Arquivo da tag: distanciamento social

Fiscalização intensa nos próximos 15 dias no BRTRio promete diminuir aglomerações

Com objetivo de oferecer um serviço de maior qualidade à população e reduzir o risco de transmissão da COVID-19, “Vamos começar a usar todas as câmeras do sistema BRT para poder fiscalizar melhor o sistema”, diz secretária municipal de Transportes do Rio, Maína Celidonio

Foto: William Werneck/Prefeitura do Rio.

Os ônibus lotados se tornaram comuns durante a pandemia em várias cidades brasileiras. O Rio de Janeiro é um exemplo, passageiros e passageiras do BRT Rio reclamam que o distanciamento social não é respeitado nos veículos da cidade, ocasionando aglomerações nos ônibus. 

Com isso, a secretária municipal de Transportes do Rio, Maína Celidonio, prometeu uma fiscalização mais rígida. A partir de segunda-feira (04), a prefeitura iniciou uma operação integrada no BRT que percorrerá os próximos 15 dias.

“Esta foi a primeira ação de ordenamento, limpeza, manutenção e distribuição de máscara em 26 estações de maior aglomeração. Começamos uma campanha de conscientização para que as pessoas usem máscara no transporte, falem pouco, não comam nem bebam para evitar a contaminação de COVID-19. Esta ação integrada tem como objetivo garantir mais conforto e maior sensação de segurança  aos usuários”

afirmou a secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio.

A fiscalização está prevista para 26 estações de maior movimento e conta com a presença das secretarias de Transportes, Ordem Pública, Assistência Social, Conservação, Saúde, Comlurb, CET-Rio, Rioluz e Subprefeituras, em conjunto com o BRT Rio. 

“A fiscalização será mais intensa. Estamos com uma nova gestão mais inteligente. Vamos começar a usar todas as câmeras do sistema BRT para poder fiscalizar melhor o sistema

disse Maína em entrevista ao Bom Dia Rio.

Ainda, de acordo com a secretária, estão sendo realizadas reuniões com os consórcios a fim de levantar um estudo sobre a atual frota operante, a demanda e quais ônibus estão disponíveis nas garagens. O objetivo é reorganizar a distribuição de linhas e diminuir a concentração de passageiros nas estações, principalmente em horários de pico.

Segundo a Agência Brasil, Maína acompanhou a ação na estação do BRT Santa Cruz, na zona oeste, na segunda-feira (04) e disse que neste primeiro momento é importante conscientizar os passageiros a fazer uso da máscara e respeitar o distanciamento nas filas. 

A secretária ainda confirmou a reabertura de sete estações e reformas, além de melhorias em outras estações durante o mês de janeiro deste ano. As ações prevêem a diminuição na superlotação de ônibus BRT.

[crowdsignal rating=8915070]

Isso é obrigatório.
Isso é obrigatório.

Quais dificuldades encontra quem usa o transporte público na pandemia?

Pesquisas no Brasil traçam os motivos das pessoas que utilizam o transporte coletivo durante a pandemia e apontam melhorias a serem realizadas.

Foto: Agência Brasil.

A utilização do transporte público durante a pandemia foi e ainda é motivo de preocupação de quem utiliza e de quem opera o sistema. Conhecer o público desse setor é primordial para a implementação de medidas válidas de melhoria.

Sabendo disso, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) realizou uma pesquisa que traçou os motivos de quem usa o transporte público durante a pandemia de Covid-19. O objetivo do levantamento é encontrar soluções para os problemas enfrentados por quem depende do transporte para se locomover.

O estudo foi realizado durante o mês de agosto em quatro Terminais Integrados da Região Metropolitana do Recife. As questões principais eram entender os motivos pelos quais a população utiliza o transporte coletivo nos horários de pico, as principais dificuldades enfrentadas pelas pessoas e quais os cuidados os passageiros estão tendo durante a pandemia. 

Aguardar transportes menos lotados (14%), distanciamento social (11%) e evitar horário de pico (8%) tiveram menor adesão. 

