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Tendências para o transporte público no pós pandemia

Evento Connected Smart Cities Mobility Digital Xperience traz palestrantes do setor de transporte público e aborda tendências e projetos para o pós pandemia

Nos dias 8 a 9 de setembro, foi realizada, de forma totalmente online, a 6ª edição do evento do Connected Smart Cities Mobility, CSCM Digital Xperience. O evento promoveu temas como o novo conceito do transporte público no pós-pandemia, o projeto BRT em Campinas, a intermodalidade e disrupção para o setor de transporte público, além de projetos de mobilidade no programa de parcerias do Estado de São Paulo.

O mestre DX, Filipe Lemos, conduziu o evento o qual seguiu das apresentações de cada local e mesa de debate. Filipe reforçou que o evento volta-se para a criação de cidades inteligentes, mais humanas e sustentáveis além de, este ano, estarem apoiando o Instituto As Valquírias.

O primeiro palestrante, secretário Carlos Barreiro, da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas, apresentou o projeto da instalação de BRT na cidade, afirma que a mobilidade elétrica está inserida no transporte público dentro do conceito de mobilidade urbana e sustentável. 

Campinas foi contemplada com um recurso de aceleração para mobilidade, onde o mesmo foi destinado à implantação de corredores exclusivos para BRT em 2018, onde são previstos a implantação de cerca de 37 km além de integração com sistema convencional e malha cicloviária. Atualmente, de acordo com o secretário, 82% das obras estão concluídas.

As melhorias observadas envolvem:

  • Mais agilidade
  • Mais segurança devido à iluminação LED
  • Requalificação asfáltica
  • Melhoria na fluidez viária
  • Eliminação de pontos de cruzamento em nível
  • Desenvolvimento econômico no entorno dos corredores
  • Evitando a combustão de cerca de 155 mil litros de diesel

Em seguida, Paulo Roberto de Guimarães, secretário da SEMOB/SJC (Secretaria de Mobilidade Urbana de São José dos Campos), abordou o fato do impacto da pandemia no transporte público, principalmente em decorrência da diminuição do serviço nesse momento, e a necessidade de reinventar o sistema nas cidades. 

Atrelado à esses fatos, o palestrante direciona a necessidade de construção de um novo transporte voltado para aumentar a atratividade do transporte, oferecendo mais frequência, mais conforto e menor valor da tarifa, além de modernizar o sistema e oferecer um transporte menos poluentes.

A proposta para SJC é a instalação de dois modelos de transporte sob demanda, um dos modelos é de tarifa fixa integrada e outro de tarifa variável, o qual se aproxima ao modelo dos transportes por aplicativo. Esse último modelo tem como objetivo gerar receita adicional além de competir com o transporte individual.

Paulo comenta a necessidade da separação do sistema apresentando como solução a divisão de 5 sistemas de inteligentes de tecnologia:

  • Financeiro (compensação de créditos, tarifa, entre outros)
  • Operacional (localização dos veículos, GPS, controle de frota)
  • Comunicação com usuários (aplicativo, informações de ônibus)
  • Transporte sob demanda
  • Mobilidade como serviço (MaaS)

Um ponto importante é a desmistificação do transporte público ser um vetor do novo coronavírus. De acordo com o secretário, 5,8% da população de São José dos Campos podem ter sido infectados no transporte público e, em relação aos funcionários das empresas de ônibus, apenas 2,72% testaram positivo para o vírus. Os resultados vieram através de ações de segurança e qualidade no serviço em SJC, além de acompanhamento de oferta e demanda, monitoramento de superlotações, pesquisas de carregamento visual.

Além disso, Paulo Roberto falou que as cidades que não podem fazer uma nova licitação neste momento, caso estejam no meio de um contrato ou acabaram de assiná-lo, podem exigir melhorias e/ou novos formatos como contrapartida do fundo para a mobilidade de R$4 bilhões que foi aprovado no Congresso recentemente. Vale ressaltar que este é um momento de negociação também.

Seguindo nas palestras, Roberto Speicys Cardoso, sócio fundador da Scipopulis, também aponta as consequências do vírus na sociedade. Roberto mostra dados referente às frotas e número de passageiros, tanto de carro quanto de ônibus, para exemplificar a situação de impacto caso o transporte individual fosse o principal de locomoção meio na cidade de São Paulo. Em entrevista à Redação Agora é Simples, Roberto conta sobre como é feito o planejamento da oferta de transporte público.

De acordo com Roberto, ainda há desafios sanitários no sentido de manter o transporte higienizado e seguro principalmente neste momento, problemas de imagem no transporte devido à população acreditar que este não é 100% seguro, além de problemas relacionados à eficiência e sustentabilidade financeira, devido a redução de frota durante pandemia.

O palestrante aponta as perspectivas do transporte, fazendo uma análise do pré pandemia conjuntamente com uma projeção para o pós pandemia. As perspectivas são positivas no que diz respeito à velocidade, emissão de poluentes e outros dados provenientes do Trancity, ferramenta desenvolvida pela Scipopulis juntamente com o grupo Green4T. A ferramenta é gratuita com objetivo de auxiliar a gestão do transporte na pandemia.

Sabemos que o transporte público é fundamental para as cidades e que o financiamento vem sendo um problema há alguns anos, mas que seu grau de intensidade ampliou durante a pandemia e que mais dinheiro não basta. 

A secretária executiva do Conselho de Desestatização do Estado de São Paulo, Gabriela Engler, conta um pouco sobre os projetos de mobilidade existentes no estado de São Paulo. Hoje existem 3 projetos ativos: PPP Trem Intercidades, Concessão de Linhas da CPTM e a Concessão de Ônibus intermunicipal.

Todos os modelos e soluções propostas direcionam à sustentabilidade do transporte e fornecem insights interessantes para gestores do transporte. O evento está disponível através do link e pode ser acessado gratuitamente: www.sites.google.com/nectainova.com.br/cscmdx-10-palco11-11h/

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Causas sociais ganham destaque na mobilidade urbana

Estudos sobre os fatores que impactam a mobilidade urbana nas cidades garantem melhor desenvolvimento e maior qualidade de vida para a sociedade

Foto: Werther Santana.

A discussão sobre as condições de mobilidade urbana é muito importante para aumentar a qualidade de vida nas cidades. Com isso, em decorrência dos eventos em 2020, muitas articulações do setor começaram a abordar e tentar entender ainda mais as intersecções que ocorrem em decorrência de cor, gênero, classe social e econômica, entre outros fatores existentes.

O transporte mais comum do mundo é o caminhar, além de ser um dos indicadores mais confiáveis ​​sobre equidade urbana, resiliência, saúde, poluição do ar e qualidade de vida geral. Assim, o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP, na sigla em inglês), divulgou o relatório “Pedestres em primeiro lugar”, o qual aponta uma análise global sobre a mobilidade nas cidades.

O ITPD se dedica à promoção do transporte sustentável e equitativo mundo afora, focado na acessibilidade, redução de emissões de carbono e desigualdade social. Dessa forma, o estudo mostrou que as cidades brasileiras ainda falham em oferecer espaços caminháveis e serviços essenciais próximos para seus habitantes.

“Esse estudo deixou claro que o país precisa melhorar o acesso a pé de espaços públicos”

– Danielle Hoppe, gerente de Transportes Ativos do ITDP Brasil.

O relatório também inclui recomendações de políticas baseadas em dados que podem ajudar os líderes locais a melhorar a mobilidade de suas cidades. Ainda é possível comparar os dados em qualquer cidade global ou área metropolitana com população de 500.000 ou mais.

Seguindo a pauta de mobilidade ativa, uma iniciativa da AMoBici deu origem a Carta-Compromisso com a Mobilidade Ativa de Florianópolis, voltada aos candidatos à prefeitura, vice e vereadores. A carta foi divulgada no dia 13 de outubro de 2020 e apresenta foco nos assuntos de caminhabilidade, ciclabilidade e acessibilidade, as propostas estão estruturadas em três eixos: cultura, segurança e infraestrutura.

Na mesma linha, o ITDP em parceria com a WEDO (Organização de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Mulher, em tradução livre), construíram o artigo “Acesso para Todos: Acesso e Gênero”. O estudo mostra como os sistemas de transporte deixaram de levar em conta os diversos padrões e necessidades de mobilidade e fornece recomendações importantes para promover ações com perspectiva de gênero. 

Combate ao preconceito na mobilidade urbana

Quando falamos do transporte público no Brasil o comportamento das classes mais baixas é decisivo para qualquer tomada de decisão, entretanto, o aspecto da raça é por vezes ignorado, mesmo que no Brasil classe e raça estejam entrelaçados. O ITDP Brasil está realizando um estudo especial sobre o impacto do racismo estrutural na mobilidade, presente no projeto “A Cor da Mobilidade”. 

O estudo consiste em uma série de artigos acompanhados de entrevistas que serão divulgados entre os meses de setembro e dezembro deste ano. Na primeira publicação, há dados sobre os principais problemas no cenário brasileiro, sendo que o primeiro é a própria oferta de linhas de ônibus.

A operação de transporte normalmente é pensada para atender as áreas mais nobres e em horários distintos dos que moradores das regiões com população majoritariamente negra saem para o trabalho. Além ainda do valor da tarifa que pode comprometer cerca de 20% do orçamento das famílias brasileiras, segundo dados do IBGE.

“Gestores públicos têm ferramentas para mudar essa realidade. Construir e implementar políticas públicas que sejam sensíveis à raça são caminhos importantes para que o deslocamento de pessoas negras sejam mais seguros e acessíveis. As organizações da sociedade civil e a academia também precisam abordar esse assunto em suas agendas. ”

– Mariana Brito, Coordenadora de Comunicação do ITDP Brasil.

Além da questão racial envolto na mobilidade urbana, existe o machismo cultural. Como proposta ao combate à esse preconceito, uma carta-compromisso de equidade e paridade de gênero foi divulgada em agosto deste ano. A iniciativa recolheu 65 assinaturas, nas quais 13 eram de pessoas físicas e 52 de pessoas jurídicas.

Articulando em conjunto com a iniciativa, a ONBOARD decidiu contribuir com uma demanda da Carta-Compromisso. Como resultado, lançamos a plataforma Direção Feminina que reúne mulheres especialistas que podem falar sobre qualquer assunto em eventos direcionados à mobilidade urbana.

A mobilidade urbana é uma questão social e o estudo sobre os fatores que a impactam pode ajudar na coesão social. Ou seja, ao entender a mobilidade como um todo, pode-se direcionar ações práticas nas áreas social, econômica e territorial impostas sob um regulamento comum para todos, garantindo a equidade e paridade em todos âmbitos.

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Ampliação de faixa e novidades para o transporte em Porto Alegre

Prefeitura de Porto Alegre realiza mudanças no transporte público desde ampliação de faixa exclusiva, implantação de ciclovia e até instalação de QR Codes para melhoria da experiência do usuário

Foto: Alex Rocha/PMPA/JC.

A partir desta sexta-feira, dia 23 de outubro de 2020, começa a ampliação de faixas exclusivas ao transporte público em Porto Alegre. A implantação começa pela Avenida Azenha e vai ampliar para 35.750 metros de faixas a fim de oferecer mais regularidade e agilidade nas viagens.

Segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), serão traçados 750 metros desde a praça Piratini até os cruzamentos da praça Princesa Isabel com a avenida Oscar Pereira. Além da pintura da faixa, todas as travessias de pedestres serão reorganizadas, tendo inclusão de 7 novas faixas de segurança, sendo 3 semaforizadas e com acessibilidade. 

O trecho da faixa exclusiva é demarcado com faixa azul e apresenta uso exclusivo pelos coletivos, seletivos ou táxis. A exclusividade ocorre no horário das 6h às 9h e das 16h às 20h, de segunda a sexta-feira, sendo que fora do horário de pico ficará disponível aos demais veículos. 

