Arquivo da tag: priorizar transporte público

Problemática do acordo entre o Governo de MG e a Vale para a mobilidade urbana da capital

A construção de um rodoanel com a promessa de gerar mais empregos e resolver o trânsito na cidade bate de frente com estudos científicos e a opinião de especialistas do setor

Fonte: Unsplash.

Após o equivocado e questionável acordo entre o Governo de Minas e a Buser, o governo de Minas Gerais fechou um acordo de R$ 37,68 bilhões com a mineradora Vale relacionado à tragédia na cidade de Brumadinho, que ocorreu em 25 de janeiro de 2019. No entanto, o valor não contabiliza ações penais, danos desconhecidos e direitos individuais, ele será destinado para obras em Belo Horizonte.

Dentre melhorias na área da saúde e segurança, o governo pretende destinar 50% dos recursos para viabilizar obras de infraestrutura. A maior obra do plano se refere à construção de um Rodoanel na Região Metropolitana da capital mineira com a prerrogativa de desafogar o tráfego e aumentar a competitividade da indústria automotiva.

A princípio, o Estado estima que as obras gerem 360 mil empregos diretos e indiretos ao longo de sua execução. No entanto, estudos já apontam que a construção de estruturas viárias geram menos empregos quando comparados com outras obras relacionadas à mobilidade. Ou seja, os empregos gerados são pontuais e, quando as construções são finalizadas, os empregos são encerrados.

Além disso, investir na priorização do transporte individual com a prerrogativa de solucionar problemas de trânsito é uma medida contraproducente. Diversos estudos científicos apontam que a valorização da “cultura do carro”levou a um excesso de tráfego nas cidades brasileiras.

Enquanto isso, o investimento para transporte público, setor que de fato poderia resolver o problema, surge apenas com um possível recurso, nada certeiro. Alguns meios de comunicação apontam como investimento apenas no metrô de Belo Horizonte. 

No entanto, ao considerar o transporte público, sabe-se que este potencialmente gera novos postos de trabalho como motorista, técnicos de tráfego, mecânicos, gestores, lavadores, fiscais, entre outros. Segundo a ANTP (Agência Nacional de Transportes Públicos), o setor gera 570 mil empregos diretos.

Além disso, há o ponto de vista ambiental. Os carros têm contribuição majoritária no que diz respeito à poluição sonora, do ar e visual, o aumento do número de acidentes de trânsito, as deseconomias causadas pelos congestionamentos, a dependência de um sistema de produção desregrado e a degradação de cidades.

Além das controvérsias nos planos, o acordo gerou impacto negativo na sociedade. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), grupo organizado de atingidos pela construção de barragens que lutam para a defesa de seus direitos, protestaram nas imediações do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. “Vale e Estado fazem acordo injusto e violam direitos dos atingidos“.

Nós do Agora é simples torcemos para que essa alocação de recursos seja revista e nos colocamos à disposição do Governo de Minas Gerais para contribuir com um debate que de fato melhore a mobilidade urbana da região, gere empregos e seja sustentável.

[crowdsignal rating=8915070]

Assine a newsletter!

Novidades no mundo da mobilidade urbana e transportes toda semana no seu e-mail. É de graça e sem spam! 
Isso é obrigatório.
Isso é obrigatório.

Novos conceitos para o transporte & mais – Não durma no ponto!

As principais notícias da última semana em uma leitura rápida e informativa. Comece a semana conectado no mundo. Não durma no ponto!

Você já ouvir falar sobre o First Mile e Last Mile? Traduzindo para o português, esses conceitos significam a primeira e última milha e são importantes para compreender a mobilidade urbana, pois representam as etapas inicias e finais da jornada no transporte.

Hoje, entende-se que a pessoa que utiliza o transporte pode utilizar vários modos, tipos ou modais para se deslocar. As possibilidades envolvem caminhar, dirigir, pilotar ou utilizar um meio de transporte público ou alternativo.

No entanto, o transporte público vem enfrentando uma dificuldade para atender esses pedaços iniciais e finais da jornada, o que acaba favorecendo o carro, seja próprio ou compartilhado. 

Para entender melhor o conceito e como evitar os gargalos que priorizam o transporte particular, nosso parceiro de conteúdo Rafael Pereira explica mais aqui.

Mesmo diante de alternativas, o interesse pelo carro como meio de transporte aumenta

Não é de hoje que o transporte público vem enfrentando crises e, com a pandemia, muitos problemas se intensificaram. Isso fez com que houvesse aumento pelo interesse em se deslocar por carro, gerando impactos negativos não só ambientais, como também de qualidade de vida.

