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Calçadas não podem ser ciladas

Os obstáculos ao caminhar pelas ruas de cidades brasileiras e a campanha de mapeamento de calçadas

A foto acima mostra uma rua em um bairro considerado “nobre” em São Paulo, o Jardim Europa, mas a calçada não é nada chique. Mal dá para uma pessoa passar ali, ainda mais se estiver acompanhada ou empurrando um carrinho de bebê.

Cerca de 41% das calçadas em São Paulo não têm a largura mínima exigida por lei, de 1,90 m de largura. Nesse espaço, 1,20 m deve ser livre para a passagem e os outros 70 cm são considerados “faixas de serviço”, onde ficam postes, lixeiras etc.

Mais que um desafio, é uma triste aventura caminhar pelas calçadas de São Paulo (especialmente na periferia) e de outras cidades brasileiras: obstáculos, buracos, postes, irregularidades diversas, lixo e um espaço mínimo para o pedestre – quando ele existe. 

É para garantir a melhoria das calçadas, nosso primeiro contato com o espaço público, que surgiu em 2014 a campanha #CalçadaCilada, da organização Corrida Amiga.

“De forma participativa, por meio do engajamento da população, estamos mapeando neste ano calçadas no entorno de hospitais e escolas, reforçando a urgência de termos boas vias para caminhar. Essa importância ficou ainda mais evidente por conta da pandemia e da necessidade de distanciamento físico. Estamos falando de futuro, mas buscando resolver os problemas do passado e do presente, com soluções já existentes e muito possíveis.”

– Silvia Stuchi, idealizadora da ONG Corrida Amiga. 

“Em algum momento do dia, todos somos pedestres e acessaremos as calçadas”, lembra Silvia, destacando que a campanha hoje já conta com 440 respostas, vindas de pessoas de 60 cidades. 

A qualidade das calçadas torna-se ainda mais urgente quando sabemos que a maior parte da população brasileira utiliza o transporte a pé e o transporte coletivo diariamente. Cerca de 40% dos brasileiros se deslocam exclusivamente a pé e 28% dos deslocamentos diários são feitos por modais coletivos, que sempre incluem um trecho a pé, representando 68% do total dos deslocamentos diários no país.

“Cerca de 130 milhões de pedestres se deslocam diariamente pelas ruas do Brasil, na maioria das vezes em calçadas irregulares, sem acessibilidade e/ou sem a sinalização adequada para o pedestre”

– ressalta Silvia.

Para participar da Campanha Calçada Cilada, mapeando problemas nas calçadas por onde anda, é só baixar gratuitamente o aplicativo @colabapp e localizar a Consulta Pública da Calçada Cilada 2020.

Publicado originalmente em Pro Coletivo.

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O MaaS está para Mobilidade assim como Home Office está para os escritórios

Novas tecnologias para atender às novas necessidades dos passageiros de transporte público

Neste momento em que estamos planejando a retomada das atividades depois do pico da pandemia do Covid-19, os gestores públicos do transporte público devem buscar cada vez mais tecnologias inovadoras para atender às novas necessidades dos clientes e permitir que eles possam personalizar seus deslocamentos.

Em Goiânia (GO), desde que o cartão transporte FÁCIL foi lançado em 2013 pelo Sitpass, o sistema vem buscando inserir os cartões bancários, smartphones e smartwatches wireless  para serem utilizados no pagamento de viagens na rede de transporte da Região Metropolitana de Goiânia, com intuito de melhorar a experiência do usuário, já que eles não precisarão mais fazer a recarga dos créditos. Vale lembrar que, em Goiânia, mais de 95% dos deslocamentos são feitos sem pagamento em dinheiro à bordo.

Mas o principal alvo para as autoridades de todo o Brasil a fim de modernizar a rede de transporte público é buscar a integração intermodal na qual o serviço de transporte público de massa será o eixo principal e será complementado pelas demais formas de deslocamentos. Tal modelo de organização do sistema de transporte é denominada de MaaS – sigla em inglês para Mobilidade como Serviço.

Sendo assim, é factível acreditar que o início do MaaS possa ter sido acelerado como externalidade da pandemia e deve mudar o futuro do transporte, mas isto somente acontecerá desde que transforme de forma radical o entendimento atual em relação a rede de transporte público. Pois, atualmente, ele é compreendido exclusivamente como a forma de deslocamento daqueles que não possuem outra forma de deslocar e, no novo normal, devemos perceber o transporte público como a melhor e mais eficiente forma de se deslocar no espaço urbano.

