Uber transfere a operação de patinetes para Lime
Apesar da redução de custos com a operação, Uber se inscreve para patrocinar ciclofaixas de lazer em São Paulo
Aproximadamente 60% das viagens por carro percorrem menos de oito quilômetros, abrindo espaço às propostas de deslocamento por transportes menores e não poluentes, reduzindo a necessidade do uso de carros e introduzindo a micromobilidade no século XXI. A introdução do compartilhamento de bicicletas elétricas é uma proposta da micromobilidade urbana e a Uber entrou no Brasil em 2018, expandido o segmento para aluguéis de patinetes compartilhadas.
No entanto, devido às mudanças propostas para conter a disseminação da Covid-19, a Uber suspendeu a operação desses veículos. A empresa de transporte privado também foi afetada por meio da queda no número de viagens nos últimos meses. E, por meio disso, uma das propostas de contenção de gastos foi a transferência da divisão de bicicletas e patinetes compartilhados para a empresa Lime.
Como alternativa para reduzir custos no momento, esta transferência não é uma venda. A solução acatada apenas faz com que a Uber não se responsabilize mais pelo pagamento de funcionários da Jump. A Forbes anunciou que esse acordo envolve um investimento de US$ 170 milhões liderado pela Uber, Alphabet e Bain Capital, entre outros.
Porém, não se sabe ao certo se a Lime continuará com os serviços de patinetes da Uber no Brasil. A empresa entrou no vermelho em 2019, com um prejuízo de US$ 300 milhões, e saiu do país em janeiro devido às dificuldades para se manter, numa passagem que durou seis meses de operação em São Paulo e Rio de Janeiro.
No entanto, mesmo com a redução de custos e a crise iminente, a Uber manifestou interesse em patrocinar a ciclofaixa de lazer em São Paulo através de publicação no Diário Oficial em fevereiro. As ciclofaixas possuem 117 km de extensão e o impasse da construção vêm ocorrendo desde o encerramento da parceria com Bradesco Seguros em agosto de 2019.
A Prefeitura já apresentava a abertura de novos editais desde a suspensão de atividades ano passado, mas o descumprimento de itens do edital levava ao cancelamento das licitações. Para a Uber, até o momento, o termo de cooperação foi firmado junto à Prefeitura e apresenta validade de um ano, mas está temporariamente suspenso devido a quarentena. O procedimento de concessão apresenta valor próximo a R$ 20 milhões.
Logo, mesmo em meio à pandemia, a proposta de patrocinar a construção das ciclofaixas faz parte de uma das estratégias de marketing da empresa. A Prefeitura de São Paulo, assim como era possível para Bradescos Seguros, permite à Uber explorar espaços na ciclofaixa a fim de estampar a própria marca.
Em março, apresentamos um artigo de análise do investimento da Uber em patinetes. A estratégia de comunicação da empresa em plataformas multimodais se mostra promissora principalmente na grande São Paulo, onde os anúncios são taxados como poluição visual, estando à margem de regras e limitações.
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