Sistemas de bilhetagem abertos e Mobilidade como Serviço: o caso de Helsinque

Ou o porquê da bilhetagem eletrônica do transporte público se abrir para a inovação

A capital da Finlândia, Helsinque, se tornou referência mundial de mobilidade como serviço (ou mobility as a service, MaaS) ao abrir a bilhetagem do transporte público para todas as companhias interessadas em vender bilhetes unitários por meio de uma interface pública. A HSL, companhia que administra o transporte da cidade, foi a primeira do mundo a fazer isso. 

“O HSL quer dar suporte ao MaaS e a outros serviços de terceiros por meio de sua política de dados abertos. Queremos ajudar a desenvolver serviços versáteis e inovadores que atendam às necessidades dos clientes. Nosso objetivo é tornar nossos serviços de informações eletrônicas e interface de vendas amplamente disponíveis para operadoras na Finlândia e no exterior ”, afirma Mari Flink , diretora do departamento de experiência e vendas do cliente da HSL.

Uma plataforma de bilhetagem pública contribui para a mobilidade como serviço pois permite integração tarifária com outros modais de transporte, a premissa básica da MaaS. Essa integração é, em resumo, uma forma de pagamento comum, ou seja, por um mesmo aplicativo posso comprar créditos para toda minha viagem, combinando modais de transporte diferentes, cujos prestadores também são empresas diferentes. 

Em Helsinque, por exemplo, uma empresa fornecedora de bicicletas compartilhadas pode oferecer também viagens de ônibus ou metrô com o saldo disponível em sua carteira digital. 

Como contrapartida, a legislação do país nórdico exige que empresas como Uber e Lyft abram seus dados por meio de APIs.  

No Brasil isso ainda não é possível, pois nosso transporte público não está preparado para novas formas de pagamento (como QrCode, NFC), tampouco possui sistemas de bilhetagem abertos. 

Pelo contrário, o mais comum é que os sistemas sejam totalmente fechados, com acesso restrito à própria fabricante da bilhetagem. Dessa forma, até aplicativos simples de recarga de cartões de transporte – nada a ver com mobilidade como serviço – têm dificuldade de lançar serviços de recarga em nova cidades. 

São Paulo, capital, é uma das poucas com política claras e inclusivas para tecnologia, por meio da SPTrans. Há uma porção de aplicativos e até chatbot para recarga do Bilhete Único na cidade. O cartão, inclusive, serve para pagamento de bicicletas de estações. Mas ainda falta muito até uma integração tarifária com outros meios. 

Bilhete Único paulistano

Enquanto isso, na Finlândia se vai por outro caminho com a abertura da bilhetagem para novos segmentos do mercado. A experiência da capital finlandesa é um exemplo de políticas públicas voltadas à mobilidade que pensam no usuário e no Brasil devemos acompanhar iniciativas como essa de perto.

Antonia Moreira

Editora de Redação do Agora é Simples. Analista de Marketing na OnBoard Mobility. Mobilidade é uma de minhas paixões, compartilho aqui os melhores insights que encontro sobre o assunto. Me escreva: antonia@onboardmobility.com

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