Outro ganho importante da visão MaaS é que os dados passam a ser um dos ativos mais valiosos, a qual autoridades públicas e empresas privadas possuirão. Logo, a implantação de uma plataforma única para todas as compras e planejamento de viagens podem liberar insights poderosos sobre o comportamento das pessoas para aperfeiçoar a adequação mais precisa entre a demanda e oferta das redes de transporte.

Durante o período mais grave da pandemia ficou claro que nenhuma das autoridades públicas utilizaram os dados de transporte público para planejar de forma mais eficiente as medidas de restrições nas cidades. 

Sendo assim a integração de modos de transporte diferentes permitirá que as pessoas planejem seus deslocamentos com informações completas de: i) tempo total – porta à porta; ii) custo ambiental; iii) custo financeiro; iv) histórico, e além de permitir que conceitos futuristas de transporte, incluindo veículos autônomos, sejam facilmente integrados.

Está claro que a base de usuários das soluções MaaS no mundo ainda é irrisória em comparação com os serviços de transporte tradicionais, mas o crescente número de projetos piloto de MaaS indica que o setor está se aproximando de um ponto de inflexão.Ainda há uma longa jornada a percorrer para a implantação completa do MaaS, mas o seu propósito de simplificar o deslocamento e otimizar o planejamento e gestão das redes públicas potencializado pelas novas necessidades advindas no pós pandemia serão os catalisadores para sua adoção mais rápida.

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Indicadores de Desempenho no Transporte Público

Foto: Victor Moriyama. WRI Cidades.

Caros amigos e amigas,

Posso chamá-los assim, afinal, estamos ficando íntimos e tivemos uma boa caminhada até chegarmos a esse tema tão importante e essencial. Esse é o cara que vai te dar uma diretriz, um norte para a tomada de decisão após a operacionalização e retorno sobre resultados e investimento.

Vejo os indicadores de desempenho em uma empresa de forma análoga com as seguintes referências: manteiga do pão, cereja do bolo, goiabada do queijo, semente da fruta, “mana da vida”. Exageros à parte, esse cara vai apontar para ti os erros e acertos da coisa toda e, por esse motivo, é o nosso penúltimo tema a ser abordado, espero que seja um tema que fique registrado em sua trajetória no mundo corporativo e que o manuseio desses dados lhe faça um profissional com uma bela carreira, afinal quer conhecer uma empresa e dominar suas estratégias independente do ramo de atuação? Comece pelos indicadores de desempenho… Vamos ao conceito:

Os indicadores de desempenho podem ser definidos, segundo SANTOS (2004), como um instrumento capaz de proporcionar a compreensão de um dado fenômeno, oferecendo informações ou até um entendimento ampliado do mesmo fenômeno, tudo isto de forma simplificada, compreensível e comparável.

Conforme SANTOS (1994), os indicadores devem ser viáveis e práticos, apresentando duas características especiais:

•          Adaptabilidade: a capacidade de se adaptarem às diversas mudanças nas exigências dos clientes, pois ao longo do tempo os indicadores podem perder sua utilidade e consequentemente serem eliminados rapidamente.

•          Representatividade: a capacidade em evidenciarem etapas críticas e importantes dos processos, para que, de forma satisfatória, sejam representativos e abrangentes.

Indicadores de desempenho são classificados da seguinte forma:

  1. Índice: tudo aquilo que representa ou atribui algum valor ou aspecto importante do que se analisa.
  2. Coeficiente: propriedade que possui condições que permitem uma avaliação numérica.
  3. Taxa: é definida como a relação entre grandezas.
  4. Parâmetro: é uma variável ou constante que apresenta funções específicas e diferenciadas das demais variáveis.

Além disto, existe as formas de visualização de indicadores, como gráficos, tabelas, dados absolutos e dados relativos.

Bom, até aqui tranquilo. Você já sabe o conceito de indicadores, agora vamos tratá-los no âmbito do transporte público de pessoas.

Uma empresa de transporte público tem diversas áreas e setores que mantêm a engrenagem organizacional girando, porém existem três grandes áreas que estão ligadas diretamente com a força motriz empresarial e que a efetividade de suas ações são acompanhadas constantemente para que não haja grandes desvios que possam desacelerar o bom andamento da oferta e demanda, são eles: Planejamento, Operação e Manutenção.

