir o transporte público à população.

Outros candidatos analisados pela Redação Agora é Simples, como Alexandre Kalil (PSD) e Marília Domingues (PCO) possuem poucas ou nenhuma proposta clara sobre transporte público. Já o candidato Bruno Engler (PRTB) não havia proposta de governo divulgada no site do TSE até o dia desta publicação.

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Referências

Notícia sobre retirada de cobradores dos ônibus em BH. Disponível em: <https://www.hojeemdia.com.br/horizontes/retirada-de-cobradores-dos-coletivos-de-bh-economiza-r-210-milh%C3%B5es-em-um-ano-1.775802>. Acesso em: 08 de outubro de 2020.

INRIX. Ranking de tráfego global 2019. Disponível em: <https://inrix.com/scorecard/>. Acesso em: 08 de outubro de 2020.

Planos de governo de candidatos à prefeitura em Belo Horizonte. Disponível em: <http://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/municipios/2020/2030402020/41238/candidatos>. Acesso em: 08 de outubro de 2020.

PlanMob-BH. Plano de Mobilidade de Belo Horizonte. Disponível em: <https://www.mobilidadebh.org/plano>. Acesso em 09 de outubro de 2020.

Transporte público: quais são as propostas dos candidatos em São Paulo?

Veja quais são as principais propostas e se elas estão condizentes com o que dizem os maiores especialistas da área.

A campanha eleitoral já começou e o transporte público é parte importante do debate envolvendo os atuais candidatos. Desde 2015 como um direito social garantido pela Constituição, sistemas públicos de transporte ganham cada vez mais atenção por parte da população, principalmente nesse momento de decisão do voto. 

Pensando em fazer um trabalho de informação social, a Redação do Agora é Simples separou as propostas para a mobilidade urbana e transportes coletivos dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo, maior cidade da América Latina e com o transporte público mais complexo dessa região. 

Dentre as propostas, analisaremos sua viabilidade com base em artigos e documentos já publicados por especialistas do setor. A proposta desse artigo é qualificar os planos de governo dos postulantes, buscando uma realidade prática para seus mandados (2021-2024), rompendo com o populismo sem base e respaldo técnico e científico sério. 

O que falam especialistas do setor

Para este desafio utilizaremos como base alguns documentos da área, assinados por instituições como a Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU), Associação Nacional do Transporte Público (ANTP), Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana, Banco Mundial e portais, a saber Caos Planejado e A Cidade Estacionada

Pontos comuns entre os maiores especialistas sobre como melhorar a qualidade e diminuir o valor do transporte público: 

  • Custeio

Os subsídios pagos ao transporte por prefeituras é cada vez maior, em São Paulo chegam a 3 bilhões e não resolvem problemas crônicos do setor. A tarifa é calculada, principalmente, a partir de previsão da demanda e custos da operação. Com custos aumentando e cada vez menos passageiros há uma enorme pressão por constantes aumentos no preço da passagem e mais repasse do poder público aos sistemas.

Entretanto, a permanência nesse modelo diminui ainda mais os passageiros e perpetua a defasagem do transporte público. Como a tarifa paga pelo usuário é a principal fonte de recursos, há pouco espaço para novos investimentos e melhorias. Novos modelos de concessão e de obtenção de receitas são urgentes para manutenção e investimentos nos sistemas. 

Entre as propostas para romper com esse problema estrutural estão licitações que prevejam remuneração a partir de metas de operação; redesenho das linhas com uso dados de origem e destino em tempo real; distinção da licitação para operar o sistema de transportes e a oferta de veículos; pagamento digital facilitado à população; revisão de como são aplicadas e financiadas as gratuidades hoje. 

  • Infraestrutura

A criação de corredores de ônibus, BRTs e linhas de trem e metrô são urgentes. Principalmente para os ônibus, esses investimentos aumentam sua velocidade média e atraem novos usuários, que vão preferir a velocidade do transporte público ao trânsito do transporte privado. 

Outro fator visto como positivo para melhorar a mobilidade da população nas periferias é a oferta de micro ônibus e vans que forneçam serviços entre bairros, complementando o transporte de massa. 

Além dessas propostas, investimentos em iluminação, calçadas, ciclovias e pontos de ônibus também qualificam os sistemas de transporte coletivo com integração à mobilidade ativa. 

  • Financiamento

Hoje operadores de transporte e o poder público encontram muita dificuldade para fazer investimentos. Especialistas afirmam ser necessário abrir novas linhas de crédito e parcerias público-privadas que garantam os investimentos necessários. Novos tipos de licitação também podem contribuir para solução desse problema, dando mais dinamismo à concorrência. 