Em Recife houve escalonamento de horários de trabalho a fim de tentar evitar aglomerações dentro dos coletivos, no entanto, não apresentou impacto positivo devido a diminuição da frota de ônibus. Assim, durante a pesquisa, a maior reclamação dos entrevistados era em relação ao tempo de espera entre as viagens, seguido da superlotação dos ônibus e da redução das linhas.

Em relação aos cuidados adotados ao utilizar o transporte público, 97% afirmaram que utilizam a máscara para proteção, seguido de 74% que utilizam o álcool em gel. 

“As demais maneiras de proteção esbarram em questões mais estruturais e de difícil expansão no curto prazo, como a frota de veículos disponível para o transporte público.”

– Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE, para o Folha PE.

Essas questões estruturais, entre inúmeros fatores, envolve a situação socioeconômica da sociedade. Segundo a NTU, as classes que mais utilizam e dependem do transporte são as classes D, C e E.

“Enquanto a classe média se desloca de carro sozinha e com máscara, a população de trabalhadores da periferia simplesmente tem que se submeter à jornada no transporte público […]

– explica Breitner Luiz Tavares, doutor em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador de saúde coletiva, para a agência Pública.

De acordo com Breitner, os problemas do transporte público sempre existiram, no entanto, a pandemia apenas reforçou o quadro de desigualdade e de um desenvolvimento urbano centrado na ideia do carro.

O estudo “Como anda meu ônibus”, realizada no Distrito Federal no 1º semestre de 2020, apontou que a maior parte dos passageiros utiliza o transporte público 5 vezes ou mais na semana, 2x ao dia, sendo as principais finalidades de uso para trabalhar e/ou estudar nos horários de pico, ou seja, das 5h às 8h e das 17h às 20h.

No levantamento do DF, a quantidade de passageiros foi o indicador com pior avaliação, seguido do preço da passagem e tempo de espera. Em relação a infraestrutura dos ônibus, as avaliações demonstraram total insatisfação dos passageiros. 

[crowdsignal rating=8915070]

Uma janela de oportunidade para recuperação do transporte público

Uma estratégia de recuperação econômica do transporte público desenvolvida pelo Banco de Desenvolvimento Asiático prevê fases que já estão sendo realizadas no Brasil

Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis.

O sistema de transporte público, que já se encontrava em crise, observou perdas notórias de passageiros e consequente queda na receita. A quantidade de passageiros reduziu para 25% em muitas operações, algo nunca vivenciado antes pelo setor. Com desafios financeiros, o sistema depende de subsídios governamentais para continuar operando. 

Com isso, o Banco de Desenvolvimento Asiático (ADB), desenvolveu um relatório com análise da situação de alguns países em momento de crise e apontou uma expectativa para recuperação econômica do sistema de transporte. A curto e médio prazo, há necessidade de garantir a atratividade de um transporte público de modo sustentável, limpo e não poluente e, a longo prazo, as soluções devem abranger necessidades de mudança maiores, mas que podem auxiliar na construção de cidades inteligentes como avanços tecnológicos, big data, inteligência artificial, digitalização, entre outras soluções.

Frente ainda à incerteza na demanda por transporte público, o relatório aponta a  necessidade de revisão e planejamento de concessões que considere variáveis como infraestrutura das cidades, editais de inovação, propostas de financiamento e serviços de transporte adicionais. Esses pontos são essenciais para manutenção e viabilidade do serviço oferecido nas cidades.

Um estudo sobre os processos de políticas públicas relacionadas ao setor de mobilidade urbana conclui que somente são incluídas nas agendas de governos  os problemas que capturam sua atenção através de uma proposta de solução efetiva e, para ser transformado num item de política pública, ele deve ter o apoio de autoridades-chave no governo que auxiliarão na definição e decisão dos projetos.

Ou seja, levaria anos até para que os projetos atuais – que se encontram em desenvolvimento – estejam operando completamente, o que atrasa o desenvolvimento do setor de mobilidade urbana e aponta riscos maiores de colapso no sistema.

