Bilhetagem Digital é foco para transformação na mobilidade urbana no RJ
A Bilhetagem Digital promoverá maior transparência ao sistema financeiro do transporte público no Rio de Janeiro, podendo reduzir custos
A Prefeitura do Rio está buscando mais transparência para financiar o transporte coletivo na cidade e a bilhetagem digital vem como solução. A Bilhetagem Digital é uma plataforma composta por hardware e software que permite a integração tarifária, de gestão e de dados do transporte público com qualquer outro provedor de mobilidade e o que é ainda mais impressionante é que isso é possível sem a dependência de métodos de pagamento digitais por parte dos passageiros. Ou seja, com o próprio cartão de transporte atual é possível pagar pela utilização de múltiplos meios de transporte, o que aumenta o potencial de inclusão social da solução, além de desenvolver um sistema totalmente seguro.
Segundo Eduardo Paes, a implementação do novo sistema de bilhetagem digital pode acabar com a “caixa preta” dos transportes públicos, ou seja, o controle do monitoramento dos dados provenientes do transporte. Atualmente, as informações de despesas e arrecadação das operadoras são coletadas e controladas por elas mesmas. Dessa forma, com o novo sistema, “toda a arrecadação do sistema de transporte vai passar pela prefeitura”, segundo Maína Celidonio, Secretária Municipal de Transportes, assim, a prefeitura terá acesso ao cálculo real da demanda e das receitas do sistema de transporte, podendo reduzir custos futuramente.
Em entrevista ao GLOBO, Maína aponta que o novo sistema de bilhetagem digital “tem tudo a ver com a possibilidade do poder concedente prover subsídios. A bilhetagem possibilita contabilizar a receita do sistema e, consequentemente, qual o valor do déficit e do subsídio necessário”. Com isso, uma das propostas é a Câmara de Compensação Tarifária, onde toda tarifa paga pelo usuário será recebida pela prefeitura, que a encaminhará às companhias. Assim, caso haja um saldo remanescente entre o crédito conferido pela prefeitura e o faturamento final da empresa, ele será destinado de volta para o financiamento da mobilidade urbana.
Além disso, a prefeitura também planeja arrecadar por meio de publicidade no aplicativo e no cartão, trabalhando para que, com as novas fontes de receita, a passagem se mantenha no mesmo preço ou mesmo fique mais barata, de acordo com a Secretária. Solução apresentada como uma das principais tendências para o transporte público em 2021.
Além da bilhetagem digital proporcionar maior transparência, também trará novos métodos de pagamento, como o QR Code e Pix, onde a recarga poderá ser realizada utilizando apenas um aplicativo com acesso a dados da conta. Isso é possível devido ao sistema de bilhetagem baseado em nuvem. Nesse caso, o usuário do sistema possui sua própria conta que pode ser acessada por meio de diferentes canais, como celulares, QR Codes e cartões.
O sistema ainda contará com integração e interoperabilidade com múltiplos sistemas de transporte, como o Bike Rio e o Táxi Rio. Com integração entre diversos modais a mobilidade ganha um novo sentido na vida das pessoas e contribui para o pleno exercício da cidadania.
Logo, a fim de contribuir com essa expansão, a prefeitura pretende aumentar o número de postos de recarga e compra física, reduzindo de 7,5 mil para 2,5 mil a quantidade de habitantes por máquina disponível. Além disso, a SMTR anunciou que aumentará de 6 para 15 o número de repartições destinadas ao atendimento presencial dos usuários, com foco nas Zonas Oeste e Norte do Rio de Janeiro.
A vantagem para gestores do sistema é uma maior previsibilidade ao sistema, já que, pelos dados de validação, será possível identificar quais linhas – e horários – possuem maior demanda. De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), as informações serão monitoradas em tempo real por uma central de dados, o que facilitará o planejamento de oferta e demanda, garantindo um melhor controle de receitas e subsídios.
Para as empresas operadoras, a prefeitura prometeu conceder gratuitamente os primeiros validadores, além da instalação e da manutenção das máquinas de recarga, as chamadas ATMs. Além disso, segundo Celidonio, a taxa de administração cobrada pela concessionária de bilhetagem a cada um dos operadores será de 3%. O que difere do que acontece hoje, onde a porcentagem é desigual entre as empresas. Ainda, com a bilhetagem digital, as empresas poderão aumentar o lucro operacional médio, reduzir fraudes, aumentar a agilidade à bordo, sendo possível ainda adicionar novos serviços.
Segundo a SMTR, o edital será publicado no dia 30 de agosto de 2021, depois de duas audiências públicas que ainda acontecerão nos próximos dias. A empresa vencedora será escolhida por critério de maior outorga e o contrato terá a duração de dez anos.
A intenção da prefeitura é já ter uma empresa definida para substituir a RioCard em setembro deste ano. A nova concessionária, no entanto, só assume suas funções no início do ano que vem, de acordo com o cronograma da SMTR. Três meses depois, ela se tornará exclusiva, ou seja, os cartões RioCard não serão mais aceitos. A ideia é acabar com o pagamento de bilhetes por dinheiro até o segundo semestre de 2023, isso permitirá um maior controle sobre a arrecadação em decorrência do registro no sistema de bilhetagem.
A transformação digital do sistema de transporte público oferecerá ao consumidor conveniência, velocidade e praticidade sem o dinheiro, jornadas tranquilas e práticas mesmo em modais diferentes e facilidade na aquisição de créditos. Como a concessionária assumirá as funções em março do ano que vem, os passageiros e passageiras do transporte terão três meses para realizar a troca de cartões, que será gratuita.
O conceito de Bilhetagem Digital foi planejado, projetado e desenvolvido pela ONBOARD, empresa de tecnologia voltada ao transporte público, reconhecida por desenvolver soluções inovadoras e pioneiras. A ONBOARD tem criado soluções para evitar custos exorbitantes relacionados ao sistema de transporte coletivo. É uma empresa direcionada a resolver problemas do setor e foi consultada pela Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro para elaboração do edital.