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Quais dificuldades encontra quem usa o transporte público na pandemia?

Pesquisas no Brasil traçam os motivos das pessoas que utilizam o transporte coletivo durante a pandemia e apontam melhorias a serem realizadas.

Foto: Agência Brasil.

A utilização do transporte público durante a pandemia foi e ainda é motivo de preocupação de quem utiliza e de quem opera o sistema. Conhecer o público desse setor é primordial para a implementação de medidas válidas de melhoria.

Sabendo disso, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) realizou uma pesquisa que traçou os motivos de quem usa o transporte público durante a pandemia de Covid-19. O objetivo do levantamento é encontrar soluções para os problemas enfrentados por quem depende do transporte para se locomover.

O estudo foi realizado durante o mês de agosto em quatro Terminais Integrados da Região Metropolitana do Recife. As questões principais eram entender os motivos pelos quais a população utiliza o transporte coletivo nos horários de pico, as principais dificuldades enfrentadas pelas pessoas e quais os cuidados os passageiros estão tendo durante a pandemia. 

Aguardar transportes menos lotados (14%), distanciamento social (11%) e evitar horário de pico (8%) tiveram menor adesão. 

Em Recife houve escalonamento de horários de trabalho a fim de tentar evitar aglomerações dentro dos coletivos, no entanto, não apresentou impacto positivo devido a diminuição da frota de ônibus. Assim, durante a pesquisa, a maior reclamação dos entrevistados era em relação ao tempo de espera entre as viagens, seguido da superlotação dos ônibus e da redução das linhas.

Em relação aos cuidados adotados ao utilizar o transporte público, 97% afirmaram que utilizam a máscara para proteção, seguido de 74% que utilizam o álcool em gel. 

“As demais maneiras de proteção esbarram em questões mais estruturais e de difícil expansão no curto prazo, como a frota de veículos disponível para o transporte público.”

– Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE, para o Folha PE.

Essas questões estruturais, entre inúmeros fatores, envolve a situação socioeconômica da sociedade. Segundo a NTU, as classes que mais utilizam e dependem do transporte são as classes D, C e E.

“Enquanto a classe média se desloca de carro sozinha e com máscara, a população de trabalhadores da periferia simplesmente tem que se submeter à jornada no transporte público […]

– explica Breitner Luiz Tavares, doutor em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador de saúde coletiva, para a agência Pública.

De acordo com Breitner, os problemas do transporte público sempre existiram, no entanto, a pandemia apenas reforçou o quadro de desigualdade e de um desenvolvimento urbano centrado na ideia do carro.

O estudo “Como anda meu ônibus”, realizada no Distrito Federal no 1º semestre de 2020, apontou que a maior parte dos passageiros utiliza o transporte público 5 vezes ou mais na semana, 2x ao dia, sendo as principais finalidades de uso para trabalhar e/ou estudar nos horários de pico, ou seja, das 5h às 8h e das 17h às 20h.

No levantamento do DF, a quantidade de passageiros foi o indicador com pior avaliação, seguido do preço da passagem e tempo de espera. Em relação a infraestrutura dos ônibus, as avaliações demonstraram total insatisfação dos passageiros. 

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