Arquivo da tag: coluna

Gestão do sistema de transporte público: o que você precisa saber em 10 pontos

A ideia deste texto é levantar alguns pontos que parecem ser óbvios mas são esquecidos diariamente pelos formadores de opinião e gestores públicos, uma vez que estes imputam ao sistema de transporte coletivo todos problemas, esquecendo assim a essência do mesmo.

1. Para existir o deslocamento é necessário antes existir o desejo de viagem.

2. O transporte não é um objetivo em si, é somente um meio para se atingir um objetivo.

3. Não há nada que seja realmente gratuito.

4. A tarifa possui um preço definido, mas o valor do serviço é subjetivo.

5. Sem receita, tarifária ou não, não há investimento; sem investimento não há inovação; e sem inovação não há adição de valor ao serviço.

6. Gastos são custos. O multiplicador da oferta implica a multiplicação dos custos.

7. A mobilidade em uma sociedade emerge dos deslocamentos voluntários de indivíduos. Dado que todas as escolhas voluntárias envolvem o julgamento subjetivo de situações futuras, cada indivíduo tem a capacidade de saber quais bens e serviços são os mais adequados para ele e para a sociedade. Idealmente, o governo estaria limitado apenas à proteção dos direitos básicos de cada cidadão, mas, como o conhecemos, protege apenas seus favoritos e viola os mais básicos direitos de ir e vir do cidadão comum, provocado pelo excesso de veículos nas vias.

8. O transporte, por si só, não cria valor. Para ter valor, um serviço tem de ser útil e demandado por consumidores que voluntariamente querem consumi-lo.

9. As crises que atingem o transporte coletivo são apenas a revelação de que havia um conjunto de descoordenações e ações errôneas e insustentáveis em relação ao planejamento urbano e de uma política expansionista. O governo não deve apenas estimular o espraiamento urbano, ele deve permitir que o planejamento urbano e o de transporte se desenvolvam juntos.

10. Operadores empreendedores possuem um papel indispensável para o sistema de transporte coletivo. Empreendedores estão sempre alertas para as oportunidades e estão sempre fazendo julgamentos acerca das demandas futuras. Os governos bem-sucedidos são aqueles que possuem maior capacidade para conservar e exercer o equilíbrio dentro do sistema, sem demagogia e também sem sufocar as inovações.

[crowdsignal rating=8915070]

Trabalhando com Estimativas de Custos e Receita no transporte público

Mais um conteúdo prático voltado aos gestores do transporte urbano de pessoas na coluna de Rafael Pereira

Demorei mas voltei, ufaaa…

Caro colega, antes que comece essa leitura quero lhe dizer algo e sinto ao lhe dizer isso: se você sonha em um dia ser um exímio administrador, gerente ou CEO e não sabe lidar ou pelo menos busca compreender o básico do conceito de estimativas e controle de custos e receita, infelizmente você será apenas um sonhador.

E se você já tem carreira consolidada nessas posições e não conhece o básico do tema abordado, infelizmente exímio você não é, e a empresa que você administra corre sérios perigos.

A gestão de custos e despesas está em toda parte, desde o café da manhã em sua mesa até a gasolina que você coloca em seu carro, afinal o esforço do seu trabalho lhe gerou uma renda que deve ser usada com sabedoria, caso contrário, você terá dificuldades em manter seus gastos e continuar gerando riqueza, e em uma empresa não é diferente e por meio da estimativa de custo é possível antecipar o equilíbrio, as necessidades, qualidades e liquidez de uma corporação.

Entenda a analogia feita acima e terás retornos significativos. Não prolongarei extensivamente a prosa, rascunharei o básico para que um (a) entusiasta de transporte público possa conhecer, caso lhe interesse aconselho a se aprofundar nas teorias avançadas.

Existem diversos artigos ótimos de especialistas sobre o assunto. Tenha como exemplo os dados abaixo da linha M12TRO a qual fizemos dimensionamentos anteriormente, façamos as análises:

Trataremos apenas do resultado operacional, iniciamos com alguns conceitos que encontrei em uma apostila que utilizei na FGV, segue abaixo:

Gastos

Gasto é um valor usado pela empresa na aquisição de outros bens ou serviços. Ele corresponde a um esforço financeiro e pode ser efetivado no momento da aquisição ou posteriormente.

Custos

Custo é a parte do gasto que se agrega ao produto. É a parcela do esforço produtivo que é transferida ao produto. Em uma visão mais ampla, pode incluir também as perdas, isto é, aquela parcela do esforço produtivo que deveria ter sido agregada ao produto (bens ou serviços).

Custos diretos 

São aqueles alocados diretamente aos produtos ou objetos de custo, considerando a unidade de produção, não necessitando de rateios.

Custos indiretos 

São os custos que beneficiam toda a produção, mas não são identificados com cada produto ou serviço específico, referem-se aos custos de apoio à produção. São os que, para serem incorporados aos produtos, geralmente necessitam da utilização de algum critério de rateio.

Custos fixos 

São aqueles que não sofrem alteração de valor em caso de aumento ou diminuição da produção. Independem, portanto, do nível de atividade. São conhecidos também como custo de estrutura. Segue exemplo:

Custos variáveis 

São aqueles que variam proporcionalmente de acordo com o nível de produção ou atividades. Seus valores dependem diretamente do volume produzido ou volume de vendas efetivado num determinado período. Segue exemplo:

Despesas

As despesas são gastos que não se identificam com o processo de transformação ou produção dos bens e produtos. As despesas estão relacionadas aos valores gastos com a estrutura administrativa e comercial da empresa.