Planejamento

O Planejamento tem como atribuições fazer levantamentos estatísticos baseados em dados anteriores, analisar, projetar e estipular metas, dimensionar programações de linhas, dimensionar a necessidade de pessoal operacional (Escala de Funcionário), tipo de tecnologia (Frota) a ser alocado na linha, fazer com que, baseado em OSO (Ordem de Serviço Operacional), seja cumprido pelo setor de operação e, se caso for inviável cumprir, negociar propostas de melhorias junto ao órgão gestor para suprir as necessidades dos usuários e clientes e as necessidades da organização. Tem como atribuição controlar os custos e índices de rentabilidade, e os dados estatísticos e indicadores que comprovem a viabilidade das linhas. Vamos abordar alguns indicadores importantes da área de planejamento:

  • Total de Passageiros Transportados: O indicador TPT expressa o somatório dos passageiros transportados durante o mês analisado, considerando sua totalidade de dias. É um índice expresso em algarismo e, quanto maior for o status do mesmo, melhor, pois demonstra a evolução da demanda. Segue o cálculo:
  • Média de Passageiros Transportados Dias Úteis: O indicador MPTU expressa a média aritmética de passageiros transportados nos dias úteis durante o mês analisado. Assim, considera o somatório de passageiros em dias úteis divido pela somatória da quantidade de dias úteis do mês. É um índice expresso em algarismo e, quanto maior for o status, melhor, pois demonstra a evolução da demanda. Segue o cálculo:
  • Média de Passageiros Transportados no Sábado: O indicador MPTS expressa a média aritmética de passageiros transportados nos dias de sábado durante o mês analisado. Assim, considera o somatório de passageiros em dias de sábado divido pela somatória da quantidade de dias de sábado do mês. É um índice expresso em algarismo e, quanto maior for o status, melhor, pois demonstra a evolução da demanda. Segue o cálculo:
  • Média de Passageiros Transportados no Domingo: O indicador MPTD expressa a média aritmética de passageiros transportados nos dias de domingo durante o mês analisado. Assim, considera o somatório de passageiros em dias de domingo divido pela somatória da quantidade de dias de domingo do mês. É um índice expresso em algarismo e, quanto maior for o status, melhor, pois demonstra a evolução da demanda. Segue o cálculo do indicador:
  • Índice de Passageiros por Quilômetro: O indicador IPK expressa a relação entre a quantidade de passageiros transportados no mês e a quilometragem percorrida. É expressa em algarismo e, quanto maior for o seu status, melhor, pois afere o nível e quantidade de passageiros por quilômetro percorrido, evidenciando a efetividade operacional e a capacidade de transformar custo em retorno financeiro. Segue o cálculo:
  • Receita por Quilômetro: O indicador RPK expressa a relação entre a receita operacional do mês e a quilometragem percorrida. É expressa em algarismo e, quanto maior for o seu status, melhor, pois indica, a cada quilômetro percorrido, o quanto de receita é gerada na operação. Com esse cálculo simples é fácil analisar o nível de rentabilidade da organização e também se a receita está nivelada, acima ou abaixo dos custos fixos e variáveis, por quilômetro. Segue o cálculo:
  • Receita por Veículo: O indicador RPV expressa a relação entre a receita operacional do mês e a quantidade de veículos operacionais escalados no mês, conforme programado e realizado. É expressa em algarismo e, quanto maior for o seu status ,melhor, pois indica a eficiência da frota e o aproveitamento de cada veículo. Segue o cálculo:
  • Quilometragem Rodada por Mês: O indicador KM expressa o somatório da quilometragem rodada durante o mês analisado considerando sua totalidade de dias. É um índice expresso em algarismo e, quanto menor ou igual for o status, melhor, pois demonstra a utilização correto da operação, seguindo o programado e seguindo os custos projetados para o mês, não ultrapassando as metas. Segue o cálculo:
  • Fator de Cumprimento de Viagens: O indicador FV avalia a confiabilidade do serviço prestado, levando em consideração a quantidade de viagens programadas e o que foi realizado, demonstrando a eficiência e eficácia da operação em cumprir a programação gerando resultados e qualidade no transporte. No caso, FV é a relação entre viagens realizadas dividido por viagens programadas vezes cem. É um índice expresso em percentual e, quanto maior for o status, melhor, pois demonstra cumprimento de metas. Segue o cálculo:
  • Rentabilidade do Capital Próprio: O indicador RCP indica a rentabilidade do capital próprio, isto é, o retorno do lucro líquido sobre o investimento realizado, levando em consideração o somatório do lucro líquido do mês antes do imposto de renda dividido pela média de investimento realizado no período de exercício. É um índice expresso em percentual e, quanto maior for o status, melhor, pois demonstra o nível de respostas do negócio da empresa em razão os investimentos realizados. Segue o cálculo:

Operação

A Operação é o processo final do preparo interno dos setores de planejamento que vai fomentar o que será realizado na rua, todo o cronograma a ser cumprido e a manutenção que irá preparar os veículos para serem disponibilizados à operação que, por sua vez, tem o objetivo de tirar do papel todo esse planejamento e trabalho interno para colocá-los em funcionamento. Para que isso seja feito da melhor forma possível, o objetivo da operação é atender o cliente com excelência, mantendo regularidades, um serviço com qualidade é fator de vital importância e confiança.