  • Transparência

Conhecido por ser uma “caixa preta”, até mesmo entidades do setor admitem ser necessário criar mecanismos de controle da população sobre os custos, os pagamentos e os investimentos no transporte público, justamente para aumentar a confiança e a visão positiva da opinião pública. 

Entre as propostas estão aplicativos de fiscalização, comunicação institucional e maior participação da sociedade civil em comissões e órgãos relacionados à mobilidade e transportes. 

  • Padrões de qualidade

Ter critérios claros e objetivos para operadores de transporte executarem seus serviços. Reduzir o tempo de viagem, estabelecer novos horários para atividades econômicas a fim de diminuir o “horário de pico”, ouvir o público usuário e criar mecanismos que dê incentivos para boa qualidade e puna em casos de descumprimento de contratos.

Com base nesses pontos, analisamos os planos de governo dos candidatos em busca de propostas que vão ao encontro ou contra o que propõe as principais vozes do setor. 

Joice Hasselmann (PSL)

Nas oportunidades que teve na mídia, a candidata do PSL enfatizou que irá extinguir a SPTrans, responsável por regular o Bilhete Único e o sistema de transporte sob ônibus na capital. 

Em debate na TV Bandeirantes, o primeiro da campanha, a candidata afirmou que a companhia “não serve para nada, e não faz a fiscalização“ e que serve como “cabidão de empregos”. 

De acordo com o portal da transparência da prefeitura, a SPTrans possui 1765 funcionários, entre comissionados – aqueles de confiança, sem concurso, que são indicações política – técnicos e de carreira. Desse total, 222 são comissionados, cerca de 12%. 

Em matéria no Diário do Transporte, em 2014, especialistas alertaram para o alto número de profissionais sem concurso na estrutura da companhia pública. Entretanto, não há registro entre os maiores especialistas de propostas para extinção da companhia, apenas seu fortalecimento e desburocratização. 

Segundo o Banco Mundial, Autoridades de Transporte, como a SPTrans, podem inovar na forma como prestam seus serviços, sendo as donas dos ônibus e garagens, alugando-os às empresas contratadas. Nada sobre extinguir entidades que gerem sistemas de transporte. 

Na fala da candidata Hasselmann também não fica claro qual órgão ficaria responsável pelas atribuições hoje da SPTrans, como a administração do Bilhete Único, responsável por movimentar bilhões todos os anos. 

Márcio França (PSB)

Em 35 páginas o ex-governador e atual candidato, Márcio França, expõe seu plano de governo, dedicando duas páginas à mobilidade e transportes. O principal ponto é a gratuidade no transporte público aos domingos e feriados, compromisso reafirmado no primeiro debate na TV

Para pagar por esse benefício, a candidatura propõe um patrocínio em rede de comerciantes e prestadores de serviço que forem beneficiados com o maior fluxo de pessoas nesses dias e publicidade dentro dos ônibus. Não especifica nada sobre os investimentos para instalação e manutenção das TVs com fins publicitários. 

Embora seja uma proposta benéfica, principalmente para inclusão de grupos vulneráveis em atividades de lazer e cultura no final de semana, a iniciativa não ataca os problemas crônicos do transporte público, como seu financiamento

Em um ponto do plano de governo, França afirma que manterá o preço da tarifa como é hoje, assim como aumentar o tempo da integração, sem explicar se aumentará subsídios ou encontrará novas fontes de receitas para manter os sistemas. 

Outro ponto é “transparência para a bilhetagem”, responsável pelo sistema do Bilhete Único. Transparência, não só na bilhetagem mas em toda a relação sociedade-sistema de transporte, é uma das propostas para qualificação do transporte público das principais entidades do setor. 

O candidato também propõe a utilização do saldo do Bilhete Único tanto em ônibus, quanto em Uber e táxis. A prefeitura subsidiará a proposta e o objetivo é evitar a comercialização do saldo pelos passageiros. 

Guilherme Boulos (PSOL) 

As propostas para mobilidade urbana da candidatura de Boulos à Prefeitura possuem três páginas, sendo a mais ousada e detalhada entre as analisadas. 

O ponto que chama mais atenção é a proposta de tarifa zero para desempregados e estudantes. A proposta já foi ensaiada pela gestão de Fernando Haddad (PT), mas o Bilhete Único Desempregado nunca saiu do papel. Estudantes possuem, com exceções, gratuidade hoje. 