Despesas fixas 

São os gastos não associados ao custo de um produto, ou seja, é sempre o mesmo independente dos custos de produção e venda. Segue exemplo:

Despesas variáveis 

Despesas variáveis são aquelas que estão diretamente relacionadas ao volume de produção ou venda de seu produto ou serviço. Segue exemplo:

Perceba abaixo que existe uma tendência em os custos e despesas variáveis serem diretamente ligados ao esforço produtivo, já as contas fixas tendem a ser ligados indiretamente. Segue exemplo:

Demanda

É a quantidade de um bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir por um preço definido em um mercado.

Receita

Receita refere-se ao valor da venda de produtos e mercadorias ou da prestação de serviços durante um determinado período contábil.

Lucro

É o resultado da receita total menos todos os custos, despesas e outras deduções que surgirem.

Dado as informações básicas, vamos falar de alguns cálculos necessários para obtenção do resultado.

Ponto de Equilíbrio

Ponto de equilíbrio é a igualdade entre receitas e despesas. É o quanto é necessário produzir ou gerar em serviço para pagar os custos e despesas da operação. Existe diversos cálculos para abordar o tema e diversas visões para cada setor, abordarei o formato mais simples para nossa utilidade. Segue cálculo e exemplo abaixo:

Margem de Contribuição

A margem de contribuição é a diferença entre a receita obtida e os custos e despesas variáveis, que servirá para pagamento dos custos e despesas fixos. Segue cálculo e exemplo abaixo:

Ebitda ou Lajida

A sigla Ebitda vem do inglês Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, ou Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização. É um indicador financeiro que informa o lucro de uma companhia antes de serem descontados o que a empresa gastou em juros e impostos, e perdeu em depreciação e amortização.

Com os dados acima, seguimos com um mini DRE da linha M12TRO:

Finalizamos aqui a pincelada bem básica sobre estimativas de custos, o tema é muito mais amplo do que abordei aqui, porém, acredito eu que exista especialistas capacitados como Controllers, Contabilistas e Analistas Financeiro que possam dar um baile de ações na empresa em que você trabalha, mas, você entender sobre o assunto faz toda a diferença, nos vemos no próximo tema que é sobre indicadores de desempenho.

Abraços!

Veja mais artigos da série especial de Rafael Pereira

[crowdsignal rating=8915070]

Isso é obrigatório.
Isso é obrigatório.

Transporte Público de Pessoas

Esqueça os dinossauros do passado e se adeque às novas tecnologias. Coluna de estreia de Rafael Pereira no Agora é Simples.

Foto: WRI Brasil.

Você já se perguntou como funciona o transporte público de pessoas? Como é feito o dimensionamento de viagens para atender o ponto de embarque mais próximo da sua casa? Como são definidos os custos e despesas?

Trabalho há oito anos com transporte público de pessoas e posso afirmar que não sei nem metade do que deveria e aprendo coisas novas todos os dias, porém tenho know how o suficiente para compartilhar, visto que a literatura sobre o assunto é muito escassa e boa parte do que tem disponível possui uma complexibilidade didática desnecessária ao usuário final ou técnico que irá aplicar tais conhecimentos.

Meu intuito é fornecer e compartilhar de forma simplificada meu conhecimento adquirido, separado em cinco processos e seus procedimentos conforme sequência abaixo:

  1. Pesquisa de Campo;
  2. Dimensionamento de Serviço;
  3. Estimativas de Custos e Receita;
  4. Indicadores de Desempenho;
  5. Gestão das partes Envolvidas.

Se você não faz parte do meio, ou melhor, se você apenas se desloca ao seu destino via transporte público, então vamos quebrar o primeiro paradigma caso contrário nada escrito aqui fará sentido a você, então vamos lá:

  • O transporte público é fiscalizado por órgãos governamentais conduzido e gerenciado por empresas privadas, e como qualquer empresa de qualquer ramo para sua sobrevivência depende de lucro. Entenda essa parte e se liberte para o conhecimento.

Mas se você trabalha na área há muitos anos ou é um novato em busca de conhecimento deixo aqui o meu conselho para quebrar paradigmas de verdade, lhe cito dois:

  • O passageiro não é mercadoria ou gado, então você e mais ninguém é responsável pela sobrevivência da empresa em que trabalha no âmbito correspondente a sua função, então dimensionar de forma correta, na hora certa e no local certo o serviço disponível com o máximo de qualidade possível é de sua responsabilidade seja qual for o setor;
  • Esqueça os dinossauros do passado, abra sua mente e evolua, se adeque às novas tecnologias, o ramo já está cheio de incompetentes presos aos seus egos atrasados e dificultando a evolução do transporte.

Sobreviveu até aqui? Então acredito que tudo irá ficar mais fácil daqui em diante.

Espero poder mostrar de forma simplória as bases do planejamento operacional e controle. Bora parar de queimar diesel e bater lata? Vamos tornar o transporte público mais eficiente? Nos encontramos nos próximos capítulos.

[crowdsignal rating=8915070]