“O coletivo” será um hub de integração entre diversos atores do segmento.
Estima-se que 25% dos passageiros do transporte público deixaram os serviços coletivos nos últimos 4 anos. Entre as causas, os atraentes preços de apps de carros compartilhados em viagens curtas, que hoje competem diretamente com ônibus, trem e metrô e o incentivo ao uso de carros e motos, que entopem as vias e geram congestionamentos gigantes.
Para frear essa acelerada queda de passageiros e, por consequência, de receitas, o transporte de passageiros no Brasil, representado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) lançou o programa “Coletivo – Programa de Inovação em Mobilidade Urbana” no último dia 7.
No site do grupo há a definição do objetivo da iniciativa:
“O Coletivo é um programa de inovação em mobilidade urbana com o objetivo principal de fomentar a inovação em um espaço para o desenvolvimento de ideias, ações ou produtos inovadores em prol do transporte público coletivo urbano”.
Segundo Octávio Cunha, presidente da NTU “nós precisamos reinventar o transporte público. O dia de hoje é um marco”.
A iniciativa promete conectar soluções inovadoras pelo país todo e escalar as melhores a nível nacional.
De acordo Edmundo Pinheiro, Coordenador do Conselho de Inovação da NTU, em um primeiro momento a comunidade relacionada à mobilidade urbana acreditava que a queda de demanda dos últimos anos era relacionada à crise econômica.
O mito, porém, foi derrubado, e hoje outros fatores são considerados “O que está acontecendo com o transporte coletivo é uma mudança da matriz de deslocamento das cidades, onde o transporte individual tem cada vez mais relevância”.
Cientes da mudança desse modelo, as empresas buscam mudar, mas sem antagonizar com as novas soluções, como bicicletas, carros e patinetes compartilhados “esses serviços conseguiram se apropriar da tecnologia e da inovação, com a liberdade que serviços desregulados têm. Porém, não basta aceitar esse problema como um fato, sabemos que as cidades não suportam apenas o modo individual. Vale a pena propor uma mudança coletiva”, afirma Edmundo.
“Ouvimos muito falar de inovação, de startups, de tecnologia, de investimentos de milhões de dólares mas se observarmos todas as inovações são pro modo individual, nada disso temos ouvido falar para inovação voltada ao coletivo e à mobilidade sustentável. Esse programa de inovação começou a refletir sobre como mudar essa realidade”, completa.
Como noticiado no Agora é Simples, algumas empresas de transporte pelo país já se atentaram a essas mudanças e iniciaram serviços com tendências em mobilidade, como o transporte sob demanda. Goiânia e São José dos Campos possuem iniciativas experimentais com vans sob demanda.
Esses serviços em paralelo à rede convencional possibilita flexibilidade para as empresas de transporte, que hoje prestam seus serviços sob contratos engessados e regulamentados, diferentemente dos novos serviços compartilhados.
Já algumas cidades do interior de minas apostam na fidelização de clientes por meio de programa de pontos e benefícios.
Belo Horizonte e região, por sua vez, entenderam que o atendimento ao consumidor deveria ser mais eficiente e agora possuem canais em redes sociais que utilizam Inteligência Artificial para respostas simples e rápidas e contato com atendentes para demandas complexas.
Tudo isso são propostas mapeadas pelo Coletivo e que podem ganhar escala em breve. Acompanhamos ansiosos pelo protagonismo do transporte público.