A operação conta com uma equipe de campo e fiscalização, que faz esse acompanhamento, preparando relatórios, administrando as saídas de veículos dentro do horário pré-estabelecido pelo Planejamento, entre outros. Tudo que não ocorrer conforme o programado é reportado ao controle de operação para poder registrar as inconformidades, acidentes, trânsito e tudo que possa gerar desvios do planejado, isto servirá como dados históricos para o futuro. Vejamos alguns indicadores importantes dessa área:

  • Turn Over: é a medição da rotatividade de funcionários da empresa. Este cálculo é útil e muito importante, sendo utilizado a fim de aferir se as medidas de retenção de funcionários e talentos têm sido efetivas, além de poder analisar a satisfação dos funcionários quanto as condições da empresa e suas expectativas. Ele é calculado a partir da divisão do total de demissões e admissões divido por 2, seguindo da divisão da soma de empregados no início do mês, conforme segue:
  • Índice de Reclamações: consiste em uma medição de satisfação dos clientes e usuários de uma linha, ou do geral, em relação ao serviço prestado pela empresa. Essas reclamações são registradas pelo órgão gestor e direcionadas para empresa ou registradas por meio de reclamações diretas dos usuários com a empresa, neste caso as informações são recebidas pelo SARC (Serviço de Atendimento de Reclamações do Cliente) e, assim, direcionadas ao setor. Seu cálculo é realizado por meio da divisão do número de reclamações pelo número de passageiros transportados no período, seguindo da multiplicação por 1 milhão. Segue o cálculo:
  • Frota em Operação: este indicador corresponde ao total de veículos que operaram em um dado período. Esta informação é utilizada pela empresa como base para análise da variação do número de veículos na frota e também como variável aplicada para outros cálculos dos demais indicadores da empresa. Segue o cálculo:
  • MKBF (Mean Kilometer Between Failure), ou “Quilometragem Média Rodada entre Falhas ou Avarias” Operacional: é a média de falhas operacionais por quilômetro rodado em um dado período. São consideradas “falhas operacionais” todo tipo de interrupção operacional. Este indicador tem como objetivo apresentar a frequência por quilômetro percorrido de interrupções na operação, e seu cálculo tem como base o total da quilometragem rodada dividido pelo total de falhas operacionais ocorridas em um período. Segue o cálculo:
  • Atestado: Consiste em dois índices: o total de atestados por pessoas (1) e a soma total dos dias de atestados por pessoas (2). Ele é importante para controlar o total de atestados e sua variação para cada período, funcionando como ferramenta para apontar problemas nas condições que os empregados trabalham e o nível de saúde e controle de funcionários. Segue os cálculos:
  • Faltas: consiste em dois índices: o total de pessoas em falta não justificadas (1) e a soma total de dias de faltas por pessoas (2). Este indicador é utilizado pela operação como ferramenta que permite analisar o aumento ou diminuição do absenteísmo, sendo importante para a introdução de medidas que venham corrigir aumentos neste indicador. Seguem os cálculos:
  • Multas RESAM (Regulamentações e Sanções de Multas): é o controle de multas e sanções sofridas pela empresa por causa de infrações cometidas na operação por funcionários na direção e infrações nos terminais, sempre apontadas pelo Órgão Gestor, sem vínculo com multas do DETRAN. Este índice é de grande importância para o setor, sendo que a empresa corresponde ao total de multas aplicadas aos funcionários, demonstrando o nível e qualidade na direção dos mesmos. O aumento neste indicador aponta para o crescimento nas irregularidades cometidas, o que exige medidas mais rigorosas na fiscalização operacional. Segue o cálculo:

Manutenção

A principal atividade da Manutenção consiste na disponibilidade do veículo para atender a área da Operação, pois essa área é considerada como o cliente interno do setor de manutenção, ou seja, o primeiro foco é disponibilizar veículos em perfeitas condições, por custo baixo e segurança.