No entanto, para tirar a prioridade do carro, é necessária uma mudança cultural e que governantes comprem essa agenda, pois já vêm sendo cobrados pela população no sentido de adotar políticas públicas efetivas que promovam a melhoria da mobilidade e a redução dos custos de deslocamentos, principalmente dos meios de transporte público.

Assim, as próximas gestões, eleitas no dia 15 ou no próximo dia 29 de novembro de 2020, terão papel fundamental nesse desafio. Saiba o que acontecerá se essa agenda não for aplicada nos próximos anos.

Além da transformação digital no setor, o auxílio de R$ 4 bi foi aprovado pelo Senado

Com o objetivo de dar um respiro ao transporte público em meio a pandemia, o auxílio de R$ 4 bilhões vem permeando as instâncias do legislativo para aprovação. 

Nessa última semana, o Senado aprovou o Projeto de Lei n. 3.364/2020 que prevê esse repasse aos estados, Distrito Federal e municípios com mais de 200 mil habitantes.

Segundo o relator do PL, Eduardo Gomes (MDB-TO), o projeto é importante para evitar o aumento das tarifas de transporte. O projeto determina que os recursos serão liberados mediante condições estabelecidas em termo de adesão. 

Assim, as regiões beneficiadas pelo recurso ficarão proibidas de aumentar as tarifas do serviço de transporte. Para saber mais, clique aqui.

Chegamos ao ponto final. Nos vemos na próxima?

Além de acompanhar o painel “Não durma no ponto!” toda segunda-feira, você pode receber em primeira mão as novidades em inovação na mobilidade e no transporte público através da nossa newsletter. É grátis e sem spam!

[crowdsignal rating=8915070]

Isso é obrigatório.
Isso é obrigatório.

Novidade Agora é Simples, propostas ao transporte & mais – Não durma no ponto!

As principais notícias da última semana em uma leitura rápida e informativa. Comece a semana conectado no mundo.

Foto: Wanderley Costa.

Subindo no ônibus da informação, quero te fazer um convite especial. O Agora é Simples estreou o seu primeiro episódio de podcast na semana passada e é claro que você não pode deixar de ouvir.

Na primeira edição falamos com Maria Luiza, do Coletivo NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e abordamos os desafios existentes para inovação no transporte público em meio às dificuldades que o setor encontra, dentre legislações, infraestrutura e fontes de recurso.

O podcast está disponível em diversas plataformas, acesse.

Andando de mãos dadas com a informação…

2020 é ano de eleições e o dia do voto se aproxima!

Assim, para que você possa contribuir com o desenvolvimento da sua cidade e embasar sua escolha de candidato(a), analisamos todas as propostas relacionadas ao transporte público e sua viabilidade prática. Afinal, se não há transporte, não há cidade. Confira:

Tá calor aí?

Pois é, o famoso efeito estufa está tomando uma proporção fora do controle. E mais, o setor de transporte é a fonte de emissões de gases de efeito estufa que mais cresce atualmente – hoje, o setor é responsável por aproximadamente um quarto das emissões globais.

O que nós temos a ver com tudo isso? Bom, além de ninguém querer morrer de calor (no sentido literal), o Brasil assinou o Acordo de Paris que assume deveres para que a temperatura média global não ultrapasse 2°C.

Cheio de metas ambiciosas, o Brasil apresentou à Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) o objetivo de reduzir 66% da emissão de gases efeito de estufa por unidade do PIB para 2025 e 75% de redução na intensidade de emissões para 2030 (ambas em relação aos dados de 2005).

Para isso, o projeto “Transporte para menos de 2 graus”, apoiado pelo Fórum Econômico Mundial, divulgou um relatório que compreende insights para a  descarbonização do setor de transporte em abrangência mundial a fim de contribuir com o Acordo de Paris.

Uma cidade sustentável prioriza o transporte público

Começaram as mudanças para o transporte em Porto Alegre. A prefeitura possui o projeto Ruas Completas e um plano de priorização do transporte público que apresenta diversas mudanças para melhoria da experiência das pessoas na cidade.

As mudanças compreendem desde a ampliação de faixa exclusiva, implantação de ciclovia e até instalação de QR Codes para melhoria da experiência do usuário. Para saber em detalhes quais foram as mudanças, clique aqui.

