ANÁLISE: Transporte público e individual e grandes escritórios devem se preparar para mudança de comportamento
Com a pandemia do Covid-19 muita gente está trabalhando de casa, no americanizado regime “home office”. Para muita gente isso é uma realidade nova e, embora estejamos num momento de crise, encantadora para quem tinha que ficar uma ou duas horas (quando não mais) dentro de um ônibus, trem ou carro.
Diversas empresas estão descobrindo que alguns departamentos não precisam estar em seus escritórios, como atendimento ao cliente, e que o trabalho de casa pode ser tão produtivo quanto.
Pesquisa americana do instituto Gallup indica que quem trabalha de casa dedica até 4 horas a mais do que aqueles que frequentam os escritórios. A produtividade também pode dar um salto de 20% a 40%. Portanto, não há razão para que preconceitos contra o trabalho à distância continuem.
A entrevista do CEO da Polishop, João Appolinário, que saiu hoje no portal NeoFeed ilustra bem o momento, segundo ele “Descobrimos que existem departamentos e situações que existem no nosso escritório que nunca mais teremos internamente no nosso espaço porque não precisa. Estão tendo performance tão boa ou melhor até do que se estivessem no próprio escritório.”
As empresas estão percebendo que na radicalização do home office as coisas continuam e podem até melhorar. Antigos paradigmas estão caindo. Appolinário afirma que diversos setores trabalharão de casa, com a empresa economizando em vale-transporte e o funcionário seu tempo.
Essa nova tendência – que já existia mas agora é mais forte do que nunca – serve de alerta para alguns negócios: transporte público, carros e aluguel de escritórios.
O primeiro já vem perdendo clientes há anos e se essa mudança de escritório para casa se confirmar um dos pilares de seus recursos – o vale-transporte – está extremamente ameaçado, como nunca visto desde sua efetivação nos anos 1980.
Os carros já passam por um processo de describilidade enorme, sobretudo entre a geração millenium (nascidos após os anos 1990). Agora, se mostrarão ainda mais inúteis, principalmente com a facilidade de pedir um carro para um assunto específico ou receber em casa suas compras de supermercado.
Os escritórios, por sua vez, terão dificuldade em encontrar empresas que ocupem seus gigantescos espaços em torres milionárias. Como bem alertou este blog que você lê na série de artigos “A falência do transporte público“, é a hora de buscar soluções para o financiamento de suas operações, pois o mundo não voltará a ser o mesmo.
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