O ADB analisou o que as partes interessadas estão usando para compreender o comportamento de mobilidade urbana e possíveis tendências econômicas. As tendências são traçadas com base em dados de Big Data gerados através do uso de mapa, aplicativos e histórico de localização de pessoas. As principais fontes de dados são:

  • Google Mobility: através de dados de localização compartilhados por usuários de smartphones Android, o Google compara o tempo e a duração das visitas aos locais com os valores medianos no mesmo dia da semana às 5 semanas a partir de 3 de janeiro de 2020. 
  • Apple: a partir da contagem do número de solicitações feitas ao Apple Maps para rotas em países, regiões, sub-regiões e cidades selecionadas, a Apple faz uma comparação com o volume de linha de base do dia 13 de janeiro de 2020. 
  • TomTom: com o fornecimento de uma classificação global de congestionamento urbano, a empresa compara os níveis atuais com o congestionamento médio de 2019.

É importante ressaltar que estes não são conjuntos de dados exatos e as fontes usam métodos diferentes para calcular a atividade, assim, a precisão pode variar significativamente de país para país devido às características do usuário e densidade de smartphones. Portanto, pode não representar as características de deslocamento da população como um todo.

Contudo, a partir da análise destes dados, uma possível tendência futura se direciona à uma janela de oportunidades para a consolidação de serviços e a infraestrutura de rotas para melhor atender aos padrões e práticas de deslocamento no pós-COVID-19. 

Fases para recuperação do sistema de transporte público coletivo

O relatório desenvolvido pela ADB aponta análises para recuperação econômica do sistema de transporte público. A estratégia envolve três fases: a fase de resposta a curto prazo (até 3 meses), a fase de recuperação no médio prazo (até 1 ano), e a fase de rejuvenescimento a longo prazo (após 1 ano).

No prazo imediato, as empresas devem se concentrar principalmente na proteção e segurança da equipe de transporte e nos passageiros. A frequência de limpeza e sanitização de instalações compartilhadas devem ser intensificadas. Deve haver fortalecimento de medidas preventivas de distanciamento seguro. Fornecimento de atualizações aos funcionários e passageiros sobre novas infecções e mudanças nas frequências e rotas do transporte público. Implementação de sistemas de rastreamento e monitoramento de pessoas, possibilitando respostas ágeis para restringir ou relaxar o movimento conforme necessário. 

Quando as condições de saúde melhorarem e o risco de transmissão apresentar queda, a segunda fase de medidas pode ser considerada. Assim, na fase de recuperação, medidas de gerenciamento de demanda podem facilitar o controle de pessoas no transporte. Propostas de infraestrutura para caminhar e andar de bicicleta podem ser ampliados para absorver a demanda indireta do transporte público. E a avaliação de subsídios para concessões ou serviços já existentes é necessária para garantir a viabilidade financeira do sistema.

Com o avanço na melhora das condições de saúde, a terceira fase envolve a integração de procedimentos operacionais para garantir sistemas de transporte mais resilientes. Assim, a introdução de tecnologias avançadas voltadas à digitalização e inserção de sistemas sem contato, havendo também feitos esforços para ampliar a inclusão digital e obter sistemas integrados e ágeis. Todavia, o sucesso das medidas também depende da atuação dos cidadãos, o que pode exigir mudanças comportamentais e previsões instáveis.

O que empresas brasileiras já estão fazendo para evitar o colapso do transporte?

As cidades brasileiras ainda estão se adaptando à fase um, com medidas para higienização dos transportes. Alguns eventos promovidos por organizações da área visam compartilhar conhecimento entre operadores.

Paralelamente, algumas empresas já pensam no que podemos considerar durante as fases 2 e 3. A cidade de Uberaba tem testado pilotos de bilhetagem digital e estratégias de fidelização a fim de melhorar o sistema de transporte com a transformação digital dos processos. Em Porto Alegre, prefeitura propõe alternativas para financiar e gerar atratividade do sistema na cidade.

Ainda, chatbots têm sido experimentados para diminuição de atendimentos presenciais. A SPTrans, responsável pelo maior sistema sob pneus do mundo, em São Paulo, apostou nesse meio. Através de um sistema que fornece atendimento online, recarga e outras soluções online, os deslocamentos são evitados, principalmente de pessoas de risco como idosos e PCD.