Diferentemente de outros planos, este aborda, mesmo que de forma superficial, como as gratuidades serão pagas. Existe a proposta da criação de um fundo municipal de subsídio ao transporte público, com recursos de diversas fontes não especificadas no plano. 

Porém, em discursos o postulante do PSOL afirma que fará uma reavaliação de contratos e novos modelos de licitação, o que é comum entre especialistas. Em muitos casos, independente da qualidade do serviço operadores de transporte são remunerados, perpetuando uma baixa qualidade e alta lucratividade. 

De acordo com o documento da ANTP e NTU, um fundo com receitas extra tarifárias é um ponto fundamental para termos transportes melhores, à exemplo de países europeus, que possuem taxas de congestionamento, gestão do meio fio e taxas para comércios em lugares valorizados por causa do transporte como fontes alternativas de recursos.

Brevemente, o plano de Boulos cita renegociar o vale-transporte para torná-lo fonte de recursos para o sistema de transporte, medida também vista entre as propostas de entidades do setor. A reformulação das licitações também está entre as propostas, ação fundamental para criar inovações na forma como empresas são remuneradas e prestam seus serviços.

Outro ponto que chama a atenção é a criação da Autoridade Metropolitana de Transportes Urbanos, que ficaria responsável pelo planejamento de mobilidade em toda a região metropolitana. Há anos especialistas no tema afirmam que um órgão como esse é necessário para que as cidades da região metropolitana cresçam de forma integrada em seus transportes, como recursos racionalizados.

Celso Russomanno (Republicanos)

O líder nas pesquisas de intenção de voto dedica 3 páginas à mobilidade urbana, com destaque ao fortalecimento e otimização da CET – Companhia de Engenharia de Tráfego. 

Para o transporte público as propostas são “promover o incentivo ao uso do transporte público”, que para a candidatura se dará por meio da maior integração entre modais e melhoria de calçadas e vias públicas. A única proposta expressa no plano para o financiamento do transporte público é a concessão de terminais de ônibus, já em curso na atual gestão. 

Por fim, na última semana coluna no jornal Folha de São Paulo apontou interesse de empresa em nome de Russomanno em vender créditos do Bilhete Único na capital. O candidato se defendeu alegando que não há dinheiro envolvido e que as negociações estão paradas. 

Bruno Covas (PSDB)

Em seu plano de governo Bruno Covas apresenta obras que já estão em andamento, como linhas de BRT. Defende os quilômetros criados de corredores de ônibus e a principal promessa fica a cargo do transporte Aquático, nas represas da cidade realizado por barcas. A gestão pretende integrar esse novo modal ao Bilhete Único. 

Como atual ocupante do cargo de prefeito, Covas se encontra com o “teto de vidro”, pois sua gestão pode ser criticada em diversos pontos. Apesar de se orgulhar no plano de governo dos avanços em reformas de calçadas, cerca de 1,6 milhão de m² foram recuperados, apenas R$131 milhões dos R$400 milhões previstos em orçamento foram aplicados. 

Não há propostas para financiamento do transporte público. 

Andrea Matarazzo (PSD)

O postulante do PSD é o único entre o analisados que propõe uma redução progressiva dos subsídios às empresas de transporte público. No plano, se expressa a vontade de substituir os repasses por novas fontes de receita, sem especificar quais seriam esses novos recursos. 

Um ponto que chama a atenção é a proposta de fechar corredores de ônibus que funcionem em redundância com metrô em horários de pico. Não fica claro o objetivo dessa ação, mas parece que é favorável aos carros. 

As sobreposições de linhas de ônibus acontecem e têm sido palco de discussões recentes entre a SPTrans e a EMTU. Pela falta de transparência de dados de bilhetagem não encontramos dados ou evidências que corroborem a fala de Matarazzo sobre a sobreposição específica entre ônibus e metrô.

Filipe Sabará (Novo)

O principal ponto relacionado ao transporte público no plano de governo do candidado do Novo é o uso do termo “mobilidade como serviço”. O candidato se compromete a integrar o Bilhete Único com novos modais, facilitando entrantes no setor de transportes. Entretanto, o candidato utiliza como exemplo os patinetes, modal de transporte que encontra dificuldade em operar no mundo todo por conta de seu modelo de negócios insustentável. 