Também haverá implantação de ciclovia unidirecional até o Parque Moinhos de Vento (Parcão). Esses projetos possuem o conceito de Ruas Completas, que, aliado à priorização do transporte público, oferecem uma experiência mais segura e democrática para toda população. Ainda inclui a diminuição no tempo de deslocamento, podendo atrair novos passageiros ao transporte coletivo em decorrência da melhora na qualidade do serviço.

As mudanças em Porto Alegre começaram no final de setembro, e contemplam também alterações entre horário de viagem e ampliação na oferta de ônibus. Os ajustes vêm sendo realizados após análises diárias em razão da demanda atual de passageiros. Os cidadãos podem registrar as demandas conjuntamente através do telefone 118.

Por fim, continuando com a proposta de melhorar a experiência de clientes do transporte público, a Prefeitura de Porto Alegre anunciou, no dia 19 de outubro de 2020, a instalação de QR Codes em pontos de ônibus. O objetivo é possibilitar o acompanhamento em tempo real das linhas específicas em cada parada.

Assim, com a leitura do QR Code, o celular será redirecionado a um site com a lista das próximas linhas que passam pelo local, tempo estimado e características do veículo (se possui ar-condicionado e outros). As pessoas que utilizam diariamente o transporte também podem optar por baixar o aplicativo do TRI (Transporte Integrado de Porto Alegre) no celular, disponível em Android e Apple.

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Isso é obrigatório.
Isso é obrigatório.

Medidas para criação de um transporte mais sustentável

Relatório “Transporte para menos de 2 graus” compreende opiniões de especialistas, empresas, ONGs e governos para a transformação do setor de transporte mais sustentável

O projeto Transport for Under Two Degrees (T4<2°), ou “Transporte para menos de 2 graus”, é um estudo prospectivo global sobre a descarbonização e transformação do setor de transporte. O objetivo é identificar desafios e oportunidades para um setor de transporte sustentável e de baixo carbono.

O projeto compactua com as propostas do Acordo de Paris, o qual firma compromisso que o aumento da temperatura média global não ultrapasse 2°C, e é apoiado pelo Fórum Econômico Mundial e pelo Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.

Assim, o projeto T4<2º, que está em desenvolvimento há dois anos, resulta no relatório Way Forwad, baseado em estudos já existentes e novas entrevistas qualitativas. As entrevistas foram realizadas em conjunto com especialistas internacionais do setor de transportes e energia, além da participação de empresas, ONGs e governos. 

O relatório, divulgado no começo de outubro de 2020, há recomendações específicas dos especialistas sobre como alcançar a descarbonização do setor e empenhar esforços internacionais para uma transformação do sistema de transporte. 

Em relação à pandemia de Covid-19, o estudo aponta que em decorrência do declínio da atividade de transporte – e da produção industrial baseada em combustíveis fósseis -, houve melhoria da qualidade do ar e queda nas emissões de gases de efeito estufa. 

“As respostas ao COVID-19 têm mostrado o potencial de uma eventual mudança sistêmica no setor da mobilidade”

– Comitê de Direção do T4<2°.

No entanto, muitos passageiros ficaram com medo de utilizar o transporte público e voltaram aos carros. Assim, de acordo com o relatório, as mudanças positivas para a sociedade só serão realmente implementadas se houverem esforços de recuperação planejados principalmente por tomadores de decisão, ou seja, políticos.

Dessa forma, sabendo que o transporte é responsável por cerca de um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa, as projeções indicam que o setor pode ultrapassar o dobro de suas emissões atuais até 2050 se os negócios continuarem como hoje. Logo, especialistas sugerem que a descarbonização total do setor até 2050 tenha colaboração conjunta de países desenvolvidos e subdesenvolvidos para trabalhar na inclusão social e desempenho econômico.

No debate público sobre o temas, a descarbonização do transporte está frequentemente associada a uma potencial perda de empregos. Porém, dois terços dos especialistas internacionais acreditam que haverá criação de empregos principalmente no setor de transporte, no setor industrial, no desenvolvimento de novas tecnologias, no setor de energia renovável, em serviços digitais, além de empregos na área de turismo.

No entanto, no que se refere ao consumo de energia por veículo, especialistas indicam que deve haver uma tecnologia mais eficiente e renovável para cada meio de transporte. Para isso, as energias eólica e solares são apontadas como promissoras para tornar a transformação do transporte um sucesso.

“A atual capacidade mundial de energias renováveis é insuficiente para atender às metas de eletrificação do transporte; o desenvolvimento de novas energias renováveis é fundamental”

– Líder sênior, no Fórum Global de Energia.

O relatório também aponta que o transporte público, os meios de transporte ativos, os serviços de mobilidade compartilhados, bem como o planejamento urbano sustentável serão a espinha dorsal do transporte urbano ecologicamente correto. Portanto, há de haver investimentos nesse setor com promoção da mobilidade ativa e compartilhamento de transporte. 

Um ponto interessante indicado por especialistas e instituições é a digitalização e condução autônoma. A maioria destes apostam que essas ações auxiliam na redução das emissões de gases de efeito estufa, como implantação de veículos autônomos no transporte rodoviário de passageiros.

Dentre esses e outros insights indicados no relatório, todos eles indicam que, sem governança e apoio de políticas públicas, não haverá uma mudança estrutural que possa atingir o objetivo até 2050. Estes e outros apontamentos podem ser encontrados em detalhes no site do projeto

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Lotação é impedimento para retomada do uso do ônibus em SP, aponta pesquisa

Enquanto ônibus, trem e metrô perdem preferência, uso de transporte individual aumenta, mas acesso é limitado para as classes mais baixas

Foto: Carlos Alberto Silva.

A Rede Nossa São Paulo, organização da sociedade civil, divulgou nesta quinta-feira, 15 de outubro, a pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana”. Em parceria com o Ibope Inteligência, a pesquisa tem como objetivo identificar as tendências de deslocamentos da população de São Paulo para auxílio na elaboração de políticas públicas.

Numa análise temporal, o tempo médio gasto por deslocamento dos paulistanos diminuiu 14 minutos comparado ao ano anterior. Vale ressaltar que a diferença entre o tempo gasto de pessoas que utilizam carro todos os dias e daqueles que utilizam transporte público é de apenas 25 minutos, diferença pequena imposta principalmente devido ao congestionamento existente na grande São Paulo.

Em meio à pandemia de Covid-19, a pesquisa aponta que 35% dos paulistanos não estão saindo de casa para realizar atividades principais do dia-a-dia, o que envolve trabalho e estudo. Isso se deve ao fato de que mais de um terço das pessoas estão trabalhando ou estudando em casa devido ao isolamento social imposto pela pandemia.

Contudo, essa proporção difere ao analisarmos a situação econômica dos entrevistados, indicando que quanto maior a renda e escolaridade, menos as pessoas saem de casa. Como consequência desse cenário, mesmo ainda sendo o meio de transporte mais utilizado, a queda no uso dos ônibus é notória, de 47% das viagens em 2019 para 35% agora. Enquanto isso, viagens a pé e por carro aumentaram. 

Fonte: Pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana” (2020).

É a primeira vez, desde o início da série histórica em 2017, que mais pessoas andam de transporte individual (carros próprios e sob demanda, táxis, bicicletas e a pé), do que transporte público (trem, metrô e ônibus) 

Tratando dos motivos que levam a escolher outro modal, o medo de contrair o novo coronavírus aparece como fator preponderante, logo atrás estão a possibilidade de usar o carro e encontrar veículos de transporte público lotados. 

Fonte: Pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana” (2020).

Entre as pessoas entrevistadas que utilizam o transporte público 5 dias na semana ou mais, destacam-se as que compreendem classes DE (30%), regiões Leste (26%) e Norte (25%). Conjuntamente, os grupos que mais citam lotação como um problema atual são grupos da classe DE (37%) e da Região Sul (35%).

Além disso, realizando uma análise para o pós pandemia, o medo de andar de transporte público continua. Os principais pontos citados no levantamento que justificam a preocupação são os ônibus continuarem superlotados, haver aumento no valor da tarifa de transporte, congestionamentos e aumento no preço da gasolina.

Considerando as atividades de lazer, grande parte da população deixou de utilizar o transporte público como modo de locomoção para esse fim. O motivo disso é principalmente o valor da tarifa de ônibus.

A preferência pelo uso do carro também diminuiu

Embora tenha aumentado os deslocamentos por carro em 2020, o uso diário deste meio está menos frequente em comparação com o ano anterior. Em relação ao ano anterior, a frequência do automóvel caiu de 31 para 28%. Nota-se ainda que o uso é menor quanto menor for a classe social, a renda e a escolaridade.

Por outro lado, deslocamentos a pé tiveram aumento de 7%, entre viagens diárias até corriqueiras, e bicicletas tiveram aumento de 3% na cidade. 

Fonte: Pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana” (2020).

A região Sul foi a que mais se destacou na diminuição do uso do carro, com queda de 18 pontos percentuais. A região Sul apresenta renda média mensal 25% menor do que a média da cidade e, de acordo com dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em setembro houve uma variação de 0,98% nos preços para população mais pobre, enquanto para a classe mais rica, apenas 0,29%.

Esses dados reforçam o impacto da pandemia na classe mais baixa da população. A metade mais pobre da população brasileira perdeu 27,9% de sua renda, enquanto os 10% mais ricos perderam 17,5%. Com isso, a classe mais atingida teve que tomar providências, vendendo ou deixando de usar o automóvel.

Porém, dos entrevistados que já utilizavam o carro antes da pandemia, a pesquisa indicou aumento na frequência de uso, sendo que a pandemia foi a grande impulsionadora. O perfil das pessoas que relataram esse aumento se encontra na faixa de 16 a 44 anos e moradores da região Leste de São Paulo.

Em contrapartida, essas pessoas que não deixaram de andar de carro na cidade de São Paulo deixaria de utilizá-lo caso houvesse uma boa alternativa de transporte público. Para isso, as melhorias que deveriam haver no transporte para chamar atenção destes seriam principalmente melhorias na ventilação (para diminuir o risco de contágio do coronavírus) e das condições físicas do transporte.

Confira a pesquisa completa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana

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Corrida 99 pode ser solicitada pelo Whatsapp em cidades de SP

Demanda por serviço digital e pouco espaço no celular impulsiona parceria entre 99 e Whatsapp

A empresa e aplicativo de transporte individual 99 começa a aceitar pedidos de corrida através do Whatsapp. Além da alta na demanda impulsionada pela pandemia, a iniciativa também envolve a preocupação com o espaço interno nos smartphones brasileiros e a região de acesso à telefonia móvel, principalmente das classes C e D. 

“É um meio de evitar a fricção e permitir acesso ao serviço para um universo maior, já que as pessoas não precisarão mais baixar nosso aplicativo para pedir as corridas”

– Livia Pozzi, diretora de operações da 99, para a Folha.

O Brasil é o primeiro país a implementar a medida. Segundo a 99, será implementada agora em outubro e atenderá inicialmente quatro cidades do interior de São Paulo: São Carlos, Araraquara, Bauru e Presidente Prudente. No entanto, a empresa pretende estar disponível em todo país até o fim de 2020.

As corridas solicitadas através do aplicativo de mensagem só poderão ser pagas com dinheiro e os valores serão os mesmos caso fosse solicitada pelo aplicativo da 99. Com a previsão de implementação do Whatsapp Pay, futuramente poderá haver pagamento por cartão.

No que se diz respeito a segurança, será necessário confirmar os dados cadastrais no primeiro pedido. Em seguida, para solicitar o serviço, deverão ser informados locais de embarque e destino com um mapa integrado. Por fim, o aplicativo enviará uma precisão do valor, tempo de espera, nome do motorista e dados do veículo para o cliente confirmar. 

A parceria se mostra promissora. A 99 possui cerca de 20 milhões de clientes cadastrados no aplicativo e mais de 750 mil motoristas ativos em quase todo Brasil. Já o WhatsApp tem 120 milhões de usuários ativos no país.