O futuro do setor de transporte será fortemente influenciado por muito tempo

As experiências da crise financeira de 2008 demonstraram que os impactos de uma recessão econômica para um setor movido pela demanda como o transporte pode ser sentida por muitos anos. 

Ainda assim, mesmo com o transporte gerando dúvidas sobre a disseminação de COVID-19, ele deve ser projetado para desempenhar um papel importante na promoção de um transporte mais sustentável por meio de promoção ativa de veículos limpos, fornecimento de alternativas de viagem de qualidade e incentivo de meios de locomoção ativos, como caminhada e bicicleta, para melhorar em geral a saúde e o bem-estar da população.

Os governos precisam trabalhar em parceria com o setor privado para garantir que haja um ambiente regulatório e legislativo para facilitar a inovação. As crescentes demandas pedem uma abordagem mais centrada no usuário na concepção e entrega de serviços de transporte.

Logo, mais pesquisas são necessárias para entender o que precisa ser implementado para melhorar a preparação e agilidade do sistema de transporte para enfrentar outros desafios. É necessário explorar medidas alternativas para mitigar impactos operacionais e financeiros, coletar dados de comportamento e padrões de locomoção, prever cenários futuros e elaborar estratégias para orientar o planejamento e desenvolvimento de projetos de transporte. Também é preciso fortalecer a política, o diálogo e a assistência técnica para apoiar o desenvolvimento do setor.

A médio prazo, recomenda-se intensificar os esforços para promover o transporte público em projetos para contrariar a tendência negativa de preferência à veículos privados, fornecer alternativas de deslocamento seguro com infraestrutura de qualidade para  caminhada e ciclismo, e desenvolvimento de projetos para infraestruturas sustentáveis. Nossas ações hoje impactarão o ambiente e a qualidade de vida nas próximas décadas.

[crowdsignal rating=8915070]

Isso é obrigatório.
Isso é obrigatório.

Atenção ao transporte coletivo em momento de crise mundial

A superlotação de ônibus em meio à quarentena é motivo de preocupação da sociedade brasileira

Cada vez menos pessoas estão usando ônibus como meio de transporte no Brasil. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 39% dos brasileiros estão insatisfeitos com o transporte público, sendo a Região Sudeste com opiniões mais negativas. O levantamento fornece subsídios para o avanço de políticas públicas, com atenção à inadequação da priorização do transporte individual em detrimento do transporte coletivo, de acordo com o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.

A insatisfação para com o transporte agrava durante situação de pandemia atual. Diante da adoção do home office de apenas 43% de empresas brasileiras, da flexibilização da quarentena proposta em alguns estados e cidades do país e da retomada das atividades econômicas, passageiros enfrentam lotação no ônibus. A reabertura de empresas e comércios, principalmente os que não se caracterizam como serviço essencial, é considerada pelos cidadãos como falta de preocupação dos governos com a sociedade. 

Cerca de 25% dos brasileiros utilizam o ônibus como meio de transporte para o trabalho ou escola, havendo então, principalmente nesse período, uma superlotação nos referidos meios de locomoção devido ao desequilíbrio entre oferta e demanda. O setor de transporte coletivo normalmente transporta 45 milhões de passageiros/dia. Hoje, segundo o Google, o Brasil teve redução de 34% na frequência a locais de trabalho, 66% seguem trabalhando. Já a queda no transporte coletivo é de 52%, ou seja, mais de um terço da população segue utilizando o meio. Com a redução da oferta, muitos enfrentam lotação, fazendo com que o distanciamento proposto como medida de segurança chegue a ser infactível. 

“Pego [ônibus] todos os dias às 6:15h e está sempre lotado. Não se você deixa pra ir em outro chego atrasada no trabalho. Então o jeito é ir nesse lotado mesmo”.

Aline Brandão, em comentário no Facebook.