Bem, chegamos ao ponto final.

Além de acompanhar o painel “Não durma no ponto” toda segunda-feira, você pode receber em primeira mão as novidades em inovação na mobilidade e no transporte público através da nossa newsletter. É grátis e sem spam!

[crowdsignal rating=8915070]

Assim como os bondes, o transporte público por ônibus pode desaparecer se essa medida estrutural não for tomada agora

A sobrevivência do setor de transporte público deve ser pensada para o pós-pandemia

No início do século XX, os bondes eram o principal meio de transporte urbano no país. Depois veio a gripe espanhola que instaurou terror no Brasil, acabou matando o presidente eleito Rodrigues Alves e paralisou o comércio e as escolas. 

À medida que a gripe espanhola atravessava as cidades, os sistemas de bondes foram forçados a fazer mudanças centradas na saúde, incluindo a exigência de máscaras nos passageiros, a limitação da capacidade dos bondes e alguns serviços foram desativados brevemente devido à escassez de operadores. No entanto, a grande crise do setor de transporte realmente ocorreu a partir da depressão econômica de 1930 junto com o avanço da política nacionalista varguista.

Hoje, com a pandemia, os principais sistemas de transporte público no país registram perdas de 70 a 80% no número de passageiros. Somado às finanças no vermelho e operadores endividados, entes reguladores têm reduzido drasticamente o serviço, fazendo com que o sistema perca atratividade.

Porém, diferentemente do que ocorreu no pós crise sanitária provocada pela Gripe Espanhola, a situação atual apresenta vertente à uma crise econômica com elevado índice de desemprego, somado ao fato que parte dos antigos passageiros continuarem trabalhando remotamente, enquanto outros podem mudar seus padrões de deslocamento para dirigir, usar aplicativos de transporte ou andar de bicicleta. 

“Sabemos que as pessoas terão medo de usar o transporte público do ponto de vista da saúde.”

Ahmed El-Geneidy, professor de planejamento urbano da Universidade McGill. 

Supondo que a demanda e a receita dos passageiros permaneçam baixas, os reguladores possivelmente terão que manter os cortes nos serviços, mesmo após o fim da quarentena, apesar de necessitar mais oferta, e não menos, para permitir o distanciamento social. Entretanto, hoje não existe dotação orçamentária para o financiamento da improdutividade do transporte público no país. 

A literatura acadêmica mostra que esses cortes podem, por si só, ser um elemento provocador de mais retração da demanda.

 “Existe uma elasticidade que mostra que, se você reduzir o serviço em 10%, geralmente pode esperar um número de passageiros cair 3-6%.”

Greg Erhardt, professor de engenharia civil da Universidade de Kentucky.

Um fator agravante é que 2020 foi o sétimo ano consecutivo do que a NTU apresenta como “tendência perturbadora“, o que se refere ao fato de que o número de passageiros no Brasil está em declínio desde 2013. As explicações para a queda do número de passageiros durante esses anos envolvem crédito fácil para empréstimos para compra de automóveis, a baixa qualidade do serviço para os que não possuem subsídios públicos, surgimento de serviços como Uber e 99, e falta de investimento em infraestrutura.

Quem serão os passageiros na sequência do coronavírus? É certo que os passageiros retornarão inevitavelmente nas regiões mais densas das cidades, porém, pode estar surgindo um novo e potencial nicho para futuros passageiros do transporte: famílias de baixa renda que compraram veículos financiados nos últimos anos.

Temos que realmente tratar o transporte público como um serviço essencial. Não podemos pensar como uma organização com fins lucrativos que ganha dinheiro com o número de passageiros. Neste cenário, o poder concedente deve mudar a forma de remuneração dos operadores, ao invés de serem remunerados pela tarifa, os mesmos deverão ser remunerados pela oferta do serviço. 

Ao mudar a forma de remuneração, há possibilidade de criar uma demanda mais forte por subsídio público, em vez de continuarem dependendo de aumento das tarifas ou da lotação dos veículos. 

Por muitos anos, os políticos apresentam grandes aspirações para o transporte público: que ele supere o transporte individual, lute contra as mudanças climáticas e revitalize as comunidades. Mas as duas coisas que comprovadamente fizeram no último meio século são fornecer mobilidade para quem não tem – seja por idade, renda ou incapacidade – e permitir a função de locais altamente adensados. Sendo assim devemos viver o futuro focando em um dia após o outro. 

[crowdsignal rating=8915070]