As funções do setor se resumem no “Tripé da Manutenção”, que é analisar, dimensionar e colocar na prática o plano de manutenção preventiva a fim de conseguir diminuir a manutenção corretiva, que são as quebras inesperadas, e para que seja capaz de manter a melhor relação de custo/benefício de aplicação de peças e insumos com base na manutenção preditiva. Segue alguns indicadores da área:

  • Combustível Consumido: é considerado a segunda maior conta de despesa da empresa depois da conta de folha de pagamento. Esse indicador é considerado o de maior representatividade para a Manutenção. Para que o indicador esteja dentro de índices acertados é necessário trabalhar a regulagem dos veículos, o controle da aplicação do combustível em cada carro e realizar o acompanhamento das médias consumidas. O cálculo divide o total de quilometragem percorrida pelo combustível consumido dentro de um período. Segue:
  • MKBF (Mean Kilometer Between Failure) “Quilometragem Média Rodada entre Falhas ou Avarias” Manutenção: é o índice de quebra da frota por quilômetro. Para obter esse resultado, o MKBF reúne o total de quebras que são subdivididas em SOS, que ocorre quando é disponibilizado um mecânico para ir até o ônibus que está quebrado ou quando ocorre uma recolhida anormal (RA), que se caracteriza pelas ocorrências fora do programado. Portanto, para se obter o MKB é feita a divisão da quilometragem total percorrida pelo somatório de SOS e RA, o qual vai definir com precisão a qualidade da Manutenção, pois ele é diretamente proporcional à manutenção preventiva e preditiva. Segue o cálculo:
  • Custo por Quilômetro: este indicador é composto por quatro tipos de custos variáveis gerados pela manutenção, eles são:
  1. Custo de combustíveis, que é a soma de todos os tipos de combustíveis consumidos na operacionalização, somado os seus custos e dividido pela quilometragem;
  2. Custo de peças por quilômetro, ao final de todo mês é realizada a somatória de todas as peças, custos de funilaria, de pintura, de suspensão, de LED, de sistemas de freio, de sistema do trem de força que é composto basicamente pelo motor, câmbio e diferencial, fazendo uma somatória de todos esses custos e dividindo pela quilometragem;
  3. Custo do óleo lubrificante, o qual tem o seu cálculo similar ao do custo de peças, somando o total do custo com óleo lubrificante e dividindo pela quilometragem rodada. Quando se fala a respeito de óleo lubrificante, englobam-se os óleos de motor, câmbio e diferencial.
  4. Custo de rodagem, que é o custo por quilômetro de pneus, entendendo como compra de pneus novos, recapagens e consertos externos, quando apresentar maior proporção, e consertos internos, quando apresentar menor proporção. Seu cálculo é feito pelo levantamento do valor mensal dividido pela quilometragem.

Esse indicador demonstra a oscilação com valores gastos e direciona à análises possíveis como troca de fornecedor, mudança de marcas de produtos, entre outras informações. Segue o cálculo do indicador:

Segue exemplo de um painel indicativo:

Bom, agora você tem uma bagagem imensa para poder aplicar no transporte público, não tem? Acredito que conceitualmente sim, pois sabe dos números, dos controles internos… Administrativamente você está fera, pois já conhece os principais conceitos, mas como gerir tudo isso? Como liderar, articular e fazer a política da coisa? Gostinho de quero mais, né? Apareça no próximo artigo, camarada!

Abraços fraternos!

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Trabalhando com Estimativas de Custos e Receita no transporte público

Mais um conteúdo prático voltado aos gestores do transporte urbano de pessoas na coluna de Rafael Pereira

Demorei mas voltei, ufaaa…

Caro colega, antes que comece essa leitura quero lhe dizer algo e sinto ao lhe dizer isso: se você sonha em um dia ser um exímio administrador, gerente ou CEO e não sabe lidar ou pelo menos busca compreender o básico do conceito de estimativas e controle de custos e receita, infelizmente você será apenas um sonhador.

E se você já tem carreira consolidada nessas posições e não conhece o básico do tema abordado, infelizmente exímio você não é, e a empresa que você administra corre sérios perigos.

A gestão de custos e despesas está em toda parte, desde o café da manhã em sua mesa até a gasolina que você coloca em seu carro, afinal o esforço do seu trabalho lhe gerou uma renda que deve ser usada com sabedoria, caso contrário, você terá dificuldades em manter seus gastos e continuar gerando riqueza, e em uma empresa não é diferente e por meio da estimativa de custo é possível antecipar o equilíbrio, as necessidades, qualidades e liquidez de uma corporação.