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CNH gratuita no Espírito Santo e carteira digital evidenciam mudanças

Programa CNH Social no Espírito Santo promete 4.500 CNH gratuitas para auxiliar a entrada da população no mercado de trabalho

No Espírito Santo o Governo do Estado acaba de abrir 4.500 vagas para a obtenção da CNH de forma gratuita. Para isso, é necessário que a pessoa interessada esteja registrada no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com dados atualizados e realize a inscrição no site do Detran/ES (www.detran.es.gov.br) até o dia 07 de outubro de 2020.

De acordo com o Governo do Estado, a oportunidade é oferecida por meio do programa CNH Social. O incentivo se relaciona ao fato do valor elevado para obtenção da CNH. 

Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) de 2014 a 2017, a emissão da CNH para jovens de 18 a 21 anos caiu 20,61%. Entre as causas estão crise econômica, inconvenientes do trânsito e custo para tirar habilitação.

O projeto CNH Social foi desenvolvido pelo SEST/SENAT (Serviço Social do Transporte e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), em 2004, permitindo a emissão gratuita do documento. O objetivo principal é ampliar o acesso das camadas mais baixas à carteira, favorecendo a inserção no mercado de trabalho.

O projeto está presente somente nos estados de Goiás, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Maranhão, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Amazonas e Acre. Em Espírito Santo, as vagas do projeto em aberto serão destinadas à Primeira Habilitação nas categorias A (moto) ou B (carro), para condutores já habilitados que querem fazer a mudança de categoria para D (van, micro-ônibus, ônibus) ou E (caminhão e carreta) e para a adição de categoria A ou B.

Os requisitos do projeto envolvem:

  • Possuir 18 anos completos no momento da inscrição;
  • Residir no Espírito Santo;
  • Ter renda familiar de até dois salários mínimos; e
  • Não estar judicialmente impedido de possuir a CNH.

Espírito Santo prevê o investimento de quase R$ 7,5 milhões em 2020 para possibilitar o acesso à carteira de habilitação de forma gratuita a pessoas de baixa renda que residem em municípios capixabas. Até 2022, a previsão é que sejam oferecidas 25 mil carteiras de habilitação gratuitamente pelo programa.

Ainda, o programa reservará 5% das vagas para pessoas com deficiência, havendo seleção prévia. Para as pessoas solicitantes que não forem selecionadas na primeira lista, haverá uma nova oportunidade de ser contemplado. Em 2019, 1,2 mil suplentes foram chamados nas duas fases do programa.

A CNH tem buscado se renovar para se tornar mais prática e moderna. Dentre as ações, criaram a CNH Digital.

O que é CNH Digital?

A CNH digital é uma versão digital da CNH, porém com o mesmo valor jurídico da versão impressa e sua obtenção é opcional. O acesso ao documento digital é possível desde o início de fevereiro de 2018, oficializado pelo Denatran, sendo chamado então por Carteira Digital de Trânsito (CDT).

Essa medida foi muito importante durante a pandemia, visto que a maior parte das unidades de atendimento foram paralisadas. Além do mais, a tendência é que a transformação digital cresça neste e em muitos outros setores.

Dentre as vantagens da CNH digital estão principalmente a segurança e praticidade, devido o documento possuir QR Code com dados criptografados podendo ser acessado pelo próprio smartphone. 

Além disso, o documento é considerado oficial conforme Portaria do Denatran nº 184 de 17 de agosto de 2017 e Resolução do Contran nº 684 de 25 de julho de 2017, podendo substituir o documento físico.

CNH Digital. Fonte: Detran/MG.

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App de mobilidade disponibiliza dados de deslocamento

Strava disponibilizou de forma gratuita informações de deslocamentos a pé e bicicletas com intuito de auxiliar gestão da mobilidade urbana nas cidades

O Strava Metro é uma plataforma de monitoramento de transporte urbano que reúne mais de 68 milhões de usuários no mundo e apresenta dados de forma anônima. Na última semana, o app disponibilizou dados de deslocamentos a pé e de bicicleta dos usuários do aplicativo.

A plataforma aponta quais ruas das cidades são mais usadas para pedalar e em quais rotas os ciclistas conseguem ir mais rápido. Também apresenta os trechos mais utilizados em cada dia e horário, e se os ciclistas estão usando a bike como meio de transporte ou só pedalando por lazer.

O compartilhamento de dados divulgado pela empresa é destinado principalmente à urbanistas, governos municipais e ativistas. O foco é que, a partir dos dados, as entidades possam entender padrões de mobilidade, identificar oportunidades de investimento e avaliar o impacto de mudanças na infraestrutura de transporte nas cidades.

De acordo com a empresa, é necessário submeter uma solicitação com plano de mobilidade urbana para ter acesso às informações. Em seguida, os dados são disponibilizados gratuitamente.

“O que se nota ao redor do mundo é que os investimentos em infraestrutura não conseguem acompanhar as mudanças de comportamento das pessoas. […] congestionamentos no trânsito são cada vez mais frequentes. Em paralelo, há um aumento de pessoas se deslocando de bicicleta ou a pé, pelas mais diferentes razões.”

– Rosana Fortes, Country Manager do Strava no Brasil.

Em 2018, o app já registrava aumento de 42% nos deslocamentos inseridos na plataforma. E, em relação a 2020, a cidade de São Paulo registrou alta de mais de 31% no total de atividades de bicicleta no mês de agosto, em relação ao ano anterior. Enquanto no Rio de Janeiro a alta foi de 91% no mesmo período.

A disponibilização de informações como essas podem auxiliar gestores na criação de políticas e estratégias de mobilidade refinadas e avaliar se estão obtendo resultados positivos. A necessidade de planejamento com base em dados é primordial para construção de cidades mais seguras, integradas e sustentáveis.

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Maior fabricante de bicicletas prevê queda nas vendas

Aumento na procura por bicicletas, os impasses na maior fabricante do mundo e a reestruturação das cidades para priorização de pedestres e ciclistas

Foto: Kara.

A procura por bicicletas aumentou muito durante a quarentena, as pessoas começaram a buscar mais saúde e segurança em seus deslocamentos e novas formas para evitar o transporte público. Como resultado, a demanda por bicicletas foi tão grande que as empresas começaram a ter escassez do produto.

Além da maior demanda, a escassez também está relacionada com impasses nos locais de fabricação. A maior fabricante no mundo é a Giant, com sede em Taiwan. No entanto, devido a alta infestação do novo coronavírus na China, a produção foi interrompida durante alguns meses.

Somando-se à crise, parte da fabricação era destinada aos Estados Unidos e União Europeia e, diante de taxas impostas por esses países, boa parte da produção passou para a base da empresa. Assim, enquanto a demanda por bicicletas dava um salto, a produção se manteve limitada em Taiwan.

Porém, de acordo com Bonnie Tu, presidente da Giant, apesar da alta demanda pelo produto, a empresa ainda não está convencida sobre a procura no pós-pandemia. Isso embasa a decisão de não aumentar os investimentos.

“Todo boom termina algum dia, é apenas uma questão de rapidez ou lentidão”

Bonnie Tu, presidente da Giant em entrevista ao New York Times.

Em contrapartida, cidades atuam na proposta de redução de automóveis nas ruas e propõem melhorias para pedestres e ciclistas. O momento atual trouxe a importância do espaço para as pessoas, principalmente quando se pensa no desenvolvimento de cidades mais sustentáveis, seguras e integradas.

Com isso, alguns lugares já estudam a proposta de transferência do espaço de carros para a construção de ciclovias. Em 2016, a cidade de Toronto substituiu o estacionamento na rua por uma ciclovia ao longo de um trecho de 2,4 km e um estudo piloto avaliou as mudanças.

No estudo, pesquisadores identificaram mais pontos positivos do que negativos com a mudança. Quando o estacionamento na rua é convertido em ciclovias em áreas urbanas com andares térreos comerciais, a atividade econômica como um todo permanece tão forte quanto antes, muitas vezes mais forte.

Além da economia, as razões para a mudança na infraestrutura das cidades contribuem para maior segurança, mais espaço público, menos poluição e maior contribuição no uso de modais ativos. Exemplo disso aqui no Brasil é o Plano de Mobilidade Ativa no Distrito Federal (PMA/DF).

Com tantas iniciativas sendo implementadas durante esse momento ímpar da humanidade, talvez o boom das bicicletas não caia assim tão rápido como espera a Giant, e sim, permaneça no pós-pandemia.

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Novo meio de pagamento, home office & mais – Não durma no ponto!

As principais notícias da última semana em uma leitura rápida e informativa. Comece a semana conectado no mundo. Não durma no ponto!

PIX no transporte público: o que você precisa saber

O PIX é o novo meio de pagamento que promete ser mais rápido e prático do que as formas existentes hoje – que além de caras, não caem na hora.

Com a novidade, há a projeção de que mais pessoas se integrem no movimento financeiro. Isso diminuirá a circulação de dinheiro vivo nos comércios. E é aí que o transporte público entra.

Imagine que você entra no ônibus e, ao passar o seu cartão, se depara com a falta de créditos para a viagem. Sem dinheiro no bolso, o que você faz?

Bom, com o PIX será possível comprar créditos em carteiras digitais e cartões de transporte muito mais facilmente, e melhor, cairá na hora!

Entenda um pouco mais sobre o novo sistema de pagamento PIX.

O home office veio para ficar?

O home office se tornou muito mais comum depois que a pandemia se instalou no mundo. As empresas tiveram que se reinventar e a sala de trabalho passou a ser o cômodo da casa.

Bom para quem levava muito tempo até chegar ao trabalho, pois otimiza o trajeto.

Pesquisas ainda demonstram que há mais pontos positivos do que negativos na adoção do home office. Com isso, a maioria das multinacionais que atuam no Brasil visam o modelo no pós pandemia.

Porém, as atividades ocupacionais e a situação socioeconômica da região interferem nessa adoção, saiba o por quê.

A preocupação com o transporte coletivo no pós-Covid

Segundo o último relatório de mobilidade do Google, o Brasil está na faixa de 10% de redução no deslocamento a locais de trabalho, ou seja, 90% seguem se deslocando para o trabalho normalmente. Houve apenas um pico de redução em agosto.

COVID-19: Relatório de mobilidade da comunidade. Fonte: Google.

Essas informações impactam diretamente no uso do transporte, afinal, a classe trabalhadora é a que mais utiliza o transporte público como meio de locomoção.

Assim, a pandemia foi o gatilho que faltava para evidenciar a dimensão e relevância do transporte coletivo nas cidades. O setor se tornou um dos que mais sofreram – e sofrem – com a pandemia de Covid-19.

Saiba o que os especialistas dizem.

LGPD é acionada no transporte público pela primeira vez

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) mal saiu do forno e já foi acionada. A lei regula a segurança de dados pessoais, principalmente no meio digital.

No ônibus em Recife, os cartões começaram a ser bloqueados caso não houvesse cadastramento da biometria facial. Um estudante , ao ter se cartão bloqueado, questionou a operadora de bilhetagem sobre como seus dados seriam utilizados.

Como o estudante não obteve esclarecimentos, ele entrou com ação judicial alegando que o bloqueio sem esclarecimentos fere o artigo I da LGPD.

Até agora, nenhuma atualização sobre o caso – fiquemos na espera do desenrolar.

E chegamos ao ponto final.

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A preocupação com o transporte coletivo no pós-Covid

A pandemia foi o gatilho que faltava para evidenciar a dimensão e relevância do transporte coletivo nas cidades

O transporte coletivo foi um dos setores que mais sofreram com a pandemia de Covid-19, e não foi só no Brasil. Nas cidades europeias houve uma queda de mais de 90% no número de passageiros durante meses.