Especialistas em mobilidade, por outro lado, sugerem a reinserção organizada de vans e micro ônibus operados por motoristas independentes ou não, antes conhecidos como “perueiros”. Esses meios foram proibidos na maioria das cidades nas últimas décadas, mas poderiam aproveitar novos marcos regulatórios impostos por empresas como Uber e 99 para voltar a suprir carências, sobretudo em bairros periféricos de baixa densidade.

Por fim, no plano do candidato do NOVO o poder privado surge como grande apoiador da política de mobilidade, tanto com novos modais integrados ao transporte público, quanto em parcerias público-privadas na modernização de calçadas seguindo critérios técnicos. 

Jilmar Tatto (PT)

Na parte de mobilidade urbana do plano de governo, Jilmar Tatto aborda um histórico das políticas implementadas no setor anteriormente, apresentando pontos positivos e negativos de cada gestão. O próprio Tatto já foi secretário de transportes na cidade durante as gestões de Marta Suplicy e Fernando Haddad. 

Como propostas para esse mandato, o candidato descreve em 3 páginas e meia iniciativas em prol principalmente da mobilidade ativa. Um ponto que chama atenção é o desejo de implementar a Tarifa Zero nos ônibus da cidade. O projeto é voltado às famílias de baixa renda e terá como fonte de financiamento a cobrança de estacionamentos públicos.

Vale lembrar que a Zona Azul da capital é concedida à iniciativa privada e que esses espaços públicos custam R$5 a hora, muito abaixo da média de estacionamentos privados. Aumentar os custos para o uso do meio-fio é uma medida defendida por urbanistas, pesquisadores e entidades.

No plano, ainda há referência a subsídios para estudantes, população LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade, pessoas desempregadas, idosos e gestantes. Acrescentando proposta de combate ao assédio sexual, retomando segurança e fiscalização no transporte entre 20h e 6h.

Outra questão é a criação de Empresa Pública Municipal de Transporte Coletivo para operar o sistema de forma ambientalmente sustentável. No entanto, não há definições específicas sobre o que se trata essa empresa.

Por fim, sobre a infraestrutura, o candidato aborda  a necessidade da intermodalidade, reformas, oferta de serviço de qualidade etc – nada de novo do que já é dever das prefeituras.

Levy Fidelix (PRTB)

As propostas para o transporte público de Levy Fidelix são voltadas à qualidade e reestruturação de malhas e frotas de ônibus. Para isso, o candidato prevê abertura de novas licitações e introdução de ônibus elétrico e a gás de forma que, até 2021, esses ônibus constituam pelo menos 5% da frota total.

A ideia de substituir veículos hoje muito poluentes por elétricos é boa, mas operadores de transporte encontram muita dificuldade para obter linhas de crédito, problema não abordado no plano de governo do candidato. Além disso, um ônibus elétrico custa muito mais e possui uma autonomia ainda baixa, o que demanda mais veículos para rodar enquanto alguns são carregados. Esses desafios não são abordados no plano. 

Uma observação a se fazer é a proibição de linhas de ônibus que cruzam o centro da cidade paulista. A ideia é permitir que empresas transportem passageiros somente até o centro, e não mais façam o sentido bairro-bairro. Essa troncalização é muito criticada, pois diminui o custo da operação em detrimento da qualidade ao passageiro, que terá de fazer mais baldeações até seu destino. 

Aliado a isso, Levy ainda deseja ampliar a frota de táxis e reduzir tarifas cobradas da população para incentivo ao uso de carros. Esses pontos vão contra todas políticas em prol do uso do transporte público e da sustentabilidade na cidade, que priorizam o coletivo em detrimento do individual. 

Marina Helou (Rede)

O partido Rede vem com a proposta de “São Paulo sustentável: inclusiva, inovadora, saudável e acolhedora”. Com isso, Marina se mostra bastante preocupada com o principal público que usa o transporte público na cidade, ou seja, pessoas de baixa renda.

Entre 17 propostas, a candidata aborda a redução do valor da tarifa de ônibus, integração e intermodalidade do transporte, descentralização dos carros e, no quesito de levar a cidade para as periferias, Marina aborda o conceito de Paris em 15 minutos – que já falamos aqui no portal.

O plano se mostra firme sobre a importância da população na construção de um transporte de qualidade. Como forma de sustentar essa máquina, a candidata pretende transformar o Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT) em órgão deliberativo, ampliando para 50% os assentos destinados à sociedade.

Conjuntamente, pretende criar o Fórum do Transporte Sustentável da Cidade de São Paulo como órgão consultivo, também destinado à participação e atuação da sociedade.