A preocupação é notória. No Brasil, o estado com mais infectados pela Covid-19 é São Paulo, com 22% de casos confirmados, e sua curva de contágio apresenta uma tendência de aumento. Na quinta-feira (28), o estado bateu recorde de registros de infectados num período de apenas 24 horas, com 6.382 novos casos. O número foi alcançado um dia depois do governador João Doria (PSDB) anunciar um plano de reabertura de atividades não essenciais, chamado por ele de “retomada consciente”.

A aglomeração em estados como Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro são preocupantes. Em Minas Gerais, o governo baixou um decreto para que a capacidade máxima dos ônibus nesse período passasse a ser o limite de passageiros sentados, no entanto, a determinação não está sendo seguida nos horários de pico. Em São Paulo, a frota precisou ser reajustada, hoje há mais de quatro mil ônibus rodando, porém, os metrôs continuam superlotados. Já a prefeitura do Rio de Janeiro pôs em prática medidas para tentar fazer com que os trabalhadores saiam de casa em horários diferentes, mas o que se viu na prática foram cenas de dias normais.

“É um absurdo. Todos os dias têm sido assim, eu entro nos ônibus morrendo de medo de pegar o vírus. As pessoas não respeitam, nem todas usam máscaras e todos ficam aglomerados”.

Passageira Lilian Deisi Brustolin, para o G1.

Em relação à obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção, a preocupação ultrapassa o contágio do vírus. O transporte público tem se tornado alvo de assaltos durante a pandemia e até a proibição da entrada de passageiros sem o uso de máscaras passou a ser motivo de brigas e desentendimentos durante viagens. Além disso, a sociedade se questiona a respeito da locomoção de pessoas com suspeita ao novo coronavírus. Grande parte da população que utiliza o ônibus são de classe média a baixa, e apresentando sintomas iniciais à doença, não há internação imediata, sendo aconselhados à repousar em suas próprias casas, se locomovendo novamente através do transporte coletivo. A questão que fica é: a quarentena começa somente ao chegar em casa?

O Instituto de Saúde Global apontou em 2018 que as pessoas que usavam o metrô regularmente eram mais propensas a apresentar sintomas semelhantes aos da gripe. A pesquisa ainda mostrou que, quando os habitantes são obrigados a mudar de linha uma ou mais vezes, as chances de apresentarem sintomas parecidos à influenza são mais altas quando em comparação com os passageiros que chegam ao seu destino por uma viagem direta. Enquanto que, para o transporte relativamente vazio, os riscos mudam.

Recentemente, a empresa Marcopolo realizou um estudo sobre a renovação de ar no transporte público como forma de combate à disseminação de Covid-19.

“No momento delicado no qual nos encontramos, existe apreensão quanto a possibilidade de contaminação através de vias aéreas causadas por agentes patológicos, como vírus e bactérias, principalmente em ambientes fechados. Os estudos demonstram que a capacidade de renovação de ar dos dispositivos de ar-condicionado em ônibus, aliada à medidas de segurança como o distanciamento necessário, uso de máscaras e a correta higienização dos veículos e dos sistemas de climatização, é uma importante aliada na prevenção de doenças virais, como é o caso da Covid-19”.

Luciano Resner, diretor de Engenharia da Marcopolo, para a Unibus RN.

Uma equipe com mais de 100 pessoas de todas as regiões do mundo têm sistematizado as respostas de políticas públicas que os governos assumiram para enfrentar o novo coronavírus. As informações coletadas estão agrupadas em 17 indicadores que buscam medir três eixos principais: i) medidas de contenção e fechamento; ii) políticas econômicas; e iii) políticas no sistema de saúde. Com base nesses indicadores, é calculado um índice de rigor o qual fornece uma idéia do número de políticas governamentais e o quão rigorosas elas são. Ele não mede a eficácia das respostas do estado à pandemia, mas as informações fornecidas são essenciais para que os tomadores de decisão locais possam calibrar e melhorar suas ações baseando-se em evidências.