As operadoras de transporte tiveram que reduzir a oferta de veículos. Em conjunto, medidas rígidas de higiene e de controle de passageiros foram implantadas em ônibus, trens e metrôs, além do uso obrigatório da máscara. 

Para Francisco Christovam, assessor especial do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) e membro da ANTP e da NTU, o transporte coletivo de passageiros é, além de essencial e estratégico, o serviço público que viabiliza os demais serviços de utilidade pública. Além de tornarem viáveis o funcionamento das cidades e o dia a dia das pessoas.

“Sem o transporte, a maioria das pessoas não chega ao local de trabalho, não se desloca até a escola, não acessa o médico ou o hospital, e não chega até as lojas ou ao supermercado. Sem o transporte, as pessoas entram em isolamento – palavra da moda – laboral, social e vivencial.”

– Francisco Christovam.

Por isso, o grande receio de Christovam é que não haja a garantia da prestação desse serviço público vital com a melhor qualidade possível e com custos razoáveis.

“Não há mais porque relegar o transporte coletivo de passageiros a um plano secundário e tratá-lo muito mais como um negócio de empresários privados do que como um direito do cidadão e um dever do Estado. Ele é essencial e pode deixar milhões de pessoas sem condições de poder exercer o seu direito de ir e vir e de contribuir para que a economia do País também não entre em colapso, como poderá acontecer, eventualmente, com a saúde pública.”

– diz Christovam.

Na opinião do especialista, não há como negar que a crise provocada pelo coronavírus foi o gatilho que faltava para despertar nas autoridades governamentais a real dimensão e a relevância do transporte coletivo de passageiros.

“Neste ano, com a realização das eleições municipais, é o momento de transformar promessas de campanha em projetos estruturados para o transporte coletivo. Um país sem transporte coletivo de qualidade não é um país decente. Ele é o grande bem das cidades eficientes, modernas e desenvolvidas em todo o mundo”.

– afirma o especialista.

Publicado originalmente em Pro Coletivo.

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Isso é obrigatório.
Isso é obrigatório.

Quais dificuldades encontra quem usa o transporte público na pandemia?

Pesquisas no Brasil traçam os motivos das pessoas que utilizam o transporte coletivo durante a pandemia e apontam melhorias a serem realizadas.

Foto: Agência Brasil.

A utilização do transporte público durante a pandemia foi e ainda é motivo de preocupação de quem utiliza e de quem opera o sistema. Conhecer o público desse setor é primordial para a implementação de medidas válidas de melhoria.

Sabendo disso, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) realizou uma pesquisa que traçou os motivos de quem usa o transporte público durante a pandemia de Covid-19. O objetivo do levantamento é encontrar soluções para os problemas enfrentados por quem depende do transporte para se locomover.

O estudo foi realizado durante o mês de agosto em quatro Terminais Integrados da Região Metropolitana do Recife. As questões principais eram entender os motivos pelos quais a população utiliza o transporte coletivo nos horários de pico, as principais dificuldades enfrentadas pelas pessoas e quais os cuidados os passageiros estão tendo durante a pandemia. 

Aguardar transportes menos lotados (14%), distanciamento social (11%) e evitar horário de pico (8%) tiveram menor adesão. 

Em Recife houve escalonamento de horários de trabalho a fim de tentar evitar aglomerações dentro dos coletivos, no entanto, não apresentou impacto positivo devido a diminuição da frota de ônibus. Assim, durante a pesquisa, a maior reclamação dos entrevistados era em relação ao tempo de espera entre as viagens, seguido da superlotação dos ônibus e da redução das linhas.

Em relação aos cuidados adotados ao utilizar o transporte público, 97% afirmaram que utilizam a máscara para proteção, seguido de 74% que utilizam o álcool em gel. 

“As demais maneiras de proteção esbarram em questões mais estruturais e de difícil expansão no curto prazo, como a frota de veículos disponível para o transporte público.”

– Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE, para o Folha PE.

Essas questões estruturais, entre inúmeros fatores, envolve a situação socioeconômica da sociedade. Segundo a NTU, as classes que mais utilizam e dependem do transporte são as classes D, C e E.

“Enquanto a classe média se desloca de carro sozinha e com máscara, a população de trabalhadores da periferia simplesmente tem que se submeter à jornada no transporte público […]

– explica Breitner Luiz Tavares, doutor em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador de saúde coletiva, para a agência Pública.

De acordo com Breitner, os problemas do transporte público sempre existiram, no entanto, a pandemia apenas reforçou o quadro de desigualdade e de um desenvolvimento urbano centrado na ideia do carro.

O estudo “Como anda meu ônibus”, realizada no Distrito Federal no 1º semestre de 2020, apontou que a maior parte dos passageiros utiliza o transporte público 5 vezes ou mais na semana, 2x ao dia, sendo as principais finalidades de uso para trabalhar e/ou estudar nos horários de pico, ou seja, das 5h às 8h e das 17h às 20h.

No levantamento do DF, a quantidade de passageiros foi o indicador com pior avaliação, seguido do preço da passagem e tempo de espera. Em relação a infraestrutura dos ônibus, as avaliações demonstraram total insatisfação dos passageiros. 

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Auxílio de R$4 bi ao transporte pode ser ineficiente, afirmam entidades do setor

Especialistas e associações como NTU e ANPTrilhos apontam a imprevisibilidade de recuperação do transporte público e as necessidades a serem atendidas pelo setor

O auxílio de R$ 4 bilhões destinados ao setor de transporte público coletivo no país foi aprovado na última quarta-feira (26) por votação na Câmara dos Deputados e agora tramita no Senado. A verba servirá para cobrir as perdas decorrentes da pandemia no setor. No entanto, especialistas e políticos apontam não ser suficiente para salvar o sistema. 

“É um montante que vai nos ajudar bastante. Vai auxiliar a retomar a organização, a reorganizar o sistema, cobrir as deficiências que a gente verificou nos últimos cinco meses. Porém, o tamanho do problema ainda é um pouco maior do que esse que apresenta no projeto de lei.”

– de acordo com Rodrigo Tortoriello, secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, à Redação Guaíba.

Segundo o diretor da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Marcos Bicalho, em debate no iNFRA livre, o setor sozinho projeta um prejuízo próximo dos R$ 10 bilhões até o fim do ano. Assim, especialistas apontam a necessidade do Brasil avançar na construção de políticas públicas sobre o transporte, como existem para educação e saúde, e indicam a necessidade de uma junção de ações dos governos.

As propostas de ações envolvem implantação obrigatória de novos sistemas de bilhetagem, reorganização do sistema de linhas e redistribuição dos horários dos trabalhadores, pelo menos no setor público dos grandes centros. No entanto, a ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) informa pontos a serem repensados no projeto de lei.

O artigo 3º do substitutivo apresenta previsão de prioridade para alocação dos recursos à prestação do serviço de transporte público coletivo de passageiros. Essa priorização coloca em risco os demais modais de transporte do país.

“As empresas de transporte, em todo o País e de todos os modos (ferroviário, aquaviário, rodoviário e aéreo), passam por uma grave crise de demanda, necessitando, portanto, de dinheiro em caixa para poder honrar seus compromissos financeiros e manter as operações em andamento.”

– de acordo com nota da ANPTrilhos.

Outro ponto abordado é o artigo 7º que se refere à divisão dos recursos. O projeto prevê a destinação de 70% do auxílio para municípios e 30% para Estados e Distrito Federal. Essa diferença impacta diretamente na gestão dos sistemas, visto que trens e metrôs são de responsabilidades exclusivas do Estado. Sem suporte financeiro, as atividades podem ser suspensas. Os operadores de transporte por trilhos também já consolidam um déficit de mais de R$ 4,5 bilhões, segundo ANPTrilhos.

Todavia, o projeto apresenta condições para liberação dos recursos, exigindo que haja revisão dos contratos de prestação do serviço de transporte público coletivo que contemple, no mínimo, acréscimo de receitas e redução de custos. Algumas empresas do setor já informaram a desvinculação do custeio do sistema à receita tarifária. 

Conjuntamente, como parte da solução, a ANPTrilhos apela para que o Parlamento busque um tratamento igualitário dos diversos sistemas. Porém, enquanto o socorro não chega, Estados e municípios têm de garantir os serviços para a população.

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A atratividade do transporte público coletivo & mais – Não durma no ponto!

O painel de notícias dos principais pontos da mobilidade urbana e transportes discutidos na última semana. Uma leitura rápida e informativa.

Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis.

Como deixar o sistema de transporte público mais atrativo?

Essa é uma questão que muitos órgãos do setor de transportes – privados e públicos – desejam responder para sair da montanha movediça que o sistema enfrenta.

A Prefeitura de Porto Alegre decidiu então elaborar um projeto ousado – porém necessário – a fim de desestimular o uso de carros para que as pessoas utilizem mais o transporte coletivo na cidade.

O projeto prevê a implementação de um pedágio no Centro Histórico de PoA com uma taxa de R$4,70 para veículos particulares.

O valor, segundo cálculos da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), pode reduzir até R$ 1,60 na passagem de ônibus. Seria um sonho!

No entanto, a medida não é bem vista pelos vereadores da cidade e sofre resistência.

Mas afinal, as cidades são para as pessoas ou para os carros?

Um sistema que tem encantado urbanistas, arquitetos e gestores mundo afora – e aposto que vai encantar você também – são as cidades de 15 minutos.

A ideia é devolver ruas para as pessoas a partir de bairros projetados com serviços básicos próximos aos habitantes. Isso caminha cada vez mais para construção de cidades inteligentes.

Bairros projetados caminham para a construção de cidades inteligentes.

As pessoas precisam se movimentar e, com espaço priorizando carros, as cidades são menos integradas e com menos acessibilidade. 

Com isso, será que o carro vai deixar de ser o principal meio de locomoção? Dá uma olhadinha nessa matéria aqui e me responde depois.

Salvando o transporte público: uma luz no fim do túnel

Uma estratégia de recuperação econômica do transporte público elaborada pelo Banco de Desenvolvimento Asiático prevê três etapas durante e após a pandemia.

No Brasil, as cidades ainda estão se adaptando à fase um, mas algumas empresas já pensam no que podemos considerar durante as fases 2 e 3. 

Testes com pilotos de bilhetagem digital, editais de inovação, propostas de financiamento e serviços de transporte adicionais com soluções online, como chatbots, promovem o transporte público, auxiliam na transformação digital dos processos e dão mais autonomia à gestores do sistema.

Espero que nossa cidade não fique fora dessa.

O auxílio ao transporte público saiu! Mas esse não precisa pegar fila em banco

A Câmara dos Deputados aprovou a proposta que prevê o repasse de R$ 4 bilhões da União aos municípios com mais de 200 mil habitantes e aos estados e Distrito Federal para garantir o serviço de transporte público coletivo de passageiros em meio a pandemia de Covid-19. 

A proposta segue para o Senado e prevê alguns critérios entre as partes envolvidas. Saiba mais.

E mais: Censo IBGE 2020 é adiado e pode impactar em projetos de mobilidade urbana

O Censo Demográfico é uma pesquisa normalmente realizada de 10 em 10 anos que recolhe informações tais como o número de homens, mulheres, crianças e idosos, onde vivem, como vivem e outras questões. 

O último censo foi realizado em 2010, esse ano teríamos outro censo. No entanto, devido ao quadro de emergência causado pelo Covid-19, o IBGE decidiu adiar o Censo 2020 para 2021.

Adiamento do Censo IBGE 2020 pode comprometer planejamento de mobilidade urbana nas cidades brasileiras. Foto: Arivaldo Silva.

Essa mudança pode comprometer a capacidade de planejamento das cidades brasileiras, principalmente aquelas que utilizam o levantamento do IBGE como único meio de obtenção de dados.

Isso se deve ao fato do questionário ter aumentado perguntas relacionadas ao deslocamento das pessoas entrevistadas. Logo, os sistemas de mobilidade urbana de milhares de municípios perdem no quesito de construção de políticas públicas baseadas em dados.