Vera Lucia (PSTU)

Como candidata à prefeitura, Vera Lucia é bem sucinta e direta em suas propostas. Referente ao transporte público, enfatiza a estatização dos transportes públicos e o “fim da máfia dos transportes”.

Ainda aponta a necessidade da reconstrução da Companhia Municipal de Transportes Coletivos  (CMTC) sob o controle dos trabalhadores e da comunidade, e promete passe livre para estudantes e pessoas desempregadas. Assim como outros candidatos, busca a redução de tarifa de ônibus, com proposta de seguir rumo à Tarifa Zero.

Arthur do Val (Patriota)

A principal proposta do candidato tem embasamento nos principais estudos em urbanismo e mobilidade: aumentar o adensamento urbano. A cidade de São Paulo é uma das mais espraiadas do mundo, ou seja, com maior extensão geográfica. Isso se deve aos planos diretores que priorizaram por décadas levar às pessoas até as regiões mais distantes da cidade.

Para a próxima gestão rever o plano diretor é uma grande oportunidade, pois em 2021 o planejamento dos próximos 10 anos será feito novamente.

O postulante do Patriota sugere cobrar menos pela verticalização da cidade nas regiões centrais, com a construção de prédios mais altos, que permitam a população morar perto do trabalho e estudo.

Os outros candidatos analisados pela redação do Agora é Simples, como Antonio Carlos (PCO) e Orlando Silva (PCdoB) possuem poucas ou nenhuma proposta clara sobre transporte público. 

Concluindo, cabe ressaltar neste artigo que, além do direito ao voto, a Constituição prevê outras formas de participação popular. Nós, como civis, temos direito ao voto em plebiscitos, sobre medidas ainda não implementadas; em referendos, sobre textos de leis já propostas. Além ainda de podermos apresentar um projeto que, sendo assinado por pelo menos 1% dos eleitores em, no mínimo, 5 estados, deverá ser avaliado pelo Congresso.

Logo, a participação política não cabe somente aos candidatos à política, todas as pessoas têm o direito e dever de atuar e fiscalizar as ações que estão sendo implementadas. Uma cidade inteligente, integrada e sustentável requer a participação de todos.

Acesse os planos de governo: 

Andrea Matarazzo (PSD)

Antonio Carlos Silvas (PCO)

Arthur do Val (Patriota)

Bruno Covas (PSDB)

Celso Russomanno (Republicanos)

Filipe Sabará (NOVO)

Guilherme Boulos (PSOL)

Jilmar Tatto (PT)

Joice Hasselmann (PSL)

Levy Fidelix (PRTB)

Marina Helou (REDE)

Márcio França (PSB)

Orlando Silva Jr. (PCdoB)

Vera Lúcia (PSTU)

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Referências 

Agora é Simples. Estratégias de requalificação do transporte público para cidades, gestores e empresas. Disponível em: <https://agoraesimples.com.br/e-book-estrategias-de-requalificacao-do-transporte-publico/>. Acesso em 06 de outubro de 2020. 

Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) et al. Como ter um transporte público eficiente, barato e com qualidade na sua cidade. Disponível em: <https://files.antp.org.br/2020/9/28/guia-transporte-publico-nas-eleicoes-2020_web.pdf>. Acesso em 05 de outubro de 2020. 

Caos Planejado. Como evitar o colapso do transporte coletivo no pós pandemia. Disponível em: <https://caosplanejado.com/como-evitar-o-colapso-do-transporte-coletivo-pos-pandemia/>. Acesso em 06 de outubro de 2020. 

Debate ao vivo. Eleições 2020 – Bandeirantes. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4pWftXUlNgQ>. Acesso em 07 de outubro de 2020.

Fala Universidades. Resumos e propostas dos candidatos à prefeitura de São Paulo 2020. Disponível em: <https://falauniversidades.com.br/candidatos-a-prefeitura-sao-paulo-2020/>. Acesso em 04 de outubro de 2020. 

João Melhado. A cidade estacionada: uma análise sobre a gestão do meio-fio e da zona azul em São Paulo. Disponível em: <https://www.acidadeestacionada.com/>. Acesso em 06 de outubro de 2020. World Bank. One Bus Away: How unbundling bus provision from operation can support bus modernization programs. Disponível: <https://blogs.worldbank.org/transport/one-bus-away-how-unbundling-bus-provision-operation-can-support-bus-modernization-programs>. Acesso em 06 de outubro de 2020.