Entenda a analogia feita acima e terás retornos significativos. Não prolongarei extensivamente a prosa, rascunharei o básico para que um (a) entusiasta de transporte público possa conhecer, caso lhe interesse aconselho a se aprofundar nas teorias avançadas.

Existem diversos artigos ótimos de especialistas sobre o assunto. Tenha como exemplo os dados abaixo da linha M12TRO a qual fizemos dimensionamentos anteriormente, façamos as análises:

Trataremos apenas do resultado operacional, iniciamos com alguns conceitos que encontrei em uma apostila que utilizei na FGV, segue abaixo:

Gastos

Gasto é um valor usado pela empresa na aquisição de outros bens ou serviços. Ele corresponde a um esforço financeiro e pode ser efetivado no momento da aquisição ou posteriormente.

Custos

Custo é a parte do gasto que se agrega ao produto. É a parcela do esforço produtivo que é transferida ao produto. Em uma visão mais ampla, pode incluir também as perdas, isto é, aquela parcela do esforço produtivo que deveria ter sido agregada ao produto (bens ou serviços).

Custos diretos 

São aqueles alocados diretamente aos produtos ou objetos de custo, considerando a unidade de produção, não necessitando de rateios.

Custos indiretos 

São os custos que beneficiam toda a produção, mas não são identificados com cada produto ou serviço específico, referem-se aos custos de apoio à produção. São os que, para serem incorporados aos produtos, geralmente necessitam da utilização de algum critério de rateio.

Custos fixos 

São aqueles que não sofrem alteração de valor em caso de aumento ou diminuição da produção. Independem, portanto, do nível de atividade. São conhecidos também como custo de estrutura. Segue exemplo:

Custos variáveis 

São aqueles que variam proporcionalmente de acordo com o nível de produção ou atividades. Seus valores dependem diretamente do volume produzido ou volume de vendas efetivado num determinado período. Segue exemplo:

Despesas

As despesas são gastos que não se identificam com o processo de transformação ou produção dos bens e produtos. As despesas estão relacionadas aos valores gastos com a estrutura administrativa e comercial da empresa.

Despesas fixas 

São os gastos não associados ao custo de um produto, ou seja, é sempre o mesmo independente dos custos de produção e venda. Segue exemplo:

Despesas variáveis 

Despesas variáveis são aquelas que estão diretamente relacionadas ao volume de produção ou venda de seu produto ou serviço. Segue exemplo:

Perceba abaixo que existe uma tendência em os custos e despesas variáveis serem diretamente ligados ao esforço produtivo, já as contas fixas tendem a ser ligados indiretamente. Segue exemplo:

Demanda

É a quantidade de um bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir por um preço definido em um mercado.

Receita

Receita refere-se ao valor da venda de produtos e mercadorias ou da prestação de serviços durante um determinado período contábil.

Lucro

É o resultado da receita total menos todos os custos, despesas e outras deduções que surgirem.

Dado as informações básicas, vamos falar de alguns cálculos necessários para obtenção do resultado.

Ponto de Equilíbrio

Ponto de equilíbrio é a igualdade entre receitas e despesas. É o quanto é necessário produzir ou gerar em serviço para pagar os custos e despesas da operação. Existe diversos cálculos para abordar o tema e diversas visões para cada setor, abordarei o formato mais simples para nossa utilidade. Segue cálculo e exemplo abaixo:

Margem de Contribuição

A margem de contribuição é a diferença entre a receita obtida e os custos e despesas variáveis, que servirá para pagamento dos custos e despesas fixos. Segue cálculo e exemplo abaixo:

Ebitda ou Lajida

A sigla Ebitda vem do inglês Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, ou Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização. É um indicador financeiro que informa o lucro de uma companhia antes de serem descontados o que a empresa gastou em juros e impostos, e perdeu em depreciação e amortização.

Com os dados acima, seguimos com um mini DRE da linha M12TRO:

Finalizamos aqui a pincelada bem básica sobre estimativas de custos, o tema é muito mais amplo do que abordei aqui, porém, acredito eu que exista especialistas capacitados como Controllers, Contabilistas e Analistas Financeiro que possam dar um baile de ações na empresa em que você trabalha, mas, você entender sobre o assunto faz toda a diferença, nos vemos no próximo tema que é sobre indicadores de desempenho.

Abraços!

Veja mais artigos da série especial de Rafael Pereira

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Isso é obrigatório.
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