Como saber o deslocamento dos cidadãos sem pesquisa? Como planejar a mobilidade urbana da cidade sem uma base de dados?

Pois é, fica difícil.

Eita, já chegamos no ponto final.

Te vejo semana que vem. No mesmo lugar, na mesma hora. Não se atrase!

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Censo IBGE 2020 é adiado e pode impactar negativamente a mobilidade urbana

Governo prevê alocação do orçamento do Censo 2020 e cidades brasileiras ficam desamparadas em estudo, o que interfere negativamente na construção de políticas públicas baseadas em dados

Foto: Arivaldo Silva.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) adiou o Censo Demográfico de 2020 para 2021 devido ao quadro de emergência causado pelo Covid-19. A decisão leva em consideração o fato da coleta ser realizada de forma predominantemente presencial com estimativa de visitas em 71 milhões de residências em todo Brasil.

Com isso, o orçamento previsto para o Censo 2020 será realocado em prol de ações de enfrentamento ao coronavírus, conforme acordo formal entre o IBGE e o Ministério da Saúde. Em contrapartida, no próximo ano, o Ministério realocará orçamento no mesmo montante com vistas a assegurar a realização do Censo 2021.

O remanejamento de receita deve ser realizado através da Lei Orçamentária Anual (LOA), forma pela qual o poder público estima gastos e receitas e que também determina e aponta as prioridades do poder público em termos de realização de investimentos e implementação de políticas públicas. O prazo limite para encaminhamento do projeto de lei ao Congresso Nacional é 31 de agosto de 2020.

Porém, o adiamento da operação censitária impacta negativamente o setor de mobilidade urbana devido a modificações impostas este ano. O questionário a ser aplicado pelo IBGE começaria a valer perguntas relacionadas ao principal meio de transporte utilizado para chegar ao trabalho e quanto tempo a pessoa entrevistada leva para chegar em seu destino. A inclusão dessas questões é, em parte, fruto das contribuições enviadas pela Associação pela Mobilidade a Pé em São Paulo (Cidadeapé) e pela União de Ciclistas do Brasil (UCB) em 2018.

Assim, o adiamento do censo pode comprometer a capacidade de planejamento e análise dos sistemas de mobilidade urbana de milhares de municípios. Com exceção das grandes capitais e regiões metropolitanas que dispõem de recursos para investir em coletas de dados e pesquisas estatísticas como a Origem e Destino em São Paulo, a maioria dos municípios brasileiros não possuem recursos próprios para o levantamento. 

De acordo com Glaucia Pereira, ex-diretora da Associação Cidadeapé, o atraso do Censo também impacta diretamente indicadores de acompanhamento da evolução de políticas públicas e programas, assim como do cumprimento de acordos e compromissos internacionais, tais como os firmados com a Organização das Nações Unidas (ONU) como a Agenda 2030.

Além disso, o governo ainda avalia a possibilidade de adiar novamente a realização do Censo Demográfico do IBGE para 2022 e alocar os recursos para áreas como a da Defesa. O assunto está sendo discutido e ainda não há uma decisão final. Porém, se o Censo 2021 passar para 2022, a equipe econômica abre um espaço de cerca de R$ 2 bilhões no orçamento que poderá ser remanejado.

Questionado sobre o tema, o ex-presidente do IBGE Roberto Olinto considerou “uma tragédia” caso essa possibilidade seja confirmada, visto o espaço de 12 anos entre o último censo realizado.

“Não entendo argumento de transferir verba de censo demográfico para uma coisa indefinida. Mais importante do que qualquer coisa que possa sair do Ministério da Defesa é o Censo. Que também deve ser pauta desse ministério [de Defesa]. O Censo é estratégico também sob a ótica militar. Acho que mais uma vez é resultado da não compreensão da importância da estatística e da geoinformação.”

– afirmou Olinto.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (ASSIBGE) divulgou nota afirmando “surpresa” em relação a notícia. Na prática, o Censo é a única base de dados capaz de fornecer informações municipais e intramunicipais abrangentes devido a amostra por domicílio. Os dados também dão subsídios para distribuição de recursos e calibração do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

O sindicato ainda observou que, além da desatualização de dados cadastrais de endereços e base territorial, produzida até o final de 2019, haverá obsolescência de equipamentos. Concomitantemente os contratos de analistas censitários encerram justamente em 2022, o que acarretará em falta de pessoas suficiente para etapas de crítica, apuração e tabulação dos dados.

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Projeto para mobilidade urbana de Porto Alegre sofre resistência

Os votos contrários envolvem críticas na criação de novas taxas, eventual queda no movimento do comércio e processo de impeachment do prefeito da cidade

Foto: Daniel Hunter/WRI Brasil.

A prefeitura de Porto Alegre tem buscado alternativas para reduzir a tarifa de ônibus e ampliar as formas de financiamento do sistema de transporte. Dentre os projetos de mobilidade apresentados à Câmara Municipal, um a ser encaminhado se refere a inclusão de pedágio no Centro Histórico da cidade.

O pedágio prevê uma tarifa de congestionamento com uma taxa de R$ 4,70 por veículos particulares que ingressarem no Centro Histórico em dias úteis, das 7h às 20h. A taxa poderá ser cobrada através de um aplicativo e os veículos de socorro médico, veículos oficiais e moradores da região central estariam isentos.

A tarifa de congestionamento se dará no perímetro que compreende a Rua da Conceição, a Loureiro da Silva e a Mauá. Fonte: Portal de notícias GaúchaZH.

Segundo cálculos da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), a medida poderia reduzir R$ 1,60 na passagem de ônibus. O projeto é inspirado em iniciativas implementadas em cidades como Londres, Nova York e Santiago que utilizam o sistema para desestimular a circulação de veículos particulares em áreas onde o trânsito é mais intenso.

O programa envolverá 30 câmeras instaladas em nove pontos, as quais realizarão a leitura da placa de veículos. O decreto de regulamentação prevê a geração de créditos caso a pessoa não tenha acesso ao aplicativo de cobrança, se regularizando em pontos de venda fixos. Caso não pague a tarifa, o Código de Trânsito Brasileiro prevê multa devido a circulação não autorizada em área restrita. 

As características do sistema são parecidas ao da Área Azul, onde você pode comprar créditos com antecedência e, cada vez que passar no pedágio, o valor será abatido direto da conta. No entanto, carros, caminhões e motocicletas pagarão o mesmo valor e a previsão é que o custo também seja acrescentado nas corridas por aplicativos.

“A ideia é desestimular o uso do veículo privado e estimular o uso do transporte coletivo nessa área.”

diz o secretário extraordinário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Rodrigo Tortoriello, em entrevista.

Não estamos propondo o esvaziamento. Estamos propondo para quem vier ao Centro mais espaço nas calçadas, porque poderemos aumentar com a redução do número de veículos, vamos reduzir a poluição e emissão de gases na região central. Essa é a lógica, de uma humanização do Centro.”, complementa.

No entanto, o projeto, antes mesmo de ser encaminhado à Câmara Municipal, não é apreciado pelos vereadores da cidade. Pelo menos 10 dos 15 partidos representados na Casa indicam que votariam contra o projeto e entre os motivos estão a contrariedade em criar novas taxas, a falta de um canal de diálogo com o Executivo e eventual queda no movimento do comércio. 

“Tem uma série de projetos que estão parados, e não vejo como um novo pode ter primazia sobre o que já temos para ser votado. Além disso, é um tributo. Com a pandemia, não é o momento de encaminhar um projeto nesse sentido.

diz o presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, vereador Reginaldo Pujol, em entrevista.

Além disso, recentemente, os parlamentares aprovaram a abertura de um processo de impeachment contra o prefeito Nelson Marchezan em razão de gastos durante a pandemia da Covid-19, o que dificulta ainda mais a aprovação do projeto de mobilidade.

O projeto, aberto em janeiro de 2020, apresenta como último parecer da Comissão de Constituição e Justiça, no dia 18 de agosto de 2020, existência de empecilhos de natureza jurídica para a tramitação do Projeto e à Emenda nº 1.  No entanto, o projeto segue em trâmite de acordo com a Câmara Municipal.

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O que está passando despercebido no setor de mobilidade urbana – Não durma no ponto!

Pontos cruciais da mobilidade urbana que estão sendo deixados de lado e precisam ser levados em consideração agora!

Essa semana vamos começar com um assunto muito importante que deveria ser pautado em ações há muito tempo: a paridade de gênero no setor da mobilidade urbana.

Não é de hoje que ouvimos dizer sobre o machismo estrutural na sociedade brasileira, e não falamos apenas de violência física, falamos também de representatividade.

Quantos eventos você participou que tinham lugares reservados à mulheres nas mesas de debate?

Arrisco dizer que foram poucos.

Então, reflitamos: se as mulheres são as que mais utilizam o transporte público nas cidades, como falar de segurança no sistema sem a presença feminina?

Esse questionamento foi base para uma iniciativa da sociedade civil em formular a Carta-Compromisso pela Garantia do Direito de Equidade e Paridade de Gênero na Construção de uma Mobilidade Urbana para Todas as Pessoas. 

Nós nos juntamos a esse movimento e você?

Saiba mais.

Além da equidade de gênero, outros pontos da mobilidade também são esquecidos

O colunista Miguel Pricinote aborda os 10 pontos que parecem ser óbvios mas são esquecidos diariamente pelos formadores de opinião e gestores públicos do transporte coletivo.

Entender o sistema de transporte coletivo é ponto chave na oferta de um serviço de qualidade e consequente atratividade de usuários.

E, falando sobre experiência do cliente…

Quem nunca ouviu falar sobre MaaS que atire a primeira pedra.

Caso sua resposta seja realmente não, eu vou te explicar (sem pedras, por favor).

O MaaS, ou Mobilidade como Serviço, é conhecido popularmente por ser uma aplicação integrada de mobilidade compondo vários serviços em uma mesma plataforma.

A gama de oportunidades e facilidades que o MaaS pode oferecer tanto para consumidores quanto para gestores entra numa corda-bamba quando falamos de sustentabilidade, inclusão e governança.

A Redação Agora é Simples realizou uma análise sobre as consequências não desejadas do MaaS e como se prevenir apontando dados importantes sobre o sistema.

De um lado empresas de transporte tentando se reerguer, do outro o governo querendo extinguir

A gestão Doria entregou na 2ª semana de agosto um projeto de lei que prevê a extinção de dez autarquias, estatais e fundações, entre elas a EMTU.

A EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo – é responsável pelo gerenciamento do transporte público sobre ônibus intermunicipal na Grande São Paulo, na Baixada Santista, na região de Campinas, região de Sorocaba, no Vale do Paraíba e no Litoral Norte de São Paulo.

A previsão é de que o Estado tenha um déficit de R$ 10,4 bilhões para o exercício de 2021. Logo, com a proposta, o governo espera economizar R$8,8 bilhões.

Outros modelos de negócio do setor também encontram obstáculos

A Buser, empresa de tecnologia que oferece uma alternativa para viagens com transporte fretado executivo por demanda, teve o serviço suspenso no Estado de Santa Catarina e Rio de Janeiro.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Santa Catarina (Setpesc) obteve liminares na Justiça Federal impedindo a operação no sistema de transporte interestadual nas cidades catarinenses.

Já no Rio de Janeiro, através de ação coletiva do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários Intermunicipais, além de ter o serviço suspenso, a empresa foi acusada de “transporte clandestino”, nas palavras do juiz da 10ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro.

É, não está fácil para ninguém.

Depois dessa, vou descer aqui.

Chegamos no ponto final. Mas não se preocupe, semana que vem tem mais!

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Protestos de motoristas e agentes de bordo preocupa quem mais depende do transporte especial em Sorocaba

A transição do consórcio responsável pelas linhas de transporte especial em Sorocaba inicia com impasses na primeira semana de agosto e preocupa quem mais depende do transporte

Foto: Emidio Marques.