O estudo indica a necessidade de comparar medidas eficientes de estados com características semelhantes, principalmente relacionadas à fragilidade do estado, capacidades, PIB, área territorial e índice da população. A partir do estudo (ainda prévio), ressalta-se que não existe uma solução ou fórmula única para enfrentar os enormes desafios que o Brasil e muitos outros países ainda irão passar. As experiências de outros países não podem ser copiadas, mas devem ser adaptadas para que sua implementação atenda às necessidades e capacidades de cada local.

[crowdsignal rating=8915070]

Reforma de ruas e ciclovias: uma proposta para o distanciamento social e o pós-pandemia

Estamos vivendo uma oportunidade de construir cidades inteligentes e sustentáveis em momento de quarentena

A atual conjuntura está levando a sociedade a um novo patamar de convívio social, interferindo na mobilidade urbana. Aliada à preocupação já existente sobre acidentes de trânsito, mesmo com a atual queda no tráfego de veículos, as ruas não se tornarão inerentemente mais seguras no pós-pandemia, assim, o momento de isolamento social atrelado à diminuição de tráfego faz com que a realização de obras nas vias públicas se torne possível. 

Em 2018, a participação dos veículos no trânsito da grande São Paulo (nos horários de pico em dias úteis), era composta por cerca de 80% automóveis e 15% motocicletas, seguido por ônibus (3%), caminhão (1,5%) e bicicletas (0,9%). A partir do cruzamento de dados de acidentes fatais, automóveis e motocicletas envolveram-se em 75,6% do total de acidentes.

Logo, com o foco em melhorar a segurança e a qualidade de vida dos cidadãos, o desenho estratégico de ruas, calçadas e ciclovias é essencial. Em primeiro lugar, podemos pensar na reforma das vias públicas para auxiliar no distanciamento social de um metro e meio recomendado e a fim de evitar a sobrecarga do sistema de saúde, numa proposta de diminuição do espaço de carros para aumento da largura de calçadas.

Em segundo lugar, pensando no pós-pandemia, tornamos as cidades mais amigáveis, com incentivo à caminhadas e ciclismo, podemos reduzir o número de pessoas que precisam ir ao pronto-socorro por conta de um acidente na rua. 

Tornando-se necessária a reestruturação das ruas, estudo realizado pela WRI Brasil mostra que, para cada 1% de mudança voltada para uma cidade mais compacta e conectada, a taxa de morte no trânsito diminui 1,5%, e as taxas de mortalidade de pedestres diminuem de 1,5 a 3,6%, fazendo com que o desenho das ruas contribua na melhoria da segurança e qualidade de vida dos cidadãos.

Exemplos de reestruturação ocorrem Brasil afora. Em Nova York, as autoridades implementaram projeto piloto para mudança no trânsito a fim de oferecer mais espaço aos pedestres, interditando ruas, o que não deu certo por questões de baixa aderência. Enquanto que Bogotá apresentou uma alternativa permanente a partir da reorganização de espaços públicos em uma ação rápida e benéfica. Outro projeto permanente é a criação de superquarteirões em Barcelona, dando prioridade total à pedestres e ciclistas.

A qualidade do ar é outro ponto a favor da redução de espaço dos carros. Imagens de satélite que detectam emissões de carbono provenientes do tráfego de carros e caminhões mostraram enormes quedas nas principais cidades como Nova York, Los Angeles e Seattle neste período de quarentena. Logo, reduzir o espaço de carros particulares pode ajudar também na diminuição de emissões de carbono no futuro.

Considerando também a dificuldade de grandes cidades em controlar aglomerações, a reestruturação de ruas com maiores dimensões e a construção de uma rede de ciclovias protegidas poderia auxiliar no distanciamento social. A partir das reformas, o deslocamento de moradores, especialmente aqueles sob as regras de isolamento, seria facilitado.

Atrelado à isso, outros hábitos pessoais relacionados ao trabalho e à interação social foram alterados, o que representa mudanças políticas e sociais que refletem na economia. Logo, esse momento pode se tornar uma oportunidade exclusiva de pensar sobre o design e planejamento urbano, podendo contribuir para a construção de cidades inteligentes e sustentáveis.

[crowdsignal rating=8915070]

Isso é obrigatório.
Isso é obrigatório.