Transporte: um direito do cidadão, um dever que o Estado esqueceu
Setor de transporte demitiu 70 mil profissionais enquanto Governo apoia soluções para o transporte privado, o descaso levou a CNTT encaminhar ofício solicitando ajuda
A CNTT (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres) encaminhou um documento ao presidente da República sobre o descaso com o transporte público, denunciando a crise que o setor vem enfrentando. Além disso, alerta sobre greve geral do sistema no país e pede apoio ao Planalto e ao Congresso para evitar novos cortes.
Segundo Jaime, presidente da CNTT, o setor demitiu 70 mil profissionais e a crise é provocada pela redução na quantidade de pessoas transportadas. Além disso, reforça que as demissões no setor automobilístico tiveram mais visibilidade do que a do setor de transportes, cujo funcionamento do sistema é primordial nas cidades.
“Todo mundo falando da Ford, que vai demitir 5 mil [pessoas], e estão esquecendo dos 70 mil [trabalhadores] que já perderam o emprego no transporte público.”
segundo Jaime Bueno Aguiar, nas correspondências enviadas.
Além disso, durante a pandemia, houve um crescente movimento de greve geral liderado pelos sindicatos e federações de base em vários municípios, de norte a sul do país, e isso resultou em demissões no setor. Diante da problemática, a CNTT solicitou ao Governo Federal recursos na forma de auxílio emergencial.
A Confederação ainda solicita a derrubada do veto presidencial ao Projeto de Lei que dispunha sobre o auxílio emergencial de R$ 4 bilhões para sistemas de transportes a fim de garantir fatores como a continuidade da prestação do serviço. Para o presidente da CNTT, o sistema “não pode ser tratado pelo Executivo e nem pelo Legislativo sem a devida importância que tem na vida das pessoas e no ordenamento urbano das cidades”.
Foram redigidos um ofício separado para Presidência, Senado e Câmara dos Deputados, mas todos reforçam as incoerências que as autoridades vêm cometendo no momento. Os ofícios registram estímulos concedidos pelo poder público a outros segmentos, como o transporte sob demanda por aplicativo, que caracteriza concorrência desleal e predatória ao setor; o fomento ao transporte individual de passageiros e até a preocupação com a perda de postos de trabalhos de outros setores da indústria e da cadeia produtiva do transporte terrestre, além de enfatizar a omissão do Estado em garantir eficiência, rapidez e eficácia dos sistemas de transportes públicos no país.
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