A gestão de ônibus especial em Sorocaba está passando por transição do consórcio responsável. Com mais de 20 anos de contrato, no final de julho de 2020, o Consor (Consórcio Sorocaba) e o STU (Sorocaba Transportes Urbanos Ltda) passaram a operação do transporte especial para o Consórcio Mobility Transportes, no dia 1º de agosto de 2020.

No entanto, a primeira semana de atividade foi repleta de contestações referente aos profissionais que trabalhavam nas empresas anteriores. O Consórcio Mobility destacou que não pagaria o mesmo salário e direitos oferecidos anteriormente, o que vai de encontro com a determinação do acordo coletivo de trabalho da categoria diante da troca de empresas, ou seja, a empresa deveria continuar ofertando condições iguais ou superiores para colaboradores.

Diante da situação, cerca de 80 profissionais, entre motoristas e agentes de bordo, estariam desempregados. Com isso, as pessoas começaram a se reunir para protestos em frente à Prefeitura de Sorocaba e em frente ao prédio comercial ao lado da sede do CIESP.

Conforme o Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região, as pessoas trabalhadoras estavam reivindicando a admissão pela nova empresa, bem como o recebimento dos salários e outros direitos trabalhistas referentes ao período desde o 1º dia de atividades da Mobility. O sindicato chegou a solicitar uma reunião com a Urbes – Trânsito e Transportes e uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região foi realizada.

De acordo com pesquisa, a Prefeitura já repassou cerca de R$180 milhões para o Consórcio Mobility. Até o último dia 05, a categoria de trabalhadores e trabalhadores do transporte especial se reuniu para definir estratégias da luta por emprego, salários e direitos na troca de empresas a fim de se apresentar à empresa Consórcio Mobility Transportes para iniciar o trabalho. A redação tentou entrar em contato, mas sem resposta.

Reunião da categoria de trabalhadores e trabalhadores do transporte especial no último dia 05/08/2020. Fonte: Sindicato dos Rodoviários Sorocaba e Região.

Quem sofre com tudo isso?

O ônibus especial é um serviço de transporte porta-a-porta regulamentado pelo Decreto 23.346/2017, destinado a atender as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, temporária ou permanente, em alto grau de dependência, impossibilitadas de utilizar o transporte coletivo urbano convencional, e é destinado preferencialmente para as pessoas socioeconomicamente vulneráveis.

De acordo com levantamento da redação, 753 pessoas dependem do transporte especial, sendo 490 cadastrados e 263 acompanhantes, além de 141 pessoas que se encontram na lista de espera para o atendimento. Logo, a indisponibilidade do serviço afeta diretamente as pessoas que dependem exclusivamente deste meio de transporte para se locomover.

Mesmo em momento de isolamento social, pessoas com deficiência e dificuldade na mobilidade dependem do sistema para consultas e tratamentos. Maria Livia, 24 anos, tem paralisia cerebral e é cadeirante. Em entrevista ao Cruzeiro do Sul, Maria estava há mais de um ano aguardando para iniciar as sessões de hidroterapia e começaria o tratamento em uma clínica de Sorocaba no dia 04 de agosto de 2020, no entanto, em meio ao impasse de empresas e colaboradores, não foi possível. 

A mãe de Maria, Flávia Alessandra Ferreira, é fundadora da instituição social “Anjos sobre Rodas”, atuante na garantia dos direitos e da inclusão dos cadeirantes, aponta que muitas das crianças atendidas pelo projeto também tinham consultas médicas agendadas e não puderam comparecer por conta da falta de condução na primeira semana de agosto.

A filha de Kelly Cristina também utiliza o sistema e a preocupação é imensa. “Minha filha é acostumada com o motorista a mais de três anos e essa nova empresa não chamou nenhum desses bons motoristas”, Kelly comenta em rede social.

Além disso, Fernando Bellinassi, 38 anos, cadeirante que também usa o transporte especial em Sorocaba reforça o impacto que a mudança na rotina têm na vida de quem utiliza o meio.

“Quando muda a empresa, é uma rotina que os usuários têm. Então como cada usuário tem uma dificuldade e eles estão ali todo dia, os motoristas e os agentes de bordo acabam conhecendo bem cada um. Quando tem uma mudança assim, é difícil para o usuário se adaptar. Por que às vezes tem uma necessidade que o novo motorista não vai saber e às vezes o usuário não sabe falar… Quando é autista é pior, por que o autista sofre muito com a mudança de rotina. E sem falar PCD [Pessoa com Deficiência], a pessoa querendo ou não vê todo dia, então acaba se apegando também.”

– Fernando Bellinassi.

Na primeira versão constava “protestos em frente à garagem do Consórcio Mobility e no Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)”. Em edição realizada pela Redação Agora é Simples em 27/08/2020, os protestos ocorreram em frente à Prefeitura de Sorocaba e em frente ao prédio comercial ao lado da sede do CIESP.

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Pode andar de bicicleta durante quarentena?

A procura por bicicletas aumentou, as pessoas buscam mais saúde e segurança em seus deslocamentos

A compra e aluguel de bicicletas aumentaram em todo o mundo. Esse movimento foi percebido quando europeus começaram a utilizar as bicicletas para evitar o contágio da Covid-19 durante a retomada das atividades, houveram incentivos para compra e ampliação das ciclovias em todo o continente.

No Brasil, mesmo sem políticas públicas específicas, a Semexe, startup que possui uma plataforma online para compra e venda de equipamentos novos e usados de bicicleta, anunciou um aumento de 291%  nas transações de junho de 2020, se comparado a fevereiro, um mês antes de decretada a pandemia. As vendas atingiram 23 dos 27 estados brasileiros. 

A procura no Google por “andar de bicicleta na quarentena” aumentou desde março, segundo análise no Google Trends.

“Se as pessoas se sentirem mais seguras para se deslocar nas cidades de bike, se tiverem mais opções de ciclovias, se empresas oferecerem estrutura para banho em suas sedes, mais gente vai entrar nessa onda e aí não terá mais volta.”

– Rafael Papa, um dos sócios da Semexe, para O Globo.

Além do benefício relacionado à saúde e bem-estar, andar de bicicleta tem se tornado uma alternativa para evitar o uso do transporte público, sendo, a bicicleta, o meio de locomoção mais seguro no momento, segundo especialistas. No entanto, para oferecer segurança aos ciclistas, é necessário uma mudança efetiva no desenho das cidades.

“… para que o cidadão médio brasileiro adote cada vez mais o modal, é essencial que o poder público enxergue os benefícios da bicicleta e a inclua em suas políticas públicas de forma mais efetiva.”

– Cyro Gazola, presidente da Caloi e vice-presidente da Abraciclo, para O Globo.

Em maio de 2020, levantamento da Bike Itaú apontou que a maior parte dos ciclistas (87%) utilizam o meio por se sentirem mais seguros em relação ao contágio do novo coronavírus, mais da metade usa o sistema de aluguel de bicicletas para ir e voltar do trabalho, e,  em média, 90% das pessoas pretendem continuar a usar o meio após a quarentena.

No entanto, o fato do uso de bicicletas apresentarem menos riscos de contaminação do que o transporte coletivo, não significa que seja totalmente seguro. É necessário manter uma distância segura ao pedalar maior que 2 metros de outras pessoas, evitando a inalação ou contato de gotículas. Ainda, segundo especialistas, quando se anda de bicicleta a 29 km/hora, o ideal é manter 20 metros de distância dos demais à sua volta.

Embora a prática de exercício seja desejável para evitar o sedentarismo e outras doenças, a professora de Educação Física Goreti Seabra recomenda cuidado na intensidade da pedalada, visto que, com um treino exagerado, o corpo pode ficar com baixa imunidade demorando para se recuperar, o que acaba abrindo portas para o vírus.

Perda no transporte público pode ser definitiva

Com uma alta diminuição no número de passageiros, a troca do transporte público pela bicicleta pode ser definitiva. O movimento pressiona a ajuda do Estado à empresas de transporte público e torna ainda mais essencial a adoção de novos modelos de financiamento para recuperação de sistemas públicos de mobilidade. 

Esse efeito atinge em cheio as empresas de transporte, que já anunciam demissões e falência. O diretor institucional do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Campina Grande (SITRANS), Anchieta Bernardino, anunciou nesta segunda-feira, 3 de agosto de 2020, que empresas do setor poderão encerrar suas atividades nos próximos dias e demitir centenas de trabalhadores.

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O transporte público por um fio: o Projeto de Lei que visa subsidiar o sistema

Caso não haja incentivos financeiros da União, o transporte público pode entrar em colapso até o final do ano

Foto: WRI Brasil

O serviço de transporte público brasileiro pode ser totalmente paralisado. Os prejuízos no setor giram em torno de R$ 3,72 bilhões este ano, com queda de 60% no número de passageiros durante pandemia, de acordo com o presidente-executivo da NTU, Otávio Cunha.

O setor de transporte rodoviário também apresentou redução de R$ 3,6 bilhões na arrecadação de bilhetes no segundo trimestre de 2020 e o número de passageiros caiu 73% entre os meses de abril e junho do mesmo ano, de acordo com a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).

A fim de mitigar os efeitos da pandemia no setor, o auxílio destinado aos sistemas de transporte coletivo por meio de apoio financeiro da União, que estava disposto na Medida Provisória 938, foi retirado. Agora ele será apresentado como Projeto de Lei para ser votado no dia 29 de julho de 2020 e envolve um auxílio de até R$ 4 bilhões.

O Projeto de Lei (n. 2025/20) institui o Programa Emergencial Transporte Social, o qual consiste na compra de créditos eletrônicos de passagens através de recurso destinado pelo Governo Federal. 

O Programa tinha sido proposto em parceria com Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana, Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), no início de junho de 2020.

De acordo com o Projeto, cada crédito corresponderá a uma tarifa pública vigente no sistema de transporte público coletivo por ônibus de cada município, ou região, e serão destinados preferencialmente aos beneficiários dos programas sociais federais e/ou municipais existentes.

Os recursos serão disponibilizados a todas as capitais de Estado, ao Distrito Federal e aos Municípios com população superior a 300 mil habitantes, ou integrantes de Região Metropolitana com mesmo contingente habitacional.

Segundo o Projeto, os recursos poderão ser usados para aquisição de bens essenciais; reforçar frota para atender demanda durante pandemia; pagamento de salários atrasados; pagamento direto de valores para reequilíbrio de contratos; contratação de prestação de serviços de transporte de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida em veículos adaptados; e outros meios admitidos em ato do Poder Executivo.

Enquanto o apoio ainda precisa ser aprovado, empresas de transporte lutam contra um novo golpe em suas finanças…

A desoneração da folha de pagamento, benefício concedido em 2011 para 17 setores da economia, corre o risco de chegar ao fim em 2020. A cobrança previdenciária de empregados, na qual o transporte público se inclui na isenção, tinha previsão de término ao final deste ano, mas a crise econômica torna necessária uma extensão do prazo, segundo especialistas.

De acordo com estudo realizado pela Associação das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o fim do benefício coloca em risco 405 mil empregos diretos e aumenta em até 5% os custos de operação do setor a partir de janeiro de 2021, o que envolve o aumento do valor de transporte.

Para minimizar esse impacto, o Congresso Nacional aprovou, por meio da MP 936, a extensão do prazo até 2021 sob o argumento de preservar empregos e dar fôlego aos ramos que mais empregam no Brasil.

No entanto, em junho de 2020, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, sancionou com vetos a MP. Entre os pontos vetados está a prorrogação até 2021 da desoneração da folha de pagamento de empresas de 17 setores da economia.

Assim, quando um presidente veta trechos de um projeto aprovado pelo Legislativo, os vetos são analisados por deputados e senadores. Para isso, a medida segue em deliberação.

“Se os governos não socorrerem as empresas, não socorrerem o transporte público nesse momento de crise, o serviço vai virar o caos. Se o fim da desoneração vier, é mais problema. As empresas vão paralisar rápido. Não é somente o problema do desemprego, o serviço vai parar”

– Otávio Cunha, presidente-executivo da NTU.

O futuro do transporte público se encontra nas mãos de poucos, e as próximas semanas serão decisivas em suas perspectivas pós-crise. 

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Isso é obrigatório.
Isso é obrigatório.

Demanda de ônibus no Brasil cai menos do que em outros países durante pandemia

Moovit disponibiliza relatório do impacto no setor de transporte do mundo

Foto: Nereu Jr/WRI Brasil.

A pandemia de coronavírus gerou um impacto negativo no setor de transporte público. Os principais sistemas de transporte público no país registram perdas de 70 a 80% no número de passageiros e as empresas têm apresentando até 95% de perda de receita.

Para o acompanhamento deste impacto, desde março de 2020, o aplicativo de mobilidade urbana Moovit têm gerado um Relatório Geral do transporte público em todo o mundo. O relatório é composto através de dados anônimos de usuários do aplicativo.

Segundo o relatório, o Brasil apresentou uma queda na demanda de 51,5% no transporte público. No dia 19 de julho de 2020, Brasília registrou a menor queda do país (-36,7%), seguido por Fortaleza (-45,3%), Recife (-46,2%), Curitiba (-46,9%), Belo Horizonte (-47,7%), São Paulo (-48,4%), Rio de Janeiro (-50,2%), Salvador (-62,6%) e, a maior queda em Campinas (-64,4%)

Impacto do coronavírus (COVID-19) no transporte público em cidades brasileiras.
Fonte: Relatório Geral (Moovir, 2020).

Considerando cidades do mundo todo, as mais afetadas foram Madrid, na Espanha, e Roma e Torino, na Itália, com uma queda na demanda de cerca de 90% no transporte público. Por toda a Europa, a preferência pelo trabalho remoto, educação à distância, telemedicina, vendas pela Internet e delivery impactaram a locomoção dos cidadãos europeus. Contudo, de acordo com a Valor, setores como o de transporte público podem levar anos para se restabelecer.

Impacto do coronavírus (COVID-19) no transporte público em cidades do mundo inteiro.
Fonte: Relatório Geral (Moovir, 2020).

Marco Lissere, médico infectologista, relata a preocupação das pessoas em relação ao alto risco de contágio em ônibus devido a falta de distanciamento. “É difícil ter segurança em um ambiente onde não há distanciamento, por isso acredito que as pessoas tenham medo e fiquem receosas”, disse o médico para Tribuna de Petrópolis. 

A preocupação e o receio das pessoas ao utilizarem o serviço de transporte público aumenta a cada dia. De acordo com análise no Google Trends, a busca por “covid no onibus” têm aumentado desde fevereiro de 2020.

Pesquisa pelo termo “covid no onibus” aumenta.
Fonte: Google Trends (2020).

Ademais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a utilização de máscara e álcool em gel nas mãos para quem precisa usar o transporte público, e a Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) orienta as empresas que reforcem a higienização dos ônibus, permaneçam atentos à disponibilidade de água e sabão nos sanitários e disponibilizem álcool gel em locais de atendimento.

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Prefeitura de Londres anuncia apoio para transporte público da cidade

Com perdas históricas, socorro público chega para evitar falência do sistema de transporte da capital britânica

1.6 bilhões de libras esterlinas, ou cerca de 11 bilhões de reais, esse é valor destinado pelo prefeito de Londres, Sadiq Khan, ao Transport for London (TfL), companhia responsável pela operação de metrô e ônibus na capital britânica. 

Com forte queda na arrecadação com a quarentena obrigatória no país, o sistema de transporte público de Londres, um dos mais caros do mundo, beirou o colapso. 

O “lockdown” levou a um corte de 95% nas pessoas que usam o metrô na cidade e o número de passageiros de ônibus também caiu 85%, além dos clientes não precisam mais pagar as viagens, como parte das medidas para proteger os motoristas. 

Além do apoio em bilhões de libras, o governo local também adotou outras medidas. A mais controversa é o aumento do preço da passagem em 1% acima da inflamação. Khan, que concorre à reeleição, era contra qualquer aumento ao cidadão durante a campanha eleitorial que já foi adiada. 

Uma revisão a longo prazo das finanças da TfL também está em jogo, além da colocação de publicidade em espaços da rede de transportes londrina.

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Governos estaduais fomentam o uso de serviços digitais

São Paulo e Rio de Janeiro utilizam PicPay e QR Code para otimizar processos em meio à pandemia

Aplicativos facilitam processos para transferência de auxílios.

Em São Paulo, o governo pagará auxílio merenda aos estudantes da rede estadual através do aplicativo PicPay, um aplicativo de carteira digital simples que apresenta uma política de segurança eficaz. Serão 732 mil estudantes contemplados que poderão receber o auxílio sem precisar sair de casa, de forma fácil e rápida.

O aplicativo foi escolhido pelo fato do processo de pagamento ser facilitado através de poucos toques. Responsáveis pelos estudantes deverão baixar o aplicativo em seus celulares e realizar o cadastro, inserindo nome, data de nascimento, foto do rosto e de um documento, não se esquecendo do número de CPF, pois este será o meio de identificar e destinar o auxílio aos beneficiários.

No entanto, é notável que, para muitas pessoas, o aplicativo será uma novidade. Em janeiro deste ano, o app apresentava uma carteira de 14 milhões de clientes, sendo 3,9 milhões ativos. Com essa iniciativa, estimam a criação de mais 500 mil contas.

O auxílio recebido poderá ser sacado em caixas eletrônicos ou transferência para contas bancárias, sem cobrança de taxas. Ou ainda, utilizado dentro da própria plataforma, podendo ser utilizado para compras em estabelecimentos credenciados, recarga de celular, bilhete único, entre outros.

Pesquisa realizada em 2019 pelo Instituto Locomotiva, revela que 29% dos brasileiros são desbancarizados, ou seja, não movimentam a conta bancária há mais de seis meses ou optaram por não ter conta em banco. Destes, 86% estão concentrados nas classes econômicas C, D e E, a parcela da população menos conectada e com maior informalidade de trabalho. Assim, a iniciativa do governo, intitulada “Merenda em Casa” será a introdução de uma parcela da população aos serviços de carteiras digitais, alternativa viável para popularização de serviços financeiros.

Outra iniciativa no mesmo sentido é a do governo do Rio de Janeiro, onde serão distribuídas cestas básicas para 940 mil famílias cadastradas no Cadastro Único do Bolsa Família, as quais receberão dois SMS, um identificando a contemplação do benefício e outro indicando o dia, hora e local da entrega juntamente com o código de identificação QR Code.

O QR Code é um código que armazena informações e, QR significa “Quick Response”, ou seja, código de resposta rápida. Apresentam capacidade de leitura de alta velocidade, em qualquer direção, podendo ser realizada por celulares com câmera digital. Além disso, sua segurança é criptografada, o que garante maior proteção de dados inseridos.

No caso da iniciativa do governo estadual, as informações cadastradas no código serão de caráter de identificação pessoal para que, no dia da entrega, os beneficiários apresentem o QR Code e, de forma rápida, o sistema identifique-o e automaticamente confirme o seu recebimento, evitando qualquer tipo de fraude ou identificação errônea.

Embora as vantagens do uso de QR Code sejam várias, nota-se uma baixa popularidade à essa tendência. A partir de uma análise dos últimos cinco anos no Google Trends, ferramenta do Google que apresenta estatísticas em que um termo é procurado, 19% da população brasileira procurou por QR Code em 2015. Ano passado, no mesmo período, apenas metade da população tinha algum conhecimento sobre.

O movimento de popularização de serviços financeiros digitais, porém, ganha um reforço positivo com a adesão de governos estaduais. Dessa forma, mesmo que ainda incipientes, QR Codes, carteiras digitais e outras soluções levam o país a um novo patamar da economia digital, com diminuição de circulação do papel moeda, segurança de gastos e redução de fraudes.

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Prefeitura de BH estuda regulamentação de patinetes

Em meio a acidentes e regulamentação em outras capitais, BH prepara seu próprio texto

A prefeitura de Belo Horizonte estuda a regulamentação de patinetes, por meio da BHTrans (Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte), que mantém um grupo de estudos sobre o assunto.

A capital mineira é uma das cidades com casos de acidentes envolvendo patinetes mais consolidados e noticiados, só em abril 40 pessoas foram socorridas no Hospital João XXIII, que atende chamados do centro da cidade.

Ao Estado de Minas Célio Freitas, presidente da BHTrans, disse que a proposta pode citar a regulamentação do uso de capacete, a circulação em calçadas e a velocidade máxima.

Desde 2018 Belo Horizonte conta com serviços de micromobilidade, incluindo patinetes e bicicletas sem estações. Na cidade operam Grin e Yellow, ambas da empresa Grow, uma fusão brasileiro-mexicana.

Vale lembrar que São Paulo recentemente regulamentou o uso de patinetes, com críticas das empresas sobre a rigidez das novas regras.

Por lá, além do capacete, do limite de 20km e da proibição de uso em calçadas, multas estão entre as penalidades.

Especialista ouvidos pelo jornal o Tempo afirmam que há espaço para os patinetes, mas que eles não devem ocupar o mesmo lugar que os pedestres, que conquistaram um espaço nas cidades.

Na capital paulista, além das ciclovias, os patinestes podem circular em ruas com limite de 40 km/h. O mesmo deve ser colocado na proposta mineira e é o indicado pela Grow a seus usuários.

Novas regras Bilhete Único Especial para pessoas com deficiência

O que muda no Bilhete Único Especial para pessoas com deficiência a partir de 1º de junho.

Alguns leitores relataram dúvidas em nossos canais sobre mudanças no bilhete especial após uma série de alterações no último decreto relacionado ao cartão de transporte pela Prefeitura de São Paulo.

Solicitamos à SPTrans que respondesse alguns questionamentos da nossa redação. O Bilhete Único Especial para pessoas com deficiência é um benefício regulamentado pela SPTrans.

Sobre alterações pela portaria SMT GAB nº 050 a SPTrans informa que foi retirada a segunda solicitação de revisão de indeferimento, o recurso administrativo. Segundo a nota, foi constatado que menos de 1% das solicitações de recurso alteraram o resultado anterior.

Outras alterações englobam todo o sistema do Bilhete Único, como as punições mais severas em casos de fraude, que vão de advertências a suspensão do cartão por seis meses, um ano, dois anos e cancelamento definitivo.

No caso do bilhete único especial para pessoas com deficiência “se constatadas irregularidades no formulário de solicitação, o mesmo é encaminhado para o setor jurídico da SPTrans para as devidas providências. Se o Bilhete for usado de forma irregular o benefício também é suspenso”, diz a SPTrans em nota.

Veja no artigo como solicitar o Bilhete Único Especial. Adicionamos algumas informações a esse artigo com a última nota da SPTrans à redação do Agora é Simples

Se ainda tiver dúvidas, acesse a página da SPTrans no Facebook no botão abaixo ou clicando neste link

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Bilhete Único em SP tem novas regras de uso

Vale-transporte tem menos viagens que outras modalidades do Bilhete Único.

Publicado no Diário Oficial da Cidade no último dia 23, a gestão de Bruno Covas na Prefeitura de São Paulo atualizou regras do Bilhete Único. A partir dos próximos 90 dias passam a valer novos períodos de tempo e número de viagens no Vale-Transporte.

A partir de agora, essa modalidade conta com dois embarques em até três horas. Hoje são quatro embarques em duas horas.

Outra alteração foi a validade dos créditos: de cinco para um ano após a compra.

Bilhete Único anônimo

O Bilhete Único anônimo já havia sido descontinuado no ano passado, a partir do decreto, porém, os cartões ainda ativos passam a ser gradativamente desativados. Os créditos poderão ser realocados em cartões cadastrados.

Publicidade e novos meios de transporte

Buscando receitas o Bilhete Único poderá conter propaganda em seus cartões, com custeio da empresa interessada em ter sua marca atrelada ao cartão. O pagamento de outros modais de transporte, como bicicletas, patinetes, táxis e carros compartilhados também é uma possibilidade com o novo decreto.

Esse pagamento poderá, inclusive, ser feito de forma digital. O decreto também prevê a possibilidade de emissão de bilhetes virtuais, visando diminuir custos de emissão de cartões. Segundo o texto essa substituição poderá ser feita “desde que observadas a viabilidade técnica, as medidas de segurança e a eficiência necessária”.

Por fim, o decreto reafirma resolução que já existia sobre o nome social de travestis, pessoas transexuais no Bilhete Único. Anteriormente uma resolução já previa o respeito à identidade de gênero em serviços públicos.

Bots Brasil Awards 18-19: Mobilidade Urbana ganha espaço na premiação

Chatbot Bipay é único e primeiro concorrente no segmento de mobilidade urbana.

O Bots Brasil Awards é a primeira premiação do país para chatbots, robôs inteligentes que prestam serviços via chat (Messenger, WhatsApp, Telegram, entre outros). A premiação está em sua segunda edição e a novidade é o aumento significativo de inscritos, que ultrapassaram 100 robôs. Porém, apenas um deles é focado na mobilidade urbana, o chatbot Bipay.

Bipay foi desenvolvido pela startup OnBoard Mobility e, pelo Facebook Messenger, faz a recarga do Bilhete Único em São Paulo, além de tirar dúvidas rápidas sobre o sistema de transporte da cidade com uso de Inteligência Artificial e Aprendizagem de Máquina, tecnologias novas empregadas no ramo da mobilidade.

O chatbot de mobilidade está concorrendo na categoria “e-commerce” ao lado de grandes marcas e em “destaque do ano”. Em ambas as categorias Bipay é o único focado em mobilidade e o único que não pertence a uma grande corporação. O júri do Bots Awards que escolheu os finalistas é composto de 37 profissionais da área.

Finalistas Bots Awards

Bipay é o primeiro chatbot de recarga de cartões de transporte do mundo e seu pioneirismo tem chamado a atenção de outras cidades, como Belo Horizonte, onde a tecnologia chatbot deve chegar ainda em fevereiro deste ano.

Para usar Bipay acesse a página no Facebook. Para votar no Bots Brasil Awards 18-19 entre no link do formulário.

O Bots Brasil Awards é organizado pelo coletivo Bots Brasil, que reúne especialistas e pesquisadores da área de chatbots com o objetivo de identificar práticas empresariais no ramo pelo país. Todos os finalistas da edição estão no blog deles.

A OnBoard Mobility desenvolve soluções em pagamentos para a mobilidade urbana e foi eleita em 2017 a melhor solução para cidades inteligentes pelo Smart City Business e pelo Connected SmartCities. Está entre as 100 startups mais inovadoras da América Latina pelo Innovation Ranking LATAM 2018.

11 empresas pretendem operar patinetes elétricos em São Paulo

Entre elas, Uber e a recém formada Grow.

Onze empresas entregaram ontem (18) seus planos para operar patinetes elétricos na capital paulista. A cidade está regulamentando esses serviços que invadiram as ruas no último ano.

Segundo a Folha de São Paulo, juntas as empresas pretendem operar mais de 100 mil patinetes, mas isso não significa que já teremos toda essa oferta: os planos entregues à administração municipal contam com previsões e há ainda a necessidade de aprovação.

As empresas postulantes são a Uber, Yellow, Grin, Trunfo, Tembici, Serttel, Bird, FlipOn, Lime, Scoo, Uber e Mobileasy. Cada um deve focar em nichos específicos. A Yellow e Grin já atuam na cidade com foco massivo (as duas empresas foram fundidas há algumas semanas). Outras empresas, por sua vez, podem atuar em condomínios e ajudar na chamada ‘micromobilidade’.

São Paulo tem sido um espaço aberto à novas soluções e será uma das primeiras cidades do mundo a regular o uso de patinetes elétricos. A ideia é que sejam estipulados limites de velocidade – a proposta consiste em 20 km/hora em ciclovias e ciclofaixas e 6 km/hora nas calçadas – há Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, entretanto, defende a proibição do tráfego em calçadas.

O uso nas ruas também é discutido, e a proposta até o momento inclui o uso na pista de rolamento, na faixa à direita.

Atualmente está aberta uma consulta pública sobre o assunto, com o objetivo de organizar os serviços de compartilhamento, tanto de patinetes quanto bicicletas e outros equipamentos, e integrá-los ao transporte público convencional.

O texto dá abertura para parceiras público-privada na construção de vias para bicicletas e patinetes e fornece diretrizes para que o poder público recebe uma contrapartida das empresas pelo uso comercial das faixas.

Informações FolhaPress.

Transporte público busca reinvenção no relacionamento com usuários

Concorrência faz empresas repensarem seu serviços e relação com os consumidores.

Empresas de transporte público por todo o país têm se movimentado para resgatar clientes e conter a sua evasão, tendência que já diminuiu 25% das viagens no transporte coletivo das principais cidades do Brasil.

Diante dos desafios que toda a mobilidade brasileira enfrenta, com novos players que apostam em públicos jovens e bancarizados para diversificar as formas de locomoção das pessoas, o transporte público vêm repensando seu relacionamento com o cliente final, até ontem chamado apenas de “usuário”, para se manter relevante.  

Apesar dos problemas estruturais do setor, como uma ampla dependência de recursos oriundos da tarifa e, por isso, um baixo poder de investimentos em melhorias, passageiros dispõem hoje de novos hábitos e opções, o que faz toda a indústria privada e o setor público regulatório do transporte público buscar inovação em suas ações.

É o caso da Prefeitura de São José dos Campos e o Consórcio 123, operador do transporte público municipal. O Bilhete Único da cidade agora pode ser solicitado via internet e com entrega em casa. É uma iniciativa inédita e incrível para o consumidor, que por diversas vezes encontra dificuldade para adquirir cartões de transporte na cidade. Para ter um exemplo, é o caso de São Paulo onde pessoas podem demorar até três horas para retirar seu Bilhete Único.

Para a Prefeitura da cidade “a medida inova e visa facilitar o dia a dia das pessoas, além de promover o uso do cartão, uma vez que só com ele é possível usufruir dos benefícios da integração entre linhas, pagando apenas uma passagem, dentro do período de duas horas”.

É uma inovação e tanto na aproximação do transporte público com seus clientes.

Para Luiz Renato M. Mattos, da OnBoard Mobility, startup criadora do primeiro chatbot de recargas de cartões de transporte do mundo “o que os sistemas de transporte público vivem hoje é o mesmo que diversas indústrias já viveram: a entrada de empresa de tecnologia em seus mercados tradicionais.

Luiz fala da digitalização de processos em mercados até então tão tradicionais quanto o transporte coletivo: bancos, táxis, imobiliárias e teles foram pegos de surpresa com a ascensão de concorrentes que parecem ter vindo do nada. Entre eles Nubank, o cartão digital que fez os bancos se mexerem, Netflix com sua assinatura descomplicada e conteúdo badalado e Uber, até hoje antagonista dos taxistas.

“O que faz dessas empresas tecnologia mais competitivas? Além da tecnologia que permite economia e ganhos em escala, essas empresas são obcecadas por seus clientes, orientando recursos, processos e desenvolvimento para experiência de seus consumidores”, conclui Luiz.  

Mesmo em cidades pequenas empresas de transporte têm sentido a necessidade de inovar e prestar um serviço com valor agregado à população. É o caso da Viação I9, que recentemente começou sua operação na cidade mineira de Andradas, com 40 mil habitantes. Por lá as 3 linhas possuem Wi-Fi e clientes contam com um aplicativo que fornece informações em tempo real sobre os ônibus.

Segundo Davi Marçal, representante da empresa, “o transporte coletivo compete com Uber, moto táxi e têm sofrido bastante. A visão da I9 é a de que se não começarmos a inovar com tecnologias embarcadas perderemos mais clientes, pois os sistemas de transporte têm muito pouco auxílio das prefeituras”.

O auxílio são os subsídios que algumas administrações municipais dispõem para o transporte público. Na maioria dos casos, porém, as operações são mantidas exclusivamente com o dinheiro das passagens.

Por isso a perda de clientes para a concorrência representa também a impossibilidade de melhoria na infraestrutura, o que por si só poderia atrair novamente as pessoas. Com menos passageiros, menos dinheiro e menor capacidade de investimento.

Embora pequena, Andradas possui agora um sistema de bilhetagem eletrônica como grandes cidades do país, tecnologia que garante mais segurança para passageiros e empresários.

“Estamos na contramão das outras empresas de transporte pois acreditamos em cidades pequenas”, afirma Davi. 

O transporte público tem concorrência

No final de 2018 a Uber lançou o serviço Uber Juntos, uma remodelação do serviço anterior, Uber Pool. A otimização que a nova versão do serviço deu, com clientes tendo que caminhar um pouco nessas viagens compartilhadas com outras pessoas, ao invés de todos serem deixados exatamente no destino, permitiu a expansão do Juntos para outros cantos do país.

O resultado foi uma reação rápida de empresas de transporte em cidades como Curitiba e São Paulo, em protesto aos baixos preços das viagens. Em média, o preço pode cair 30% e em distâncias curtas fica muito próxima ao de passagens de ônibus ou metrô.

Foi pensando na necessidade de frear a concorrência que a Transfácil, consórcio de Belo Horizonte, contratou a tecnologia de chatbots (robôs em aplicativos de mensagens).

Clientes do transporte público da cidade poderão fazer a recarga do cartão de transporte BHBus e também receber informações sobre o sistema e fazer solicitações, de forma automatizada, pelo chat do Facebook.

Em BH não existe uma ampla rede de recarga do cartão de transporte e muitos serviços ainda são feitos nos postos físicos de atendimento. Com a novidade, busca-se tanto estimular o uso do BHBus como automatizar processos e poupar o tempo das pessoas em atendimentos feitos hoje presencialmente. 

É de Minas Gerais que vêm a Ecobonuz, com atuação nas cidades Lavras, Itaúna e redondezas. A empresa possui um programa de fidelização que recompensa usuários do transporte público no modelo cashback. Ao fazer viagens e comprar nas lojas parceiras é retornado um valor que pode ser usado para novas passagens ou compras.

Recentemente, a empresa anunciou parceria com uma viação de transporte rodoviário, demonstrando a necessidade que existe em toda a mobilidade, urbana ou não, em fidelizar seus clientes ao agregar valor.

Hoje o transporte público vive um momento de incerteza e é desafiado a procurar saídas para sua continuação. Por outro lado, consumidores mais do que nunca precisam se locomover pelas cidades e buscam o melhor custo/benefício, tendo opções que não eram possíveis a bem pouco tempo atrás.

Sendo assim, a questão que fica é sobre quais empresas vão encontrar um caminho sustentável de rentabilidade e, ao mesmo tempo, de investimentos na qualidade dos serviços? .

Metrô em SP cancela contrato com empresa de máquinas para venda de bilhetes

Com menos de um ano firmado o Metrô de São Paulo rescindiu o contrato com a empresa Imply Tecnologia Eletrônica. A prestadora fornecia as máquinas de venda de bilhetes unitários nas estações de metrô.

A venda de bilhetes unitários por meio de autoatendimento visava diminuir as constantes filas nas bilheterias, mas desde o lançamento as máquinas apresentavam um serviço aquém do esperado. Era comum ver máquinas com erros de sistema e sem funcionar por longos períodos.

Com início das instalações em março de 2018, o governo paulista, responsável pelo Metrô, cancelou o contrato de R$24 milhões.

Informações do Bom Dia SP/G1.